O título também deu aos adversários da seleção de Felipão a mensagem que
ele
queria: os verdadeiros toureiros do futebol são brasileiros (apesar da 22ª
colocação no ranking da Fifa), e não espanhóis. Do outro lado, o colega Vicente
del Bosque tentará recuperar a sua equipe de um raro tropeço contundente desde
os triunfos na Copa do Mundo de 2010 e nas Eurocopas de 2008 e 2012.
Justamente
por esses últimos títulos, era a Espanha a favorita a tourear no Maracanã neste
fim de semana. Não foi o que se viu. Acuados pelo apoio de milhares de
torcedores, os visitantes não resistiram à pressão do Brasil, que abriu o placar
logo no princípio, ampliou ainda no primeiro tempo e sacramentou o resultado no
segundo, com direito a pênalti perdido por Sergio Ramos e a Piqué expulso. No
final, só faltou o público cantar “Touradas em Madri”, sucesso na voz de
Braguinha, como havia feito quem presenciou a goleada por 6 a 1 sobre os
espanhóis no antigo Maracanã, em 13 de julho de 1950.
Foto:
ESPN.com.br |
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O JOGO -
Logo no primeiro minuto, o grito do torcedor ecoou no
Maracanã. Hulk cruzou na direita, Neymar se livrou da
marcação e bola sobrou para Fred, que mandou para as redes
sentado no chão. Gol de centroavante, 1 a 0 para a
canarinho.
Aos 15
minutos da primeira etapa, o Brasil desmistificava a
supremacia da Fúria na posse de bola: 56 % a favor da equipe
de Luiz Felipe Scolari. A esquadra espanhola não conseguia
distribuir toques em sequência, barrados pela boa marcação
dos brasileiros. Nas arquibancadas, gritos de "timinho" para
os visitantes, "olés" e muitas vaias aos atuais campeões do
mundo. Enquanto isso, o time da casa cheia insistiu em
jogadas venenosas, especialmente com Fred, Neymar e
Paulinho.
A Espanha
aproveitou os raros espaços do esquema defensivo da seleção
pentacampeã para chegar ao gol de Júlio César. Durante os
primeiros 45 minutos, apenas dois levaram perigo à meta do
camisa 12. Iniesta, aos 18, arriscou de fora da área e o
goleiro mandou para escanteio. Em jogada articulada por Juan
Mata, Pedro recebeu lançamento aos 40 e chutou rasteiro, na
saída de Júlio. Quando o gol parecia claro, surgiu David
Luiz e afastou a bola.
Em dia de
correr atrás da bola, e não de tê-la, os espanhóis somaram
lances faltosos e o clima entre as equipes ficou hostil
durante alguns momentos. Amarelaram Arbeloa e Sergio Ramos,
ambos por faltas sobre atacantes brasileiros. Aos 43, não
conseguiram parar o destaque verde-amarelo. Neymar tabelou
com Oscar e carimbou um balaço, sem qualquer chance para
Iker Casillas: Brasil foi ao intervalo carimbando o possível
favoritismo espanhol com um 2 a 0.
O segundo
tempo começou com um repeteco. No primeiro minuto, gol da
seleção brasileira. Hulk, desta vez pela esquerda, abre para
Neymar, que deixou passar, e a bola sobrou para a Fred
ampliar o marcador: 3 a 0. Era decretada, ali, uma noite de
Espanha desestabilizada em campo. As jogadas de meio campo
da Fúria não encontravam rumo e nem no lance mais claro uma
finalização era concretizada.
Surgiu a
chance de reação europeia no jogo em cobrança de pênalti.
Marcelo derrubou Jesus Navas dentro da área, aos 8.
Candidato a melhor jogador da Copa das Confederações, Sergio
Ramos desperdiçou a cobrança, mandando pelo lado direito de
Júlio César. Depois da penalidade, a torcida desembestou a
cantar: "é campeão! É campeão". A festa no Maracanã não
baixou de volume em um minuto sequer.
Até em lance
de expulsão, o público não perdeu a chance de tirar
brincadeiras com o adversário. Neymar puxou contra-ataque
veloz, numa bela jogada, quando foi derrubado pelo Piqué.
Aos 22, o zagueiro do Barcelona levou cartão vermelho pela
entrada violenta sobre o companheiro de clube.
Imediatamente, a torcida passou a gritar o nome da cantora
Shakira, esposa do defensor espanhol.
O Brasil
sustentou durante os noventa minutos a disciplina tática,
determinação e bom aproveitamento nos contra-ataques. Mas,
principalmente, o volume de jogo sobre a Espanha, que não
conseguiu se desvencilhar da intensa marcação. Quando
chegava a incomodar na área brasileira, Júlio César e David
Luiz foram seguros e destaques defensivos.
Aos 34, o
atacante Fred - autor de dois gols - foi ovacionado na saída
de campo. O artilheiro da Copa das Confederações, ao lado de
Fernando Torres, saiu para a entrada de Jô. E teve seu nome
gritado por todo o estádio Maracanã. Gratidão pela boa
exibição da seleção num dos palcos mais tradicionais da
história do futebol. Combustível essencial para a Copa do
Mundo 2014, que não tarda a chegar.
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