Foram mais de 46 horas de muita polêmica, uma vez que a sessão
extraordinária para análise do referido projeto teve início às
19h da sexta-feira (1), exatamente há poucas horas do início da
campanha eleitoral prevista e permitida pela Justiça. Na
sexta-feira, a sessão foi suspensa pouco mais das 21h,
retornando às 11h do sábado, dia 02. Com um impasse
estabelecido, já que vários foram os questionamentos liderados
pelo presidente da Comissão de Justiça e Redação, vereador Luiz
Carlos Vick Francisco e pelo presidente da Comissão de Meio
Ambiente, Sebastião José Ricci, a sessão teve que ser suspensa
novamente, sendo remarcada para as 11h do domingo (3).
Ainda sem os
devidos pareceres, inclusive o da Procuradoria Jurídica da
Câmara, na manhã do domingo a sessão foi suspensa novamente,
retornando às 15h. Com a retomada dos trabalhos, a polêmica
também se reestabeleceu nas dependências da Casa da Democracia.
A procuradora,
Dra. Alessandra Antonini Perez, afastada por questões de saúde,
foi contatada nesse período e, antes do reinício da sessão na
tarde do domingo, deu o seu parecer no projeto, optando por sua
inconstitucionalidade, ou seja, no entendimento jurídico da
Casa, o projeto é ilegal.
A sessão ainda
foi suspensa por duas vezes, e nesse meio tempo, houve a
apresentação de requerimentos por parte de vereadores. Vick
Francisco, por exemplo, colocou à Mesa a questão da legalidade
das prorrogações da sessão extraordinária, baseando-se no artigo
108 do Regimento Interno da Câmara. Seu questionamento foi
derrubado pelo voto de 5 vereadores (Guto Cavalcante, Argeu
Reschini, Henrique do Nascimento, Pastor Adilson e Edevaldo
Guilherme).
O vereador
Ricci, enquanto presidente da Comissão de Meio Ambiente, também
recorrendo ao Regimento Interno e à Lei Orgânica, propôs a ampla
discussão da matéria, através da realização de audiências
públicas, pedido esse que não apreciado pela Mesa.
Antes do projeto
ser colocado em votação, a sessão foi suspensa para o término do
parecer da Comissão de Justiça e Redação, cujo presidente é o
vereador Vick. Inicialmente a presidente da Câmara determinou o
prazo de 10 minutos para a conclusão, o que não concordou o
vereador.
Nesse sentido,
citando o Regimento Interno, a presidente destituiu o vereador
Vick, nomeando Dr. Rubens Algarte de Rezende, Argeu Donizete
Reschini e Ricci, para o devido parecer.
Vick, pelo que
foi lido em plenário, iniciou o seu parecer e citando a
Constituição Federal, se colocava contrário. O parecer assinado
por Dr. Rubens, foi favorável ao projeto.
EMENDAS
APRESENTADAS – O projeto recebeu ainda duas emendas. Uma do
vereador Rubens Algarte de Rezende, proibindo, além dos
materiais de propaganda eleitoral, também as carreatas. A emenda
foi aprovada por Edevaldo Guilherme, Henrique do Nascimento,
Rubens, Argeu e José Dias Bolcão (que compareceu apenas na tarde
deste domingo).
O vereador Vick
também apresentou emenda modificativa, de acordo com o artigo 16
da Constituição Federal que diz sobre o princípio da
anterioridade, ou seja, uma matéria eleitoral ou qualquer
mudança nela, deve ter vigência apenas dali um ano da sua
publicação. A emenda do parlamentar foi rejeitada pelos mesmos
vereadores: Edevaldo Guilherme, Henrique do Nascimento, Rubens,
Argeu e José Dias Bolcão.
Na votação
propriamente dita do referido projeto, se manifestaram
contrários os vereadores Vick e Ricci, dizendo que não estavam
se sentindo derrotados, pois estavam defendendo a lei.
Insistiram que tanto o Regimento Interno da Câmara, quanto a Lei
Orgânica do Município e a própria Constituição Federal estavam
sendo desrespeitadas ‘mortalmente’
“Vocês estão
legislando em favor de quatro candidatos e não em favor do povo.
O que se está cometendo aqui é ilegalidade, arbitrariedade e
abusos. Quer dizer que só aqui, em Descalvado, é que se tem o
poder de mudar a Constituição? Isso só pode ser brincadeira! Mas
eu conclamo todos vocês que são favoráveis ao projeto, para
virem aqui e darem as suas justificativas. Eu sou contrário mas
estou embasado na Constituição Federal. Quero ouvir de vocês a
justificativa, pois se for convincente, quem sabe posso até
mudar”, disse Vick.
Além do autor do
projeto, vereador Edevaldo Guilherme, nenhum outro vereador
favorável se pronunciou a respeito.
A presidente da
Casa, Ana Paula, apesar de não votar (primeiro porque só vota em
caso de empate e, segundo, por ser parte interessada, já que é
candidata a prefeita), se pronunciou em tom de desabafo. Paula
foi muito citada e questionada pela condução dos trabalhos, pois
entenderam Vick e Ricci, que o Regimento da Casa e a Lei
Orgânica haviam sido descumpridos.
Paula disse que
sempre pautou pela transparência e pela legalidade de todos os
projetos que passaram pela Câmara. Anunciou ser contrária ao
projeto, por também entender ser ele inconstitucional.
“Quem acompanhou
esta sessão extraordinária desde sexta-feira, sabe muito bem que
desde o princípio já me manifestei ser contrária a esse projeto,
pois entendo ser ele inconstitucional. Eu sempre opto pela
legalidade das coisas, inclusive derrubei o seu projeto vereador
Vick, proibindo a criação de cargos de confiança no governo
interino porque entendi ser ele também inconstitucional. Sou
contra esse projeto sim, mas que nesta campanha os candidatos
apresentem as suas propostas, as suas metas, que busquem os
problemas e soluções, e o que eu peço dos senhores é mais
respeito, porque desde que assumi a presidência, tenho tentado
fazer as coisas da melhor maneira possível. Que não venham fazer
demagogia, porque o interesse é de todos os partidos políticos”,
disse, entre outras coisas.
O projeto foi
votado e aprovado pelos vereadores Argeu, Edevaldo, Zé Dias e
Rubens. Desta votação se abstiveram Guto Cavalcante, Pastor
Adilson, e Henrique (este, a pedido da
Presidente, porque já havia declarado ter a intenção de votar,
mesmo sendo candidato).
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