Em entrevista ao Jornal da EPTV, o provedor da Santa casa, Engº José Ramalho Gabrielli Júnior, negou as acusações e 
classificou a atitude como truculenta. “Não achamos justo isto ser feito por 
decreto, teria que ser uma decisão judicial se assim um motivo tivesse, mas 
posso garantir que não tem. Tanto é que entramos com um mandado de segurança", 
disse o provedor. No fim da tarde, a Justiça negou o pedido da Santa Casa para 
impedir a intervenção e o provedor disse que vai acatar a decisão.
				DENÚNCIAS 
				- A Prefeitura relatou que recebeu há pouco mais de 15 dias, 
				denúncias sobre irregularidades cometidas no hospital, como 
				desvio de verbas, de medicamentos, entre outros problemas. A 
				mesma denúncia também chegou ao conhecimento do Ministério 
				Público (MP) e da Câmara Municipal. Com base nisso, o MP abriu 
				um inquérito para investigar a situação e pediu ajuda do poder 
				público. 
				Junior Gabrielli 
				disse que presta esclarecimentos mensalmente ao Tribunal de 
				Contas da União, ao Conselho Municipal de Saúde e à Câmara 
				Municipal e que em nenhum momento se negou a fornecer qualquer 
				tipo de informação à Prefeitura. “A Santa Casa continua aberta a 
				toda e qualquer investigação que seja necessária”, afirmou. 
				Segundo ele, não 
				faltam anestesistas e a unidade de saúde jamais deixou de 
				realizar as cirurgias eletivas. “A farmácia da Santa Casa é 
				completamente independente da farmácia do pronto-socorro, que é 
				gerida pelo município. Nós nunca tivemos acesso a nenhum 
				medicamento que fizesse parte do patrimônio da cidade. Como 
				haveria desvio de recursos se nós mal conseguimos manter a Santa 
				Casa?”, questionou. 
				DECRETO 
				- Na segunda-feira (28), o prefeito Henrique Fernando do 
				Nascimento 
				
