Há algumas semanas
recebemos a informação de que pacientes com necessidade de
internação na Santa Casa de Misericórdia de Descalvado estavam
tendo que aguardar os procedimentos, em razão da falta de leitos
na instituição.
Em contato com a
enfermeira que é a responsável técnica pela gerência do
hospital, Elisa Regina dos Santos, ela informou que a espera é
real, mas que o paciente no máximo, chega a aguardar por um
leito por cerca de uma hora e meia, no máximo. Segundo
explicou, essa espera tem ocorrido por diversos fatores e o
primeiro deles é a época do ano, outono e inverno, onde o número
de internações, principalmente de idosos, aumenta
consideravelmente.
“Antes, o tempo
de internação por conta das doenças do inverno girava em torno
de dois a três dias, hoje chegam a sete, muitas vezes, por conta
do paciente já estar bastante debilitado e não ter recebido o
devido atendimento. Na realidade, as unidades de saúde não foram
preparadas para lidar com o envelhecimento. Chegamos a ter casos
de idosos que permanecem acamados por até 20 dias”, explicou
Elisa.
Mas além desta
questão há também o fator da limitação do espaço do hospital: se
antes havia todo o prédio, incluindo a ala onde funcionou, por
exemplo, o hospital da Medes, hoje a Santa Casa conta apenas com
a parte frontal, que é dividida com o Pronto Socorro. “Houve um
aumento da demanda e a diminuição do espaço, o que acaba
colaborando para essa situação que, felizmente, ainda é crítica,
sem maiores prejuízos aos pacientes”, disse a enfermeira.
Hoje a Santa
Casa detém 38 leitos para internação, para o atendimento tanto
do SUS quanto de particulares. A estrutura que a compõe (toda a
ala frontal do hospital) é subdividida em clínica médica
(feminino e masculino), cirúrgica (feminino e masculino),
pediatria e maternidade.
“Nós temos
sim espaço para ampliar o atendimento, no caso, toda
aquela parte debaixo, onde funcionou o hospital da Medes
está pronta, apta a prestar adequadamente os serviços,
mas ai entramos em um outro problema enfrentando pela
instituição, que é a falta de profissionais e a mão de
obra qualificada. Hoje, por exemplo, não temos
funcionários suficientes para disponibilidade de
internações nas duas áreas”, ponderou.
Conforme
Elisa, a Santa Casa enfrenta uma grande dificuldade na
hora da contratação dos enfermeiros, técnicos e
auxiliares, pois esses profissionais têm saído dos
cursos e mesmo faculdades, despreparados, o que acaba
obrigando a instituição a destacar um profissional
experiente para acompanhá-los, impossibilitando assim
uma escala maior. |
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"Hoje não temos funcionários suficientes para
disponibilidade de internações nas duas áreas", disse a
enfermeira Eliza |
“Essa é a
realidade, os cursos e mesmo as faculdades têm deixado a
desejar na formação desses profissionais, que chegam aqui e
muitos têm dificuldade em fazer o básico, procedimentos básicos.
Nós, que estamos há anos na profissão, estamos fazendo o que os
cursos não fazem e, nesse sentido, a reposição dos profissionais
tem sido feita com cautela. Não dá para contratar diversos
profissionais sem experiência e contar apenas com eles nos
plantões”, explicou Elisa.
A responsável
técnica salientou que a Provedoria da Santa Casa tem se
programado e planejado a ampliação dos profissionais para atuar
na instituição, mas em muitos casos esbarra exatamente na falta
de preparo por parte de muitos deles.
“E hoje,
diferente do que foi há alguns anos, o problema não é a falta de
estrutura financeira da Santa Casa, pois os salários são pagos
em dia, assim como dos demais direitos trabalhistas. O problema
maior, realmente está na qualificação dos profissionais”,
destacou.
Elisa entende
que, neste caso, deveria haver um maior diálogo entre escolas,
cursos, Secretaria de Saúde e mesmo administração do hospital e,
uma fiscalização por parte de um órgão competente para aferir a
qualidade dos cursos hoje vigentes.
Atualmente são
mantidos quatro técnicos de enfermagem e um enfermeiro padrão
durante o expediente diurno, quando o ideal, de acordo com
Elisa, seriam cinco técnicos. No plantão noturno a escala é
mantida por três técnicos e um enfermeiro, isso somente na Santa
casa. Já no Pronto Socorro são mantidos três técnicos e um
enfermeiro e no centro cirúrgico, também três técnicos e um
enfermeiro, por um período correspondente a 12 horas.
ESPERA
PARTICULAR – Segundo o que a reportagem pode apurar 'in
loco' nas alas de internações da Santa Casa, a espera por leito
não se deu por paciente do SUS, mas de paciente particular que
iria ser submetido a uma cirurgia estética.
De acordo com
informações junto à Provedoria da Santa Casa, não houve nenhuma
ocorrência de paciente do SUS, que tenha ficado sem internação.
No caso do paciente particular, como não havia a disponibilidade
do apartamento e, como não se tratava de uma cirurgia urgente, a
gerência o realocou em um quarto com vaga e, neste caso, foram
descontados os valores referentes à internação individual.
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