Até o problema surgir, a China representava 50% das
importações japonesas, mas o escândalo alterou a política de compras de clientes
como o McDonald's do Japão. Na terça-feira (5), a presidente do McDonald's do Japão, Sarah
Casanova, disse em entrevista, que a empresa estuda comprar carne de
frango processada do Brasil.
Ela afirmou que a
suspensão de importações da China já provocou problemas de
abastecimento na rede de fast-food, levando à retirada de dois
produtos do cardápio do restaurante por conta da dificuldade de
obter volumes suficientes. Assim, o Brasil poderia ajudar o
McDonald's a abastecer seus estoques de carne de frango
processada, segundo ela.
Com a suspensão
de compras de carne de frango da China anunciada pelo McDonald's
- e, eventualmente, de outros importadores -, o Brasil pode
ganhar espaço no Japão, uma vez que a Tailândia não é capaz de
fornecer todo o volume antes fornecido pela China. Num cálculo
preliminar, considerando um preço médio de exportação de US$ 3,5
mil por tonelada, o Brasil poderia obter mais de US$ 700 milhões
se abocanhasse toda a fatia que a China vende para o Japão.
Novas previsões
do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) sugerem que, após
um período de crescimento moderado, pouco superior a 1% ao ano,
a produção brasileira de carne de frango pode, a partir do ano
que vem, voltar a registrar índices maiores de expansão.
Dentro dessa
projeção, o incremento previsto para 2015 pode superar os 5%,
fazendo com que o Brasil ultrapasse a produção chinesa e se
torne o segundo maior produtor mundial de carne de aves.
A liderança,
imbatível, segue com os EUA que, em 2023 pode estar produzindo
cerca de 24 milhões de toneladas de carnes avícolas, quase um
quarto a mais que o registrado em 2012. Mas o ritmo é inferior
ao previsto para a China, onde o volume produzido tende a
aumentar 33%.
EMBARGO RUSSO À CARNE EUROPÉIA E AMERICANA PODE SER A
REVOLUÇÃO NO MERCADO BRASILEIRO
- O
mercado da Rússia para as carnes brasileiras também
deverá ganhar ainda mais importância após o embargo
russo aos produtos dos Estados Unidos e da União
Européia. A medida anunciada poderá representar uma
revolução para a indústria do Brasil, comparável à que a
China provocou nas exportações de soja do país na última
década, disse uma autoridade do Ministério da
Agricultura nesta quinta-feira (7).
Nesta
quarta-feira (6), a Rússia informou que permitirá que o
Brasil aumente significativamente suas exportações de
carne e laticínios ao país, em meio a embargos russos
aplicados a produtos alimentícios dos EUA e da União
Européia, em retaliação a medidas do Ocidente por conta
da crise na Ucrânia. |
Rússia anunciou que vai proibir importação de alimentos
dos EUA e União Européia |
"Este anúncio é
a grande oportunidade do mercado brasileiro trabalhar para
conseguir exportar o nosso produto, seja ele bovino, suíno ou de
aves", afirmou o secretário de Política Agrícola, Seneri Paludo,
durante conferência de imprensa para comentar números de safra.
Segundo ele, a Rússia tem potencial de ser grande consumidor de
commodities agrícolas.
A Associação
Brasileira dos Exportadores de Carnes (Abiec) afirmou que o
número de unidades habilitadas a exportar passou de 31 para 89
plantas após o movimento russo contra o Ocidente. Já a
Associação Brasileira para Proteína Animal (ABPA) informou que
25 unidades foram habilitadas na quarta-feira para exportar
carne de frango ao mercado russo, totalizando agora 38 fábricas.
Na carne suína, as unidades habilitadas passaram de oito para
12.
"Talvez, do
mesmo jeito que aconteceu no processo de revolução na cadeia de
grãos 10, 12 anos atrás, a gente esteja vendo agora uma grande
janela, de causar uma revolução na produção de carnes
brasileira", disse o secretário.
As indústrias de
frango do Brasil têm condições de atender "tranquilamente" uma
demanda adicional da Rússia, que seria de cerca de 150 mil
toneladas ao ano, disse a ABPA. Em 2013, as exportações de carne
de frango do Brasil à Rússia somaram 60 mil toneladas.
Granjas vazias em Descalvado podem estar com os dias
contados, caso o cenário econômico internacional
manter-se favorável aos produtores brasileiros. |
UMA NOVA ERA PARA A AVICULTURA DESCALVADENSE
- Diante de todos os recentes acontecimentos
internacionais, e com a empolgação com que o mercado
exportador - e o próprio Ministério da Agricultura - vem
reagindo, os avicultores de todo o país já sinalizam uma
nova [e promissora] corrida na produção da carne de
frango.
Se até o
mês passado Descalvado lamentava o fechamento [pela
segunda vez] de um dos maiores abatedouros de aves do
interior paulista, com a reação quase que imediata do mercado exportador de carnes de frango vem
demonstrando diante dos acontecimentos internacionais, resta agora saber se os produtores
descalvadenses também irão apostar neste novo cenário do
agronegócio. |
Segundo
informações de pessoas ligadas ao setor avícola no
município, é cada vez mais forte os rumores de que uma gigante
do setor de carnes bovinas - e que desde 2012 vem investindo
cada vez mais no mercado de aves -, estaria em negociação com os
proprietários de todo o ativo que compõe o abatedouro que
abrigava a empresa Rigor Alimentos, fechada em maio deste ano.
O frigorífico -
que está instalado em uma extensão de 56.000 m² e com 10.700 m²
de construção - possui capacidade de produção de 160.000
aves/dia. A estrutura industrial que compõe o complexo do
abatedouro é totalmente automatizada, e constituída por
equipamentos inseridos nos modernos padrões de tecnologia,
fatores esses que contribuem para atrair os investidores de todo
o setor.
Ainda de acordo
com as informações, diante do novo cenário que se instalou nos
últimos dias, as negociações podem caminhar para um rápido
desfecho. Se confirmadas e mantidas as previsões comerciais do
mercado internacional - e que agora voltam os olhos para o produto
brasileiro -, Descalvado poderá reviver um dos ciclos econômicos
que mais marcaram a sua história.
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