COLUNA DE ENTREVISTAS
O nosso entrevistado é o
Professor Ugo Osvaldo Frugoli.
O professor Ugo (sem “h” como são os nomes em italiano) é nascido na Itália e
radicado no Brasil desde a infância. Atuou em casos famosos nos quais país
sufocaram filhos, filho matou vários familiares,
mães envenenaram filhos dentre outros. Formou se em
curso de “perfilamento criminal” ministrado pelo
FBI.
Atualmente é professor da Academia de Polícia Civil
e por ser Biólogo sempre esteve ligado à educação.
Deu aula em cursinhos e no tradicional colégio São
Luís (avenida Paulsita), UNISAL (Universidade
Salesianos). Tornou-se uma lenda viva no meio
policial.
COLUNA – Professor Ugo,
o que é “perfilamento criminal”?
PROF.
UGO – Consiste em um processo de análise
criminológica que une as competências do
investigador criminal e do especialista em
comportamento humano. Para entendermos vamos
imaginar um caso de morte que deixa duvida em sua
ocorrência. As técnicas mais famosas adotadas aqui
no Brasil são do FBI e da Inglaterra para traçar o
perfil criminal da pessoa que cometeu o crime.
Na apresentação de nossa entrevista (na coluna da
semana passada) constou o caso da mãe que participou
do homicídio do próprio filho. A análise feita foi a
seguinte: um corpo de criança enterrado e que _
depois de morto _ foi agasalhado com moleton, luvas,
gorro, cobertorzinho etc.
A pergunta é “que perfil tem a pessoa que se
preocupa em agasalhar uma criança desta maneira já
morta?”
Somente a mãe teria uma preocupação como essa. Seu
lado mamífero e de função materna grita no seu mundo
interior. Daí a nossa conclusão, neste caso e que
depois de analisado pelo DHPP veio a confissão
materna.
COLUNA
– Somente na área criminal é possível fazer
“perfilamento”?
PROF.
UGO - Não. O perfil e utilizado por empresas
RH, midia, teatro, cinema e ate na área pedagógica.
Em minha experiência como professor universitário
fazia o “perfilamento pedagógico” com um amigo
professor que também traçava perfis.
Ele não era da polícia, mas gostava muito do
assunto, traçava perfis. Ele utiliza muito na área
política e na área pedagógica quando era professor.
Na verdade, não existe era professor , professor se
nasce. Este meu Amigo e professor até hoje.
Lembro bem que em conjunto com esse Amigo
analisávamos _ em poucos minutos _ o perfil dos
alunos tanto de segundo grau como universitários
através da letra, com a escrita de cada um.
A letra para sua interpretação exige uma
“grafologia”, ou seja, marcas do perfil psicológico
de uma pessoa encontra se na letra dela.
Fazíamos a análise em conjunto, observando o aluno e
sua letra, traçávamos o perfil pedagógico e
indicávamos as possíveis áreas de interesse na sua
escolha da carreira profissional.
Como meu amigo professor é poeta, ao terminarmos a
análise ele declamava um pequeno poema para os
alunos, resumindo a análise que fizemos. Eu achava
genial esta técnica nossa pedagógica de aproximação
ao aluno. Refletia no curso nas nossas aulas.
Tivemos filas de interessados nesse “perfilamento
pedagógico”.
COLUNA
– O senhor atua em outras perícias, além da perícia
criminal?
PROF.
UGO – Sim, atualmente faço perícias que não
são da área criminal. Como biólogo faço pareceres de
Perícia Ambiental.
Por exemplo, há pouco tempo ,perto de Descalvado; em
Ribeirão Bonito: participei de uma perícia para
demonstrar que o TAC (termo de Ajustamento de
Conduta) feito pelo proprietário da Fazenda estava
sendo cumprido e o documento da Secretaria de meio
ambiente imputando descumprimento estava errado.
Um professor PHD em química demonstrou a qualidade
da água do local (indicativo do cumprimento das
regras ambientais) e uma professora de Agronomia
também corroborou nossas conclusões quanto ao
cumprimento das regras ambientais no local. Levei
uma Van laboratório para executar os exames de solo,
água e ar.
Neste tipo de perícia ambiental é comum
necessitarmos de vários profissionais para a
demonstração dos exames realizados e no parecer
devem ser colocados todos os resultados da Equipe.
COLUNA
- Professor Ugo, como o senhor descobriu a autoria
do crime em que o ex namorado jogou o corpo da ex
namorada numa represa em São Paulo?
PROF.
UGO – Atuei neste caso mais como biólogo, a
investigacão policial não conseguia "colocar o
suspeito no local da represa" onde foi encontrado o
corpo da sua ex namorada, uma coisa era certa, a
vitima foi colocada no carro dela morta e o
veículo foi empurrado para dentro da represa Junto
com a equipe de peritos do caso foi analisada a
existência de uma alga típica naquela represa e que
_ se o suspeito tivesse jogado o corpo nesta represa
_ teria resquícios dessa alga em seus calçados.
Obtivemos uma busca e apreensão com ordem judicial,
acionamos um professor da USP especialista em algas
e demonstramos que a alga rara daquele local estava
no calçado do suspeito.
SE o exame microscópico tivesse êxito usando uma
expressão policial “colocamos o suspeito no local do
crime”.
Fico cada vez mais convencido que nossa
investigação criminal não deixa absolutamente nada a
desejar ao “CSI” e outras séries de Holywood. O
“complexo de vira-lata brasileiro” é que
impossibilita a valoração dos nossos profissionais
em perícia.
Muita gente nem acredita que nossa perícia tenha
alta capacidade de especialização de resolução de
crimes como o caso dessa “alga no sapato do
suspeito '. Sem falarmos em DNA embaixo de unhas de
cadáveres que nossos IMLs realizam. Isso será para
uma próxima oportunidade.
(continua na próxima semana)
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