As mais de 20 câmeras de monitoramento instaladas em 2013, em Descalvado, até
hoje nunca funcionaram. Os equipamentos poderiam evitar crimes, que aumentaram
122% no primeiro quadrimeste deste ano em relação ao mesmo período de 2016,
saltando de 9 para 20 registros, segundo a Secretaria de Segurança Pública
(SSP). A prefeitura espera que elas estejam em funcionamento em até 4 meses.
SISTEMA NUNCA FUNCIONOU
- As câmeras foram espalhadas pela cidade em pontos de maior movimento, como o
centro, em setembro de 2013, mas o sistema nunca chegou a funcionar.
Uma licitação foi
feita em 2012, e o sistema foi orçado em cerca de R$ 1,5
milhão. A maior parte já foi paga pelo município. Contudo a
gestão da época questionou que as câmeras estavam fora do padrão
descrito no edital.
Em 2014, a pedido
da prefeitura, o Ministério Público entrou com uma ação civil
pública. Os equipamentos já haviam sido instalados, mas ainda
era necessário o sistema operacional. Mais tarde o processo foi
suspenso e as câmeras ficaram sem funcionar. A prefeitura parou
de pagar quando faltavam ainda R$ 168 mil. |
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MORADORES E COMERCIANTES PEDEM SEGURANÇA
- A dona de casa Ana Carolina de Oliveira acredita que as câmeras
inibiriam os crimes. “Eu acho que ajudaria porque está tendo muito
assalto. Então se já está instalado deveria estar funcionando. Não
deveria nem ter instalado se não fosse para funcionar”.
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A comerciante
Leonice Zago é dona de uma sorveteria que faz parte da
estatística de assaltos, sendo sete vezes em apenas cinco anos.
O último foi em março deste ano.
“O indivíduo estava
com uma sombrinha, porque estava chovendo nesse dia, e tampando
a cara para as câmeras não pegarem o rosto ele encostou no
balcão, mostrou uma faca para a nossa funcionária, falou que era
um assalto, pegou o dinheiro e saiu”, contou Leonice.
Segundo ela, o que
mais incomoda é que uma das câmeras de monitoramento da cidade
fica a poucos metros do estabelecimento.
“Nunca ter funcionado chega
a ser ridículo, porque foi gasto |
um dinheiro e não foi pouco. Foi muito
dinheiro público do município inclusive, não foi do estado. Então acho
que a população merece esse retorno”, disse ela.
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O comerciante
Carlos Traldi é dono de um supermercado e também já foi vítima
de ladrões. “Vejo os meus amigos, os outros comerciantes, lojas,
todo mundo fechando, colocando grade, não tem mais liberdade
nenhuma para a gente estar ficando a vontade. A gente fica refém
do bandido, alguma coisa tem que ser feita. Tem que se procurar
todas as armas que a gente tem. Essas câmeras são uma boa
oportunidade”.
PREFEITURA EXPLICA
SITUAÇÃO
- O atual prefeito de Descalvado, Antônio Carlos Reschini (PR),
explica que as câmeras entrarão em funcionamento em breve. No
início deste mês, o município fez um acordo com a empresa e com
o MP para a troca dos equipamentos e para estruturar a rede de
comunicação. |
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“Em dez vezes para pagar e
em um prazo de quatro meses para as câmeras estarem em funcionamento.
Vai inibir a entrada de pessoas na cidade sabendo desse monitoramento e
registrando as placas dos veículos que entram e saem da cidade”, disse.
Paulo Guerra, que foi
vice-prefeito de Henrique Fernando do Nascimento, que morreu em dezembro
do ano passado, contou que quando os dois assumiram a gestão do
município, em 1º de janeiro de 2014, constataram as irregularidades das câmeras e
fizeram a denúncia ao MP.
Anderson Sposito, que era
prefeito interino em 2013, disse que apenas fez a compra, já que o
processo de licitação já havia sido aberto. Segundo ele, assim que viu
que as câmeras tinham uma qualidade inferior fez a denúncia.
*Fonte: G1/São Carlos
(Fotos: Marlon Tavoni)
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