A manicure Nayara Patracão com a família, em foto de arquivo
(Foto: Mara Francischini/Arquivo pessoal) |
A filha da manicure Nayara Patracão, que
morreu em fevereiro deste ano após
ficar um mês em coma por complicações em uma lipoaspiração, pediu um telescópio
de presente à avó porque queria ver a mãe mais de perto. “Eu falei para a Luane
que a mãe tinha morrido e virou uma estrelinha, então ela fez esse pedido”,
contou a cabeleireira de 40 anos Mara Francischini, mãe de Nayara, que
atualmente cuida da neta. Luane Victória ainda não tinha completado 5 anos quando a mãe decidiu fazer a
lipoaspiração, em Descalvado. Nayara ficou um mês em coma e chegou a ter
diagnóstico de morte cerebral, mas posteriormente o hospital informou que 1% do
cérebro ainda estava ativo. A jovem de 24 anos teve uma parada
cardiorrespiratória na Casa de Saúde de São Carlos, no dia 7 de fevereiro. |
Hoje, Luane mora com a avó, com quem viveu até os 2 anos, em São Carlos. “Ela é
minha alegria e aos poucos tem que entender que embora eu não vá substituir
nunca sua mãe, vou cuidar dela para sempre”, falou Mara.
Nas atividades da escola, a avó é quem representa a mãe. “As datas comemorativas
são mais difíceis. Na quinta-feira teve a missa das mães e eu fui representando.
Foram dias mais tristes, em que a gente lembra mais e a dor aperta”, revelou
Mara.
Causa -
Para a mãe de Nayara, a causa da morte da filha já não faz mais diferença. “Eu
não quero nem saber o que aconteceu. Se eu ficar pensando que foi erro médico,
eu não vou mais viver. Então eu quero acreditar que foi destino, vontade de
Deus, se não eu vou ficar atrás disso e esquecer das crianças, porque vou
alimentar um sentimento de ódio. E hoje, o que elas mais precisam é de amor”,
justificou Mara.
Para ela, os dias têm reforçado a saudade. “O tempo passa e você vê que acabou
mesmo, que ela não vai voltar mais. E a saudade é muito grande, porque a Nayara
era muito companheira. Ela me ligava todo dia, nas festas de final de ano ficava
comigo, ela era muito presente”, lembrou a mãe.
Alegria -
A avó paterna de Nayara, Geralda Benedicta Teixeira Pinto Patracão, de 66 anos,
confirmou o jeito alegre da neta. “Ela passava aqui duas ou três vezes no dia,
às vezes nem entrava, ela só gritava ‘oh, vó’, mas já era o suficiente para
alegar o meu dia”, contou Geralda, que almoçava com a neta todos os dias.
Segundo ela, o prato preferido de Nayara era pizza de sardinha. “Ela gostava
também de batata recheada, que ela mesma aprendeu a fazer e me ensinou. Mas
depois que ela morreu, não fiz mais nenhum desses pratos, ela não está aqui para
comer, não tem graça”, lamentou Geralda.
Guarda -
A decisão sobre a guarda de Luane ainda não foi proferida pelo juiz. “Mas eu
acho que ela vai ficar comigo, porque eu que sempre criei e cuidei dela”, falou
Mara. Já a guarda do filho caçula de Nayara, Kauê Henrique, de 1 ano, é do pai
do menino, que mora em Descalvado com
dona Geralda., já que os pais dele são do Ceará.
É ela quem fica a maior parte do tempo com o menino. “Ele é o meu sustento para
superar a tristeza, é minha alegria”, falou.
Desafio -
Antes era a Nayara que fazia todos os exames neles, agora temos que começar a
acompanhar. É estruturar essas crianças para suprir a falta da mãe”, falou Mara.
O Dia das Mães não será o mesmo. Mas o desafio de suprir a ausência na vida
dessas crianças motiva e fortalece a avó e a bisavó das crianças. “Não tem
felicidade maior do que cuidar de um bisneto. Eu não dou conta sozinha, mas
tenho minha filha que me ajuda e assim a alegria é imensa”, afirmou Geralda.
“Daqui para frente é estruturar essas crianças. Eu quero que elas saibam que não
têm a mãe, mas que eu sempre estarei aqui. Elas sempre vão receber muito amor e
carinho”, finalizou Mara.
Fonte: G1/São Carlos |