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Um levantamento da
ONG Todos Pela Educação (TPE) apontou que mais da metade dos
jovens brasileiros (54,3%) não conseguem concluir o Ensino Médio
até os 19 anos, idade considerada adequada para o término
da etapa final da Educação Básica. O estudo foi divulgado nesta
segunda-feira (8), com base nos resultados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílio (Pnad) 2013, divulgada em setembro.
O percentual está
bem aquém do que previa a meta estipulada pela entidade. De
acordo com o TPE, o índice era para ter chegado a 63,7% em 2013
com previsão de atingir os 90% em 2022. |
"Os números são preocupantes. Quando você considera 19 anos de
idade para conclusão, já está admitindo dois anos de defasagem,
porque ele pode ter entrado mais tarde na escola ou tido algum
tipo de dificuldade", explica Ricardo Falzetta, gerente de
conteúdo da ONG Todos pela Educação. "Mais do que isso de
atraso, o próprio estudante já começa a internacionalizar um
fracasso. Ele pensa que o problema é dele e não do sistema
escolar. A consequência natural é a evasão."
Para Falzetta, além dos problemas já conhecidos do Ensino Médio
brasileiro – como a falta de um currículo que atenda às
expectativas e interesses do jovem – uma das explicações para
esse cenário é a baixa qualidade dos anos finais do ensino
fundamental. "Esse adolescente começa a não ver sentido nesse
modelo de escola que não cria uma conexão com o mundo dele. Como
consequência, ele é reprovado, fica desestimulado e acaba por
abandonar tudo."
POBRES, NEGROS E MORADORES DE ÁREA RURAL
- A partir de recortes sociais, a análise dos números da
pesquisa reflete bem as disparidades do País. Entre os jovens
brancos, 65,2% concluíram o ensino médio até os 19 anos. Na
população negra, o porcentual cai para 45%.
Em relação à renda, somente 32,4% dos mais pobres concluíram
essa etapa de ensino no limite indicado. O número sobe para
83,3% entre os mais ricos.
Em relação à localidade, os dados mostram, ainda, que nas áreas
rurais, o percentual de alunos que concluem o Ensino Médio até
os 19 anos é de 35,1%, bem inferior ao das áreas urbanas: 57,6%.
"O recorte mostra como a desigualdade é uma herança histórica do
Brasil. E o estudo mostra que esse atendimento diferenciado e
que discrimina acontece mesmo nos Estados mais ricos, mesmo
dentro de uma mesma escola. É inadmissível que, em pleno século
XXI, duas crianças sejam tratadas de forma diferente", conclui
Falzetta.
Em relação à renda, entre os 25% mais ricos, 83,3% terminam o
ensino médio. Já entre os 25% mais pobres, este índice cai para
32,4%. As desigualdades na educação são apenas uma das feições
da desigualdade da sociedade.
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