O descalvadense e especialista em cerveja, Daniel
Tortella |
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Enquanto outros setores da economia sofrem com reduções, um mercado que não vê
crise é o das cervejarias artesanais. A associação que reúne o setor estima um
crescimento de 50% nos últimos dois anos e as empresas da região central do
Estado de São Paulo aproveitam o aumento, para especialistas relacionado a
mudanças no gosto dos consumidores.
“É isso que hoje o cliente
brasileiro está procurando, não mais encher a cara de uma cerveja só por
beber, ele vai procurar qualidade. Beber menos e beber melhor”, afirmou
Daniel Fregonezi Tortella, de Descalvado, um dos representantes da
região no Campeonato Mundial de Sommeliers de Cerveja que aconteceu
neste sábado (18) em São Paulo. |
Formado em engenharia mecânica, Tortella contou que se apaixonou pela
bebida em uma viagem que fez a trabalho para os Estados Unidos. “Você ia
a restaurantes lá e tinha uma carta de cerveja com quais cervejas
daquele Estado ou daquela região eles tinham lá. E aí despertou, falei
‘nossa, que legal’”.
Quando voltou
para o Brasil, fez cursos. Deixou a engenharia de lado e se
transformou em um especialista em cerveja. Em um gole, consegue
perceber as diferenças de sabor e de origem. “Nesta você sente o
lúpulo inglês terroso, herbal, você sente o malte caramelizado
que essa escola também exige, é ele que dá essa cor bonita na
cerveja”, exemplificou.
Ele explicou que
existem mais de 100 estilos de cerveja. Tudo depende dos
ingredientes, da temperatura, da fermentação. E neste sábado, ao
lado de alemães, austríacos e norte-americanos que sabem tudo da
bebida, ele prova os diferentes tipos em provas que vão do
conhecimento teórico aos testes cegos.
“Você vai provar
a sua capacidade sensorial para chegar a qual estilo aquela
cerveja pertence e até se ela tem algum defeito ou não de
fabricação, de armazenamento”, afirmou. |
Certificado de
participação de Daniel no 4th Beer
Sommelier World Championship (Foto: Facebook) |
PRODUÇÃO
- Mas a região não tem apenas apreciadores da bebida. Aqui há também
cervejarias artesanais de qualidade e uma delas está localizada
em Brotas. Os ingredientes usados na produção são: água, cevada, que
ajuda a encorpar a bebida, lúpulo, que dá o gosto amargo e ajuda a
conservar, e a levedura, que faz a fermentação e dá sabor.
A fabricação começa por
uma tina onde a cevada moída é colocada. A temperatura sobe a 78 °C e o
amido é transformado em açúcar. Em outra tina, o extrato é separado do
bagaço e, em seguida, o extrato vai para o último tonel, onde o
cervejeiro acrescenta o lúpulo. É a fase de cozimento, a primeira etapa
da produção, e dura cerca de oito horas.
Na sequência, a bebida
segue para outros tonéis e a levedura entra em ação. No caso da cerveja
Pielsen, vão ser entre nove e 12 dias de fermentação. Nesse período,
parte do açúcar vai se transformar em álcool e haverá também a produção
de gás carbônico. Muito dele vai embora, mas o que fica se transforma na
espuma cremosa que ajuda a preservar a temperatura da bebida.
A capacidade de produção
da cervejaria de Brotas é de 28 mil litros por mês e três cervejas já
foram premiadas. Neste ano, a Pielsen faturou o bronze no Concurso
Brasileiro de Cervejas, em Blumenau.
Para o cervejeiro Márcio
Egea Secafin, o título é um reconhecimento, portas abertas para um setor
que não para de crescer. “O Brasil está formando uma escola cervejeira,
existem várias micro cervejarias, vários cervejeiros caseiros fazendo
ótimas cervejas, então eu acho que o Brasil não tem mais volta, estamos
aí para ficar”.
*Com informações do
G1/São Carlos / Foto: Ely Venâncio
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