Esta é a primeira
vez que se faz um estudo com o ciclo completo da laranja. Os
trabalhos anteriores foram interrompidos antes da planta dar
frutos ou florescer.
Por medida de
segurança, o local onde as mudas estão plantadas em Ibaté é
mantido em segredo pelos pesquisadores. O presidente do fundo,
Lourival Carmo Monaco, afirma que essa pode ser uma forma
facilitar o fim das pragas no estado. “Nós vamos garantir a
existência da citricultura e aumentar a produtividade, porque
nos interessa que o produtor seja beneficiado e que a sociedade
como um todo tenha os benefícios do desenvolvimento de uma
cultura como essa”, afirmou.
GENE
- Os pesquisadores desativaram um gene da laranja
fazendo com que o cheiro que atrai as mocas, por
exemplo, não seja mais produzido. “O limoneno é uma
substância que a laranjeira tem na parte externa da
fruta, que tem o papel de atrair insetos ou pragas e
mesmo conferir resistência maior às principais doenças.
Na medida que você altera esse metabolismo da fruta ela
tem uma maior tolerância a algumas das doenças da fruta
e menor repelência ou menor atração à praga”, explicou o
gerente de pesquisa e desenvolvimento Juliano Ayres.
A previsão
é de que o estudo de campo dure sete anos e meio e as
laranjeiras devem começar a dar frutos em 2016. Quando
isso acontecer será possível analisar se as plantas
transgênicas são resistentes a fungos e pragas, como a
pinta preta, e que não atraiam a mosca da fruta que
tanto |
Pesquisadores de Araraquara fazem
experimento com a laranja transgênica |
incomodam
os produtores. “O objetivo é ter mais laranjeiras em que
se possa utilizar menos insumos, e com isso ter uma
citricultura mais sustentável ao longo do tempo”,
comentou Ayres. |
Segundo a
Coordenadoria de Defesa Agropecuária, as pragas são responsáveis
por boa parte das plantas eliminadas no estado nos últimos anos.
“Não existe controle depois que o cancro ou o greening se
instalam, são duas bactérias que atacam e depois disso o único
meio de controle é eliminando a planta”, afirmou o diretor da
coordenadoria, Vicente Paulo Martello.
PRODUÇÃO E VANTAGENS
- O número de pés de laranja estão caindo a cada ano. Em 2000, o
estado tinha quase 300 milhões e a produção passou de 350
milhões de caixas de 40 quilos. Já em 2013, os pés em produção
caíram para 170 milhões e foram colhidos cerca de 286 milhões de
caixas.
Acostumados a
lidar com as pragas, os agricultores gostaram das novidades
sobre o experimento. O citricultor Sérgio Spagnolo, de São
Carlos, acredita que a produção deve ficar mais barata. Os
gastos com inseticidas e funcionários que aplicam o produto
representam 30% dos investimentos. O custo para produzir uma
caixa, por exemplo, deve ficar até R$ 4 mais barato. “Uma
mutação que motive a diminuição desse consumo de fungicidas vai
ser melhor tanto para quem compra como para quem produz”,
comentou.
Para o
consumidor, a dúvida é sobre o sabor da laranja, que segundo os
pesquisadores deverá continuar a mesma, inclusive com os mesmo
nutrientes. “Em condições de laboratório pode-se identificar que
o sabor da fruta é o mesmo”, disse o gerente da pesquisa.
SUPOSTOS DANOS
- Outra questão é que grupos de ambientalistas dizem que os
transgênicos causam danos ao meio ambiente. Eles também criticam
o fato de que não está provado que os produtos são seguros para
o consumo humano e animal.
“Existe a
possibilidade de fazer mal tanto para a saúde humana quanto para
o ambiente. Teriam que ser feitas pesquisas de mais longo prazo.
As que são feitas são de curto prazo e não tem como a gente
avaliar exatamente quais os verdadeiros efeitos”, disse a
agrônoma Juliana Ortega Smith.
*Com
informações G1 São Carlos/Araraquara
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