usaram os documentos dela e simularam sua
morte para conseguir o dinheiro de cinco apólices de quatro seguradoras. O líder
do esquema é um ex-agente funerário de 47 anos, que contou com a ajuda do genro,
um corretor de seguros de 25, e sua filha, uma dona de casa de 24 anos, que
seria a beneficiária dos seguros.
Um médico que prestava serviços em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de
São Carlos teria expedido a falsa declaração de óbito oficial. Ele é genro do
ex-agente. Eles devem ser ouvidos pela polícia nos próximos dias. A defesa dele
afirmou que não houve dano financeiro e que os envolvidos estão empenhados em
esclarecer o caso.
[Veja
abaixo o posicionamento].
Corpo não foi encontrado em caixão exumado nesta terça em São Carlos. Dentro da
urna funerária havia apenas um bolco de concreto e uma almofada com serragem.
FALSO SEPUTAMENTO
- Segundo a apuração da polícia, em junho do ano passado, o ex-agente
funerário conheceu Cristiane, que é de Matão e vivia em situação de rua.
Ele prometeu ajudá-la e a levou até o Poupatempo para fazer RG e outros
documentos.
“Ele não prometeu nada, só
falou que iria guardar os documentos. Fui ao Poupatempo, tirei fotos
para o Cic e o RG. Depois que saí de lá, nunca mais vi ele”, contou a
mulher à reportagem da EPTV, afiliada Globo.
Cristiane disse que soube
da fraude quando um investigador da polícia foi à casa do ex-marido
dela. “Ele falou: sabia que você foi enterrada? Fiquei surpresa porque
eu ‘estou morta’, mas abriram o caixão e viram que não estou”, lembrou.
APÓLICES
- Em outubro de 2016, o ex corretor de seguros que fazia parte do grupo,
adquiriu em nome de Cristiane, cinco apólices de seguros de vida,
montadas através de uma empresa instalada em
Descalvado, cujos seguros
foram firmados através de cinco operadoras. Nas apólices a beneficiária
seria a filha do ex-agente.
Em janeiro deste ano, o
ex-agente teria convencido o médico a fornecer a falsa declaração de
óbito de Cristiane, que apontava morte súbita como a causa da morte. O
endereço do ex-agente foi colocado como sendo da residência da mulher
declarada morta.
Com o atestado de óbito e
documentação, o ex-agente funerário preparou um caixão, que foi lacrado,
e fez o enterro no cemitério Nossa Senhora do Carmo. Ele ainda fez o
pagamento dos custos do serviço e pagou pelo R$ 1.548,18 pelo túmulo.
DESCOBERTA DA FRAUDE
- Após denúncias, a Polícia Civil começou a investigar o caso. Os
envolvidos souberam da apuração e desistiram de entrar com o pedido do
pagamento do seguro. Os policiais localizaram a mulher que contou sobre
o envolvimento com o ex-agente funerário.
A advogada de Cristiane,
Sandra Nucci, disse que a cliente confiou nos envolvidos e entregou, de
boa fé, os documentos, já que um deles teria dito que iria atualizar a
documentação dela.
O caso foi enviado ao
Ministério Público |
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Estadual (MPE) e a
Justiça autorizou a exumação do caixão nesta terça. O delegado
Walkmar da Silva Negré deve ouvir o ex-agente funerário, sua
filha, o genro e o médico nos próximos dias. Eles podem ser
indiciados pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica e
associação criminosa. |
DEFESA DOS ENVOLVIDOS
- O advogado de defesa dos envolvidos, João Carlos Cazu, disse que não
houve dano financeiro a nenhuma empresa.
"O que está sendo feito é
uma diligência que vai acabar instruindo o inquérito policial. Eu não
posso dar detalhes de mais nada porque o inquérito está na fase de
investigação, ainda está em uma fase probatória, muitas peças ainda vão
precisar ser juntadas neste inquérito e o importante é que todos os
envolvidos estão plenamente empenhados em esclarecer isso da melhor
forma possível”, disse.
SEGURADORAS, FUNERÁRIA E
MÉDICO - As
quatro seguradoras ainda estão levantando a existência das apólices. O
dono da funerária contou que estava viajando quando tudo aconteceu e que
o funcionário envolvido pediu demissão pouco depois.
A Prefeitura de São Carlos
disse que o médico que assinou o atestado de óbito não trabalha mais na
UPA.
*Fontes: G1/São Carlos
e Portal Segs.com.br (Fotos: Reginaldo dos Santos e Fábio Rodrigues)
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