				assinou o decreto para a intervenção. O secretário de 
				Saúde foi à Santa Casa no início da noite do mesmo dia, onde 
				segundo ele, informou pessoalmente ao Provedor de que a 
				intervenção havia sido decretada. 
				Segundo Barbato, pouco tempo depois de sair do local que abriga a 
				administração da Santa Casa, ele e os secretários municipais de 
				administração e de finanças, além de um vereador, flagraram de forma 
				inesperada um funcionário da Santa Casa e um prestador de 
				serviços saindo do local carregando documentos e um notebook. Ao 
				perceberem a presença dos secretários e do vereador, os dois 
				homens correram de volta para dentro carregando o equipamento e 
				os papéis. Ainda durante a noite de segunda-feira e também na 
				madrugada de terça (29), pelo menos mais duas testemunhas 
				presenciaram uma intensa movimentação no prédio que abriga a 
				administração, supostamente retirando do local diversos 
				documentos. Na tarde de terça-feira, todas as testemunhas 
				foram ouvidas pelo MP e confirmaram o relato dos fatos 
				presenciados. 
				Já no final da 
				manhã de quarta-feira (30), o secretário de saúde retornou à 
				Santa Casa para assumir a administração da 
				entidade como interventor, o que não aconteceu, uma vez que ele foi informado de que tanto 
				a Provedoria quanto a Mesa Administrativa não reconheciam o Ato 
				de Intervenção por meio de um Decreto assinado pelo prefeito. Barbato 
				também recebeu a notícia de que a assessoria jurídica da Santa 
				Casa havia solicitado, via judicial, um mandado de segurança 
				contra o decreto municipal. Sem sucesso na tentativa de se 
				instalar, o Secretário Municipal requisitou a presença da 
				Polícia Militar e registrou um Boletim de Ocorrência. 
				Um fato que 
				chamou a atenção daqueles que acompanharam de perto esta queda 
				de braço entre o Poder Executivo e alguns membros da Provedoria, 
				foi a 'operação bloqueio' realizada na porta da entidade. 
				Durante dois dias (terça e quarta-feira), a administração da 
				Santa Casa contratou seguranças particulares, que impediram o 
				acesso ao prédio de qualquer pessoa ligada à Prefeitura 
				Municipal. No comando desta estranha manobra, estava um 
				ex-radialista cujo histórico de confusões e participações em 
				armações políticas é de notório conhecimento público. De acordo 
				com informações de funcionários da própria Santa Casa, até então o homem 
				jamais havia trabalhado - de forma remunerada ou voluntária -, 
				para a entidade. 
				Porém, no final 
				da tarde desta quarta-feira, o Juiz da 2ª Vara, Dr. Rodrigo 
				Octavio Tristão de Almeida, negou o pedido de invalidação do 
				decreto, alegando, em síntese, que há o interesse social na 
				preservação e regularidade dos serviços de saúde do município. 
				Dr. Rodrigo conclui o despacho dizendo que, havendo suspeitas de 
				irregularidades, era dever do Prefeito Municipal agir em 
				respeito à eficiência na prestação dos serviços públicos de saúde 
				e à moralidade que incita à apuração de eventuais 
				irregularidades. 
				Assim que tomou 
				ciência da decisão judicial, o Secretário de Saúde, na companhia 
				de outros agentes públicos, assumiram em definitivo a 
				administração da Santa Casa. Barbato explicou que a intervenção 
				deve durar 90 dias para que se faça uma investigação aprofundada 
				das contas que devem ser prestadas pela entidade. "Vamos 
				contratar uma empresa especializada para fazer uma auditoria 
				interna e levantarmos o que ocorre lá dentro. Isso pode 
				realmente resultar ou não na confirmação de desvio. Por isso 
				precisamos fazer a auditoria", disse. 
				
				   
				  
				
				   
				  
				INVESTIMENTO 
				- Segundo Edmilson Barbato, a Prefeitura fornece cerca de R$ 
				10,5 milhões por ano somente para a Santa Casa, no qual também 
				gerencia a Associação da Irmandade da Santa Casa, que presta 
				serviços nos Programas de Saúde da Família e Agentes 
				Comunitários. Desse montante, mais de 70% são 
				transferidos por meio de recursos próprios. 
				
					
						
						  | 
						Somente para 
						suprir os salários dos agentes e médicos que prestam 
						serviços nos PSF's, o valor desembolsado pela Prefeitura 
						através da Associação é de cerca de R$ 550 mil por 
						mês. “Há ainda uma subvenção de R$ 4,2 milhões por ano e 
						um convênio do pronto-socorro que é referente à 
						municipalização do hospital, no valor de R$ 43 mil mensal”, 
						explicou o secretário. 
						No início 
						da tarde desta quarta-feira, a Diretoria e o Conselho Fiscal 
						da Associação da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia 
						de Descalvado protocolou na Prefeitura Municipal, uma 
						notificação extrajudicial informando sobre a 
						rescisão unilateral do convênio com o Poder Executivo. A 
						justificativa, segundo o documento, é em decorrência do 
						contrato entre a Prefeitura e a Associação estar 
						expirado há mais de dois anos, sem providências 
						relativas à sua prorrogação.  | 
					 
				 
				A medida, a 
				princípio prevista nas cláusulas do convênio firmado desde 2004, 
				poderá afetar o atendimento à população nos postinhos de saúde 
				onde há a atuação de funcionários da referida Associação, e 
				segundo o Secretário de Saúde, levanta a hipótese de tratar-se de 
				uma retaliação por parte de alguns dos envolvidos nas denúncias 
				apresentadas na Prefeitura, na Câmara Municipal e também no 
				Ministério Público, e que podem não ter interesse em uma 
				investigação. 
   |