“O sódio em excesso pode trazer complicações no controle da pressão logo na
infância. Ele também pode causar sobrecarga nos rins, já que é lá que o
nutriente é filtrado”, afirma a especialista.
De acordo
com ela, um dos grandes problemas de incluir altas
quantias de sódio na alimentação da criança logo cedo,
por meio de salgadinhos, temperos prontos, caldos
concentrados, molhos prontos, sopas industrializadas e o
próprio sal de mesa, entre outros, é a habituação do
paladar a comidas muito salgadas. “Tem criança que mal
completa um ano e já está com o pacote de salgadinhos na
mão. O paladar dela vai sendo calibrado para o salgado,
e sempre que ela ingerir qualquer alimento que não
contenha aquela quantidade de sal, vai reclamar”,
esclarece.
O mesmo
acontece com o açúcar, um dos principais vilões da
alimentação infantil que, muitas vezes, é introduzido na
dieta infantil desde muito cedo. “Algumas mães, quando
trocam a alimentação natural (leite materno) pela
artificial (leite industrializado), colocam açúcar na
mamadeira, o que não deve ser feito. Da mesma forma que
ocorre com o sal, o açúcar em excesso vai acostumar o
paladar do bebê ao gosto muito doce”, orienta a
nutricionista. O açúcar encontrado nos doces, sorvetes,
chocolates e bolos, entre outros, além do próprio açúcar
refinado, é o chamado “carboidrato simples”. Isso
significa que, após ser ingerido, ele é rapidamente
absorvido pela corrente sanguínea, podendo elevar o
nível de glicose no sangue. Portanto, um dos principais
riscos do consumo excessivo deste alimento é a diabetes.
“Se houver, ainda, o aspecto genético na família, a
situação fica bem mais complicada. Junta a
hereditariedade a questões de habito, e a criança pode
apresentar a doença logo na primeira infância, que é o
período entre zero e cinco anos”, alerta a especialista.
Outras consequências do consumo em grande quantidade
incluem obesidade, colesterol alto e o aumento do nível
da triglicérides, além de cáries.
Alguns
estudos também sugerem que o açúcar pode piorar casos de
jovens hiperativos ou com déficit de atenção. “Apesar de
esta relação ainda não ter sido cientificamente
comprovada, quando é detectada hiperatividade na
criança, uma das medidas é, de fato, minimizar a
quantidade de açúcar na dieta”, esclarece.
No caso das
gorduras, são consideradas ruins as de origem animal,
que são formadas basicamente por gorduras saturada e
trans e colesterol. Elas podem ser encontradas em carnes
e laticínios gordos, bem como em grande parte dos
produtos industrializados. Sua ingestão deve ser
controlada, com exceção do leite integral que, apesar de
muito gorduroso, é importante para a absorção do cálcio
no organismo na criança e, portanto, não deve ser
retirado da dieta.
Jeanice
alerta que, apesar de a gordura animal ser a mais
perigosa, as de origem vegetal também podem ser
prejudiciais. “A partir do momento em que você aquece o
azeite ou o óleo de canola, por exemplo, eles perdem
suas propriedades e se transformam em gorduras
saturadas, podendo causar o mesmo dano que a gordura
animal”, orienta.
Se
consumidas em excesso, as gorduras podem causar
complicações para as veias e artérias das crianças, que
passam a apresentar desde muito cedo níveis elevados de
colesterol e triglicérides e, consequentemente, aumento
da pressão arterial. O fígado, órgão onde são
metabolizadas, pode ficar “gorduroso” devido à
sobrecarga, ou seja, passa a ter dificuldade para
metabolizar os outros nutrientes. A longo prazo, as
consequências são muito piores e podem até levar a um
Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Balanceando a dieta
Apesar de
todos os malefícios trazidos por estes alimentos, tanto
o organismo dos pequenos quanto o dos adultos necessita
deles para manter seu equilíbrio e funcionar bem. Por
isso, o sódio, o açúcar e as gorduras não podem ser
totalmente eliminados da alimentação.
“O açúcar,
por exemplo, é muito importante, pois faz parte da
oferta de energia que o corpo necessita. Porém, há
outras fontes de energia”, esclarece a especialista.
Frutas e mel são uma boa alternativa.
“O ideal
não é cortar, e sim controlar a ingestão. As crianças
precisam de todos esses nutrientes, mas em quantidades
pequenas”, explica a nutricionista. “A recomendação para
os pais é dar estes alimentos aos filhos uma vez ou
outra, em uma ocasião especial, e não tornar um hábito
diário de consumo. Procure manter a alimentação o mais
natural possível”, completa.
Quantidades ideais
Segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a recomendação para
o consumo diário de sódio é de, no máximo, dois gramas
por pessoa, o que equivale a uma colher de chá (5g) de
sal de mesa. No entanto, o órgão informa que o consumo
dos brasileiros atualmente é mais que o dobro desta
quantidade: 12 gramas de sal de mesa por dia. No caso do
açúcar e das gorduras, a indicação varia de acordo com a
idade. Para crianças entre sete e 10 anos, o ideal é
consumir, no máximo, 150kcal de açúcar refinado por dia,
o que corresponde a duas colheres de sopa rasas. Para a
mesma faixa etária, o consumo de gorduras deve ser, no
máximo, de 450kcal ao dia, o total contido em 1 e ½
colher de sobremesa de azeite + um pedaço pequeno de
peito de frango sem pele + 1 e ½ copo de leite integral.
*Fonte: Marianna Feiteiro / iTodas |