No valor de R$ 5
milhões já estão contabilizados os cerca de R$ 1.500.000,00 (um
milhão e quinhentos mil reais) de empenhos cancelados no final
do ano passado pela gestão
de Sposito. Tratam-se os empenhos de um ato que cria para o
município a obrigação de pagamento pendente, o que significa
dizer que o ex-interino ordenou para que fossem cancelados
pagamentos por serviços já feitos ou em fase de execução,
despesas já contraídas.
Para solucionar
esta situação, de acordo com Geraldo de Campos no momento a
Secretaria de Finanças não está recepcionando a mercadoria
proveniente dos empenhos cancelados – o que não significa que a
empresa não irá receber. “A empresa chega aqui com a nota de um
empenho cancelado e então encaminhamos para a Procuradoria
Jurídica para analisar caso a caso. Se a despesa obtiver parecer
favorável, então solicitamos à Secretaria competente para que
faça o reempenho para prosseguirmos com o pagamento”, explicou o
Secretário de Finanças.
Mas o fato é que,
para se cancelar um empenho é preciso apresentar justificativas.
Nenhum deles que geraram os R$ 1.500.000,00 em cancelamentos,
estão acompanhados das devidas explicações. "Estou |
Na
solenidade de posse em 1º de janeiro deste ano, o
ex-prefeito interino Anderson Ap. Sposito afirmara que
havia deixado os cofres municipais com R$ 1,3 milhões em
caixa |
solicitando
aos setores que tiveram empenhos cancelados que
localizem nos seus departamentos, as justificativas, mas
até agora, em nenhum deles consta essa regra”, completou
Geraldo. |
PROBLEMA MUITO
MAIOR –
além da dívida em si configurar complicações para o planejamento
do início do mandato do novo prefeito municipal, a administração
tem pela frente um problema ainda maior que diz respeito à
compensações de tributos previdenciários, que vinham sendo
feitos desde novembro de 2012 e que se estendeu por todo o ano
de 2013.
Em meados de 2012,
a Prefeitura firmou contrato com o escritório de advocacia
Castelucci & Figueiredo Ltda, no valor de R$ 1,1 milhão para
consultoria e assessoria tributária. O trabalho da empresa se
traduz na recuperação de créditos para o município através da
compensação de tributos previdenciários incidentes sobre a folha
de pagamento. Para um melhor entendimento, o que a Castelucci
faz é após se ter o conhecimento do valor a ser pago para o
INSS em tributos, ela reduz consideravelmente o que tem que ser
recolhido, ou seja, a Prefeitura deixa de repassar para a
Receita Federal, valores de tributos incidentes sobre a folha de
pagamento.
O lucro da
Castelucci se dá em porcentagens que variam entre 10, 20 e 30%
sobre o valor do desconto e o da Prefeitura, é o dinheiro
retido, que permanece nos cofres públicos.
Acontece que esse
contrato com a Castelucci foi questionado junto ao Ministério
Público e foi alvo de uma Ação Popular. Por força de uma liminar
na justiça, a Castelucci conseguiu dar seguimento ao seu
trabalho de consultoria e, nos últimos meses tem recebido
valores vultuosos.
Acontece que a
partir de janeiro deste ano, a atual administração resolveu
suspender os pagamentos à Castelucci e a compensação de
dezembro que é feita em janeiro (somente no mês de dezembro, a
contribuição previdenciária da Prefeitura correspondente aos
1.208 funcionários, chegou a R$ 722 mil), até que planilhas e
documentações sejam apresentadas pela empresa, que comprovem a
exatidão dos números, principalmente dos descontos a que ela
chegou para a retenção dos tributos.
“Nós solicitamos à
Castelucci que nos apresente a planilha de quais tributos ela
conseguiu reduzir e com chegou aos valores dos descontos,
porque, embora pagamentos tenham sido feitos, não há nada que
comprove ou justifique os valores das operações. Simplesmente se
apurava o imposto, mandava para eles o valor via GPS, que é Guia
de Previdência Social e eles mandavam de volta para compensar X
valor, e apenas isso. Nós queremos saber como é que eles
chegaram a esse valor, quais foram os tributos, mas até agora,
não obtivemos respostas”, explicou o Secretário de Finanças.
Há ainda a questão
da liminar que, como é de conhecimento geral, pode ser derrubada
a qualquer momento, o que faria com que a Prefeitura devolvesse
para a Receita, tudo o que foi descontando nos últimos 14 meses.
“Nós queremos saber
se essa operação é legal, se tem embasamento jurídico, se há
liberação na Receita Federal, porque a Castelucci estava agindo
por força de uma liminar”, acrescentou.
SEM
DOTAÇÃO PARA O CARTÃO ALIMENTAÇÃO
– as dificuldades na Secretaria de Finanças são tamanhas, que
nem mesmo dotação orçamentária para o pagamento do Cartão
Alimentação no valor de R$ 100,00 para os 1.208 funcionários,
foi deixada pela administração interina.
Anualmente, o
Cartão Alimentação no valor de R$ 100,00 sai aos cofres públicos
por R$ 1.570.400,00 (um milhão, quinhentos e setenta mil e
quatrocentos reais); porém, no planejamento orçamentário feito
pela administração de Anderson Sposito, a dotação para esse fim
foi prevista em R$ 1.388.200,00 (um milhão, trezentos e oitenta
e oito mil e duzentos reais), ou seja, insuficiente.
“Para
regularizarmos a questão do Cartão Alimentação, teremos que
encaminhar um projeto de suplementação para a Câmara, porque a
dotação é insuficiente”, destacou Geraldo.
O aumento de R$
100,00 para R$ 300,00, que tem sido defendido na Câmara pelo
ex-interino, significará um aumento de 300% nas despesas da
Prefeitura, passando de R$ 1.570.400,00 para R$ 4.711.200,00
(quatro milhões, setecentos e onze mil e duzentos reais).
“Um
valor que neste momento, infelizmente a Prefeitura não tem como
suportar. Há a dívida, o comprometimento do orçamento, mas nós
estamos avaliando o que de melhor pode ser feito, em prol do
funcionalismo e também de toda a população descalvadense”.
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