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Os formandos no
curso de Jornalismo da Uniara (Centro Universitário de
Araraquara) Érica Nascimento, Luís Gustavo Rizzo, Mariana Lemes
e Tamiris Marchi elaboraram o videodocumentário “Nhô Totico:
risos e tipos”, sobre o radialista e humorista descalvadense
Vital Fernandes da Silva (1903-1996). Com pouco mais de 20
minutos de duração, o documentário é o resultado do TCC
(trabalho de conclusão de curso) dos estudantes no
estabelecimento de Ensino Superior sediado em Araraquara (81 km
a noroeste de Descalvado).
O objetivo do
trabalho é divulgar a biografia do artista, destacando sua
importância no rádio brasileiro e contando episódios curiosos de
sua trajetória pessoal e profissional.
Totico ganhou
notoriedade na década de 1930 ao apresentar o programa de rádio
“Escolinha da dona Olinda”, em que interpretava sozinho e com
vozes diferentes oito personagens – entre eles, um paulistano,
um nordestino, um ítalo-brasileiro, um turco e até a professora
Olinda.
A criatividade e
a versatilidade renderam sucesso ao humorista, tornando-o uma
das maiores audiências da Era de Ouro do rádio no Brasil e
precursor das “Escolinhas” que apareceram posteriormente na
televisão, como a famosa “Escolinha do Professor Raimundo”,
humorístico comandado por Chico Anysio na TV Globo nos anos
1990. |
“Escolhemos falar sobre Nhô Totico pelo fato de existir poucos
materiais relatando a vida dele”, justificou Mariana Lemes, uma
das autoras do documentário.
Na elaboração do
material foi utilizada a metodologia da pesquisa documental, que
preconiza a investigação a partir de fontes consideradas
autênticas do ponto de vista científico – estatísticas,
relatórios, discursos, cartas, fotografias etc. Dessa forma, os
estudantes passaram mais de dois meses analisando informações
sobre o radialista descalvadense.
“Chegamos à
conclusão de que Nhô Totico foi um artista ímpar do rádio
brasileiro”, revelou Lemes. “Ele tinha o dom de trabalhar no
improviso, sem contar que era uma pessoa de extrema compaixão e
tinha como uma de suas grandes qualidades o amor ao próximo, a
vontade de ajudar as pessoas.”
Durante a
pesquisa, o grupo recorreu frequentemente ao Museu Público
Municipal de Descalvado, onde teve acesso a milhares de objetos
de Totico – móveis, documentos, fotografias, prêmios e cartas
trocadas com celebridades e autoridades políticas de importância
nacional e com amigos e fãs da cidade-natal, entre outros.
Cedidos pela Adelace (Academia Descalvadense de Letras, Artes,
Ciência e Educação), os itens se encontram em exposição no
local.
“O Museu foi de
suma importância para o desenvolvimento do nosso trabalho”,
comentou Mariana Lemes. “Sempre fomos muito bem recebidos pela
equipe do Museu, todos sempre muito prestativos.”
Para os
pesquisadores, o museu público descalvadense, que foi inaugurado
em junho deste ano, contribui de maneira decisiva para preencher
a falta de informações sobre o cidadão ilustre.
O trabalho que
deu origem ao videodocumentário “Nhô Totico: risos e tipos” e a
uma monografia de mais de meia centena de páginas será
apresentado na noite da próxima sexta-feira, dia 7, na Unidade I
da Uniara, localizada no Centro de Araraquara.
Os estudantes
convidaram a diretora da Divisão Municipal de Cultura, Maria
Fernanda de Carvalho, para compor a banca examinadora. Ela é
formada em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia pela
UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e Mestre em
Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre pela Utad
(Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), em Portugal. A
diretora acumula a experiência de professora do Departamento de
Sociologia e Antropologia do campus Marília da Unesp
(Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”) e de
coordenadora da Associação Pró Casa do Pinhal, em São Carlos (35
km a oeste de Descalvado), entidade responsável pela
administração da Fazenda Pinhal, tombada como patrimônio
histórico e artístico nacional.
“A Maria
Fernanda nos apresentou esse grande artista [Nhô Totico], sendo
assim ela é a pessoa perfeita para estar conosco neste momento
único de nossas vidas”, explicou Lemes.
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