Mas antes de ir até a delegacia, José publicou naquele mesmo dia, na sua
página pessoal no Facebook, a foto da cabeça de Shirley com a seguinte
descrição: “Traição da nisso...mentiras...odeio”, escreveu horas depois
de saber que vizinhos haviam encontrado o corpo da adolescente.
Horas depois de fazer a
postagem na rede social, o assassino confesso deletou a imagem do seu
perfil. Nas imagens copiadas pelas amigas da vítima estão também
fotomontagens com o rosto de Shirley ao lado do suposto amante dela, com
a inscrição: “mim traiu na vespera de natal”.
A foto que José usa para
se identificar no Facebook não é a dele, mas sim do personagem do filme
americano "Jogos Mortais" ("Saw", no título original). Na história de
terror e suspense, um serial killer usa uma máscara e tortura suas
vítimas, sempre cortando uma parte do corpo delas.
Imagens salvas de uma
conversa que José Ramos manteve através do aplicativo de celular
'Messenger' com amigas de Shirley, momentos antes dele se entregar no 1º
DP, mostram uma amiga perguntando onde está a adolescente, sendo que o
desempregado responde: "matei ela agora ela vai mim trai no inferno".
“Por um lado sim, por
outro não”, respondeu quando foi questionado pela imprensa se estava
arrependido de ter matado a namorada.
Jovem que
confessou decapitação admitiu crime em conversa no Messenger, segundo
amiga (Foto: Reprodução/Facebook)
CIUMENTO E POSSESSIVO
- Shirley não gostava de Facebook e, mesmo que quisesse, era impedida
por José de ter uma página na web. A afirmação é de uma das melhores
amigas da vítima. “Ele é muito ciumento e doente”, disse a estudante.
Segundo ela, José agrediu Shirley durante as discussões do casal, após
ele desconfiar que ela o traiu. “Ele acreditou em boatos que ela tinha
um caso com um menino de onde a gente mora, mas é mentira. O bebê que
ele matou dentro da minha amiga era dele com ela”, afirmou.
“Ele já havia batido
nela e ameaçado matá-la, cortando a cabeça dela para mostrar para todos
verem, mas nunca achei que faria isso”, lamentou outra amiga de Shirley,
que, assim como a vítima, tem 16 anos.
A jovem disse que, mesmo
diante das ameaças, Shirley não quis registrar um boletim de ocorrência
contra José. “O namorado dela falava que já havia matado um bando de
gente antes”. Apesar dessa declaração, policiais do 98º DP que
investigam o caso, disseram que o desempregado não tinha passagens
criminais.
Amigas de Shirley
relataram que José é viciado em drogas a ponto de se tornar violento.
Ele admitiu em depoimento à Polícia Civil que soube da suposta traição
da namorada quando fazia uso de entorpecente. “Shirley, acreditando que
José estava sob o efeito da droga, falava sobre relacionamentos que
mantinha com outros homens”, relatou no boletim de ocorrência.
VIZINHOS
- O crime surpreendeu vizinhos da viela próxima à Rua Manuel Rodrigues
Mexelhão, onde moravam Shirley e José. Segundo eles, os dois se
conheceram porque a mãe da adolescente se casou com o pai do rapaz.
“Foram criados como
irmãos desde pequeninhos, mas aí se apaixonaram e passaram a viver como
casal”, disse o desempregado Valdir Galdino da Silva, de 56 anos, que
não acredita que a garota tenha traído José. “Ela não seria capaz disso.
Gostava muito dele, tanto que ficou grávida dele, né?”.
O CRIME
- Segundo a investigação policial, José contou que matou Shirley na casa
de seu irmão na noite de quinta-feira. Eles se encontraram, tiveram
relações sexuais e discutiram por causa da possível traição.
José disse que a
desconfiança aumentou após a mulher engravidar, pois ele disse ter visto
na carteirinha de saúde dela que sua última menstruação foi em agosto,
quando o casal estava separado. Após insistir, ela então teria
confessado ter se relacionado com um amigo do casal às vésperas do Natal
e do Ano Novo, segundo a versão do assassino.
Quando a adolescente se
preparava para tomar banho, ele aplicou uma "gravata" até ela desmaar.
Ao perceber que a companheira estava morta, foi até a cozinha, pegou uma
faca e decapitou a vítima.
Em seguida, enrolou o
corpo da jovem em um edredom, amarrou o tronco e os pés e o escondeu
atrás de um botijão de gás. A casa foi limpa para que o irmão não
desconfiasse. Com o passar do tempo, o cadáver começou a cheirar mal e
José decidiu levá-lo para a viela, onde o corpo foi encontrado por
moradores.
Ao descobrir que a
adolescente havia sido achada, ele percorreu 30 quilômetros em dois
ônibus e foi até a delegacia, onde se apresentou à polícia e foi detido
em flagrante.
*Com informações do
G1/São Paulo
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