A equipe da Divisão de Controle de Zoonoses são-carlense
inicia sua jornada por volta das 7h30 e permanece vacinando
até completar toda a linha estipulada, numa média de 90
visitas diárias.
“Essa vacinação é muito importante, pois acontece exatamente
onde sabemos que existe a possibilidade de transmissão, onde
existem morcegos hematófagos e muitas vezes também o vírus
circulante nessa população. Na ausência de uma fonte de
alimento comum para esses morcegos que seriam animais
selvagens ou mesmo bovinos, suínos e equinos, estes morcegos
procuram animais como cães e gatos por estarem mais
próximos. Levamos também em consideração os fortes instintos
predatórios de cães e gatos que encontram nesses morcegos
doentes uma fácil presa, trazendo o vírus rábico em ambos os
casos para próximo de nós”, ressalta Guilherme Marrara,
chefe da Divisão de Zoonoses da Prefeitura de São Carlos.
Marrara explicou ainda que já está sendo realizado um
trabalho de mapeamento e controle de colônias de morcegos
hematófagos.
“Com o trabalho de vacinação em animais domesticados ou de
criação, as chances de disseminação deste vírus para áreas
urbanas é reduzida drasticamente”, salienta Marrara.
TRABALHO JÁ REALIZADO EM DESCALVADO
Em contato com a Secretaria de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento de Descalvado, fomos informados pelo secretário
André Fernandes de que este trabalho de vacinação nos animais
domésticos já foi feito pela divisão de controle de zoonoses do
nosso município. Somente entre os dias 28 de maio e 22 de junho,
foram vacinados um total de 8.274 animais, sendo 3.404 somente
nas áreas rurais do município.
Com relação à raiva bovina, Fernandes explicou que o número de
casos vem caindo. "Graças ao apoio que estamos recebendo do
EDA (Escritório de Defesa Agropecuária) da cidade de Araraquara,
estamos obtendo resultados muito bons" disse o secretário. "Com
o trabalho em conjunto, estamos trabalhando duro para dar
suporte à todos os proprietários e produtores rurais atingidos,
fornecendo as informações e os meios necessários para erradicar
o problema. Vale ressaltar que os casos ocorreram porque
Descalvado não era uma zona endêmica, e por isso muitos animais
não possuíam a imunidade contra a raiva, o que agora não ocorre
mais devido à vacinação feita nestes animais" completou
André Fernandes.
A RAIVA EM DESCALVADO
Segundo divulgou a Secretaria de Saúde, no dia 9 de abril, após
o comparecimento do médico veterinário Oswaldo Bortoletto Neto
na unidade da Vigilância Epidemiológica do município, portando
um cérebro de bovino extraído de um animal que morreu
aparentando todos os sintomas clássicos de raiva paralítica,
efetuou-se o envio do órgão ao Instituto Pasteur para análise
laboratorial, sendo confirmada a suspeita de raiva animal.
Ao todo, nove animais foram mortos, sendo que o primeiro caso
registrado foi no dia 29 de março. Inicialmente, pensava-se que
os bovinos foram vitimados por botulismo, posto que os sinais
são semelhantes ao da raiva.
Segundo a secretária de Saúde Márcia Aparecida Bertolucci Pratta,
todos os procedimentos relacionados à pasta foram tomados, com a
imunização do veterinário que cuidou do caso e de funcionários
da fazenda que tiveram contato com o animal.
Imediatamente, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento em conjunto com a Secretaria Estadual iniciaram os
trabalhos de campo para as providências e esclarecimentos junto
aos proprietários das fazendas da região onde foi constatado o
caso, além do trabalho de identificação e captura dos morcegos.
De acordo com o técnico de Apoio Agropecuário Mizael Rodrigues
Nazário, no prazo de dez dias após a confirmação da suspeita do
caso de raiva, já haviam sido capturados cerca de 35
morcegos, em vinte propriedades vistoriadas. Quando um exemplar
é encontrado, é aplicada no dorso do animal uma pasta
vampiricida anticoagulante. Quando o morcego volta ao seu
habitat, contamina toda a colônia. Esse trabalho deverá
continuar pelos próximos quinze dias. |