O ano de 2017 deve ser bem parecido com o último para os fabricantes de
alimentos para pequenos animais, os chamados pets. A retração econômica no País
também pressionou o segmento, que notou uma migração da demanda para produtos
mais baratos. Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Produtos
para Animais de Estimação (Abinpet), José Edson Galvão de França, o brasileiro,
que manteve as compras de ração para os pets, optou por produtos de baixo custo
devido à falta de renda disponível em meio ao enfraquecimento da economia
interna. "O volume produzido de ração cresceu, mas houve uma troca para produtos
mais baratos", diz.
A fabricação de alimentos (pet food) somou 2,59 milhões de toneladas no ano
passado, alta de 2,5% ante 2015. O segmento corresponde a 67% do faturamento do
mercado pet total, que deve ter alcançado R$ 19 bilhões no último ano. A cifra
representa acréscimo de 5,7% sobre 2015. "Mas muito desse crescimento é reflexo
da inflação no período", avalia.
O gerente de marketing da Special Dog, Fernando Manfrin, observou que a relação
custo/benefício nunca foi tão procurada como no último ano. "Esse movimento foi
positivo para a Special Dog, pois entregamos ao mercado um produto de qualidade
a um preço altamente competitivo".
Ele conta que a companhia esperava uma expansão maior do que realmente ocorreu -
em função do bom desempenho de 2015. Sem comentar o desempenho anual, Manfrin
revelou que nos últimos cinco anos a empresa, instalada no interior de São
Paulo, teve crescimento de 180% em capacidade produtiva.
Na visão do presidente da Abinpet, o mercado brasileiro ainda tem grande
potencial de expansão, apesar da crise que assola o País. "Alguns gargalos ainda
vão persistir em 2017, entretanto, no médio e longo prazo a perspectiva é de
expansão já que muitas pessoas ainda alimentam os animais de estimação com
comida para humanos", comenta ele. França estima que o setor encerrou 2016 com
uma capacidade ociosa de 40%, principalmente por conta da demanda menor em
relação ao passado.
De acordo com um levantamento da associação, com base em dados do IBGE, o Brasil
tem mais de 132 milhões de animais de estimação. "Existe um potencial para
aproximadamente 7,35 milhões de toneladas de alimentos para pets, mas produzimos
perto de 34% desse volume", calcula França.
Essa aposta levou gigantes do setor a investir no Brasil. A Nestlé Purina, por
exemplo, vai inaugurar, na próxima semana, a segunda fábrica em Ribeirão Preto
(SP). De acordo com a assessoria de imprensa, a nova unidade vai fabricar
alimentos úmidos para cães e gatos. A planta será a primeira da Nestlé Purina na
América Latina e deve atender à região.
A Mars, dona de marcas como Pedigree, Royal Canin e Whiskas, também prevê uma
inauguração este ano, em Ponta Grossa (PR) - a quarta da Mars no Brasil. A
empresa tem plantas em Recife (PE), Mogi Mirim e Descalvado (SP).
Já a Special Dog abriu uma linha nova em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) no ano
passado, ampliou a atuação em São Paulo e Minas Gerais e entrou em Santa
Catarina e Rio de Janeiro. Em 2017, a empresa avançará por Goiás.
Impostos -
"O grande desafio é conseguir crescer em uma economia que não dá sinais de
melhora a curto prazo, além de enfrentar a altíssima carga tributária que, hoje,
é praticamente 50% do valor do produto", acrescenta Fernando Manfrin.
Por conta disso, a Abinpet vem debatendo junto ao governo uma mudança na
classificação tributária do setor, que é enquadrado na categoria de supérfluo,
como cigarro e sorvete. "Encomendamos um estudo amplo que foi apresentado aos
técnicos do governo, com o objetivo de comprovar que reduzindo a carga
tributária poderemos produzir mais e automaticamente elevar a arrecadação",
revela França.
Segundo ele, atualmente o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) das
rações é de 10%. "Sobre a mostarda, por exemplo, incide só 3%", comenta o
dirigente, destacando que esse é o maior gargalo da indústria atualmente.
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