As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são as principais responsáveis pelo adoecimento e óbito da população no mundo – e hoje, o câncer é classificado como uma DCNT (1). Estima-se que 63% dos óbitos mundiais ocorreram em consequência das doenças crônicas, sendo, desses, 48% para as doenças cardiovasculares, 22% para o câncer. As neoplasias são responsáveis por 8,2 milhões de óbitos por ano no mundo (1,2,3).

Um levantamento feito com exclusividade pelo portal de notícias DESCALVADO NEWS apurou que somente em Descalvado, no período de 10 anos (2006-2016), as mortes causadas por neoplasias aumentaram 72,5%. Os dados foram obtidos por meio de uma pesquisa do Observatório de Oncologia e do setor de Núcleo e Pesquisa da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE). O levantamento demonstra que o câncer é um problema de saúde pública não só no Brasil, mas também em um dos maiores municípios em extensão territorial da região central do Estado de São Paulo.

O levantamento apontou que em 2006, o município registrou um total de 32 mortes por câncer, sendo 22 óbitos masculinos e outros 10 de pessoas do sexo feminino. Em 2016, o número total de mortes por neoplasias saltou para 55, sendo 41 homens e 14 mulheres.

Entre as mulheres descalvadenses, a principal causa de morte por câncer em 2016 foi em decorrência de pacientes que tiveram o registro primário da doença nas regiões dos bronquios e dos pulmões (taxa de 8,52%), seguido de cólon (tumores que acometem um segmento do intestino grosso - o cólon - e o reto), com uma taxa de mortalidade de 7,66%, e de mama (6,55%).

Já entre os homens, as taxas de mortalidade das três localizações primárias mais frequentes em 2016 foram em bronquios e pulmões (34,19%), estômago (31,87%), e fígado e vias biliares intra-hepáticas (19,22%).

Em 2006, a principal causa de morte por câncer entre os descalvadenses, segundo os dados do Observatório de Oncologia, era em decorrência da do registro da doença no estômago de pacientes de ambos os sexos. Já em 2016, o câncer nas regiões dos bronquios e dos pulmões foi a neoplasia que mais causou óbito entre homens e mulheres.

A pesquisa também revelou que as taxas de mortalidade por todas as neoplasias, ajustada por anos e de acordo com a localidade (Descalvado), para um grupo de cada 100.000 homens e mulheres (e de acordo com a população brasileira de 2010), é de 119,8, ante os 95,5 registradas em 2006. Os dados também apontam que, considerando apenas a população masculina no ano de 2016 em Descalvado, a taxa de mortalidade sobre para 175,51, contra 61,97 para a população feminina.

PRIMEIRA CAUSA DE MORTE EM 10% DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS - Uma pesquisa divulgada em abril do ano passado pelo Observatório de Oncologia e pelo movimento Todos Juntos Contra o Câncer, em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), revelou que em 2015, o câncer figurou como principal causa de morte em 516 dos 5.570 municípios brasileiros. O estudo alerta que a doença avança no Brasil ano após ano e, caso a trajetória seja mantida, em pouco mais de uma década as chamadas neoplasias serão responsáveis pela maioria dos óbitos em todo o país.

Os dados mostram que a maior parte das cidades brasileiras onde o câncer aparece como principal causa de morte está localizada em regiões mais desenvolvidas, justamente onde a expectativa de vida e o Índice de Desenvolvimento Humanos são maiores. Dos 516 municípios onde os tumores mais matam, 80% ficam no Sul (275) e Sudeste (140), enquanto o Nordeste concentra 9% dessas localidades (48); o Centro-Oeste, 7% (34); e o Norte, 4% (19).

Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que, em todo o planeta, o câncer é responsável por 8,2 milhões de mortes todos os anos. Cerca de 14 milhões de novos casos são registrados anualmente e a previsão da entidade é que as noticações devam subir até 70% nas próximas duas décadas.