De acordo com o diretor de comunicação da Unica, Adhemar Altieri, o setor está
deficitário diante do aumento no custo da produção do etanol, no valor da terra
de plantio e salários para profissionais qualificados que levaram a um
desequilíbrio das usinas provocando a falta de investimento. Ele atendeu a
reportagem do Primeira Página para mostrar o panorama do setor.
“O etanol concorre
diretamente com a gasolina, esta que tem do governo federal uma
série de desonerações fiscais para manter o preço baixo,
enquanto o etanol chega ao mercado sem essas vantagens”, disse.
Altieri afirmou
que as medidas pontuais são bem-vindas como o aumento de 25% de
etanol na mistura da gasolina, mas o segmento necessita de
medidas em longo prazo para que o investidor possa se interessar
em construir novas usinas. “Hoje um novo investimento está
fadado ao fracasso diante das políticas públicas adotadas pelo
governo na manutenção do controle preço da gasolina. Se pelo
menos soubéssemos quais os critérios estabelecidos no controle
do preço. Mas isso não acontece”, relatou.
O diretor de
comunicação também ressaltou que o investimento do empresariado
na matriz energética renovável feita no Brasil coloca o País de
forma singular no mercado mundial.
“O etanol gera
mais empregos que a gasolina, é ecologicamente correto,
genuinamente brasileiro e é um combustível limpo que merecia,
como em outros ponto do mundo, privilégios do governo. O
consumidor não esta atento a esses detalhes na hora de
abastecer”, declarou ao afirmar que a frota brasileira já está
em 56% de carros flex e que isso é uma vantagem para o
consumidor que escolhe na bomba o melhor combustível.
Ele considera
que para uma retomada do setor, com crescimento da produção do
etanol e açúcar na demanda que o consumo mundial projeta, o
governo brasileiro tem também de criar linhas de crédito
específicas para o setor estimulando o investidor apto a
crescer.
O
Mercado: Setor sucroalcooleiro está endividado
Dados mostram que 36 usinas entraram em recuperação judicial nesses cinco anos.
Pior: no mesmo período, 43 foram desativadas e a grande maioria jogou a toalha
nos últimos dois anos.
EFEITO CASCATA – Em 2012, o setor sucroalcooleiro eliminou
mais de 18 mil postos de trabalho no País, segundo levantamento
do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), feito com base em dados do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do
Trabalho. O quadro tende a se agravar este ano.
Além de faltar
recursos para renovar e ampliar o canavial, as usinas colheram
três safras consecutivas afetadas por problemas climáticos, o
que aumentou o custo. Também tiveram de investir na mecanização
do plantio e colheita da cana.
Para piorar, o
setor alega não ter como repassar o aumento de custo para o
preço, por causa da concorrência da gasolina e dos preços do
açúcar fixados no mercado internacional. Custos em alta e
margens comprimidas resultam em aumento do endividamento.
Nem mesmo o
reajuste recente no preço da gasolina foi suficiente para trazer
alívio às usinas, diz a Unica. A Petrobrás reajustou em 6,6% o
valor cobrado pelo combustível, o que teve impacto, para o
consumidor, entre 4,2% e 5,3, segundo especialistas.
O impasse
econômico deve elevar o endividamento do setor sucroalcooleiro
para R$ 56 bilhões ao final da safra 2013/2014, conforme
levantamento do Itaú BBA. A dívida deve crescer R$ 4 bilhões em
relação aos valores da safra anterior (R$ 52 bilhões) e se
aproximar do faturamento das usinas do Centro-Sul, estimado em
cerca de R$ 60 bilhões.
*Fonte: Hever Costa Lima/Jornal
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