A participação do pequeno traficante, que vende algumas porções
de droga para sustentar o próprio vício, é um dos motivos para o
aumento do número de apreensões. Segundo dados da Polícia
Militar, em São Carlos, foram 166 apreensões, em 2011. No ano
passado, 222 e, nos três primeiros meses de 2013, foram 72
casos. A expectativa da polícia é que, se continuar nesse ritmo,
até o final do ano, este número chegue a 290 apreensões.
Em Rio Claro, foram
105 apreensões, em 2011, e 424 no ano passado. No primeiro
trimestre deste ano, o município teve 51 ocorrências. O número
de apreensões em Araraquara neste ano já chega a 377.
Lei -
Para Edmundo Ferreira Gomes, delegado da Delegacia de Investigações Sobre
Entorpecentes (Dise), de São Carlos (SP), a lei aprovada em 2006, que
transformou o porte de drogas em crime de menor potencial ofensivo, facilitou a
atuação dos traficantes e dificulta a ação da polícia.
“Indiretamente, eu penso que isso favoreceu o microtráfico, que é uma das bases
da traficância hoje, ou seja, o grande traficante usa de funcionários, operários
do tráfico, para poder expandir o seu comércio ilícito. Hoje tem uma grande
incidência em cidade menor”, afirmou o delegado.
Vício -
O serralheiro Wagner Lima Bruno é ex-dependente e atua como conselheiro
terapêutico em uma clínica de recuperação em Descalvado. Diariamente, ele escuta
histórias sobre o vício e acredita que, nos dias de hoje, é mais fácil entrar no
mundo das drogas.
“Para você chegar até a droga você tinha que ir até uma pessoa específica ou
pedir para uma pessoa mais velha, que tivesse mais conhecimento no caso e
pudesse chegar a um traficante. Hoje está muito diferente. A pena de tráfico
está mais pesada, então os menores estão agindo”, contou Bruno.
A estudante universitária Ana Luiza Vergílio tem amigos dependentes. Um deles
morreu aos 21 anos por conta do vício. “Ele começou do estágio mais baixo e
depois foi para o mais alto, que era o crack. Hoje, a família dele está no chão,
não acredita que ele faleceu por causa do uso das drogas. Não escolhe classe
social, pode ser em uma mais baixa ou em uma mais alta”, disse Ana.
Perfil de usuários
-
Segundo Márcio William Servino, presidente do Conselho Municipal de Políticas
Sorbre Drogas (Comad), os jovens são os maiores consumidores de drogas. "É um
grupo extremamente vulnerável, os números evidenciam isso e o Comad tem
acompanhado esse aumento, tanto de uso, como de busca por tratamento", contou.
De acordo com levantamento do Comad, entre as drogas lícitas, o álcool é a mais
consumida, enquanto entre as ilícitas, o crack é mais usado. "A droga causa
efeitos neurológicos fortíssimos no organismo do indivíduo, gera uma dependência
extremamente rápida, principalmente nos adolescentes, que tem o sistema cerebral
em formação até os 21 anos. A droga destrói, rapidamente, toda e qualquer
formação e os princípios morais também acabam sendo corrompidos", alertou
Servino.
*Fonte: G1/São Carlos |