Dada a polêmica dos últimos dias a cerca das questões que envolvem a qualidade da água distribuída para a população da cidade, o Jornal Folha de Descalvado realizou uma visita às instalações da SEMARH onde pudemos colher algumas informações importantes sobre o assunto. Em que pese os laudos apresentados, tanto por munícipe quanto pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, que focaram nas questões de presença de coliformes fecais, e, portanto, da potabilidade da água, é nítido que em algumas regiões a turbidez é característica presente, e vem assustando grande parte da população.

Além de muitas reclamações populares, na Câmara Municipal também o assunto foi recorrente, com posicionamentos da maioria dos vereadores, em especial da Presidente Vanisse Gonçalves, que formalmente emitiu um requerimento cobrando informações para que esse problema tenha solução. Em resposta, a SEMARH encaminhou ofício, do qual extraímos alguns trechos que podem elucidar parte do problema. Acompanhe abaixo:

“Em nosso controle, temos casos recorrentes de água mais turva, por e tratarem de pontas de rede, onde há naturalmente o acúmulo de sujidade após as paralisações para manutenção de vazamentos.” O documento emitido pela secretaria, portanto, admite a existência de casos recorrentes e pontuais da turbidez da água, restando verificar o quanto a constância dessa ocorrência tem prejudicado o consumo e utilização desse recurso natural por parte dos moradores que reclamam uma providência.

Mas isso pode não ser o maior problema, dado outro trecho do documento e que chama a atenção por transparecer ser de maior complexidade: “O motivo pelo qual ocorre essa alteração na qualidade da água, em sua maioria, é devido a constituição de nossas redes serem de ferro fundido em grande parte da cidade, principalmente na parte mais antiga e central da cidade e nas redes de saída da ETA. Esse material ocorre uma maior oxidação e quando ocorre alguma paralisação na distribuição, o material oxidado na parede interna da rede é desprendido, e, uma vez liberado, acaba saindo nas ligações prediais.”

Fica claro, portanto, que está sendo relatado um problema de infra-estrutura de distribuição, lembrando que na edição passada do Folha de Descalvado,abordamos as fases do processo, que se dividem, em linhas gerais, em Captação, Tratamento e Distribuição. Agora, é preciso ter a correta identificação das causas dos problemas relatados para que a solução seja certeira.

As soluções apresentadas dão conta da complementação de areia nas 6 unidades de filtração, da substituição dos registros dos 6 filtros,da retirada do material existente de 3 filtros e aquisições de material novo após as manutenções necessárias.No mais longo prazo, tratamos da implantação do 7º filtro através da obra cujo recurso virá do programa Novo PAC do Governo Federal. Todos esses investimentos direcionados para a fase de tratamento da água.

A se comprovar que grande parte do problema está no atual estado da rede de distribuição, portanto, “no trajeto” da água desde a Estação de Tratamento até as residências, corremos o risco de amenizarmos os problemas, mas não resolvê-los por completo.

Nesse cenário relatado pela SEMARH, a situação se complica muito dado o volume de investimento necessário para a troca da rede deteriorada e apontada como uma das causas para a alteração da qualidade da água. Não só recursos financeiros, mas os trans-tornos para troca de rede são inúmeros: abertura de ruas, interdições de passagens, interrupções nos fornecimentos, dentre outros. 

De qualquer maneira, um grande desafio a ser enfrentado e que deverá passar por criteriosa avaliação, não só da atual gestão municipal como também por parte da população. A pergunta que fica é: Será que todo mundo está disposto a enfrentar este desafio? 

O certo é que não poderemos continuar na situação atual, com qualidade duvidosa de um recurso tão precioso como a água. É hora de equacionar recursos financeiros, buscar conhecimento e aprimoramento técnico, e acima de tudo, envolver a população na busca de uma solução para o problema.

Esses são apenas alguns exemplos para que o enfrentamento do problema envolvendo a qualidade da água distribuída no município de Descalvado possa ser realmente visto como uma boa gestão daqueles que hoje tem a responsabilidade de administrar a cidade.
 

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