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Viajar a pé por mais 80 mil quilômetros durante 25 anos. Essa é a rotina do
peregrino Antônio Pereira, de 70 anos, para pagar uma promessa que fez para
Nossa Senhora Aparecida quando estava com câncer. Nesta semana, ele está
passando pela região de São Carlos e segue de volta para casa, em Rondônia,
com a sensação de dever cumprido, já que este será o último ano do percurso.
Um caminho cheio de
esperança e agradecimento. O aposentado, que nasceu em Matão, passa a maior parte do tempo caminhando em nome da fé.
"Estava com câncer, deu cegueira, não enxergava mais, aí eu |
fiz uma promessa
para Nossa Senhora Aparecida, sarei, então vou rumo a Aparecida
do Norte durante 24 anos a pé", contou o peregrino Antônio
Pereira.
O INÍCIO DA JORNADA
- Pereira começou a pagar a promessa em janeiro de 1991. Todo
ano ele sai de Porto Velho, capital de Rondônia, onde vive, e
vai a pé até o santuário de Aparecida, no Vale do Paraíba.
O trajeto tem
mais de 3,8 mil quilômetros e ele caminha cerca de 30
quilômetros por dia. São praticamente seis meses pra ir e seis
meses para voltar. "É no mínimo um mês que eu passo em casa. A
família está toda lá em casa. Nós somos em 15 irmãos e sinto
muita saudade da família", disse Pereira.
O aposentado
passou por Descalvado na sexta-feira (6). E cada cidade onde ele vai, a igreja é parada
obrigatória. "Tem que passar na igreja católica, fazer uma
oração, onde tiver a Nossa Senhora Aparecida", garantiu.
Sempre que
possível ele muda a rota e já caminhou até por outros países
como Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, mas o destino final
é sempre o mesmo. "Já gastei mais de 60 pares de tênis",
afirmou.
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SOLIDARIEDADE - Durante a caminhada, ele só leva uma mochila e sempre conta com
a solidariedade dos moradores. "Eu não levo nada, então a doação é do pessoal da
igreja, eu conto com a doação do pessoal, ajuda do comércio que a gente passa.
Então é assim que eu caminho", afirmou Pereira.
A
comerciante Cristina Segatto faz questão de dar um
lanche ao peregrino sempre que ele passa por Descalvado.
"Isso é um dever da gente e ele precisa porque ele está
andando, então ele precisa de um alimento, toda uma
roupa, um sapato, para que ele possa continuar a
caminhada".
DESCANSO
- O aposentado conseguiu um |
abrigo no
albergue de Descalvado. É em lugares assim que ele
descansa durante a peregrinação. Na mala, poucas roupas
e uma pasta com lembranças de outras caminhadas. Antes
de sair, não pode faltar o café da manhã. Para quem
trabalha no abrigo, é um orgulho ajudar o romeiro. |
"Recebê-lo foi
muito bom mesmo e estar aprendendo com ele, porque têm tantas
pessoas por aí que são novas e não têm a garra que ele tem,
desistem por qualquer coisa. Ele esta aí nesta luta, nesta
batalha. Ele é um exemplo", assegurou a auxiliar de serviços
gerais Márcia Toledo.
FIM DA
CAMINHADA
- Nas contas do peregrino, ele já conheceu 527 cidades do Brasil
e do exterior. Mas agora, a caminhada está chegando ao fim. "A
promessa custou um ano a mais, mas graças a Deus chegou ao fim.
Paguei a promessa, missão cumprida", finalizou o aposentado. A
previsão é que ele esteja em casa no final do ano.
*Com informações
do G1/São
Carlos (Fotos: Reprodução EPTV)
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