Alta de 37% no consumo de etanol reflete a opção
do consumidor pela substituição dos combustíveis, diante da alta
de preços e tributos na gasolina.
(Foto: Mário Zambelli) |
O levantamento de
vendas de combustíveis da Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP) indicou uma queda de 1,9% no
consumo total de combustíveis em 2015, na comparação com o ano
anterior. A queda foi puxada, sobretudo, pelo fraco desempenho
da economia.
Segundo Waldyr
Barroso, diretor da agência reguladora, a perspectiva é que
neste ano haja uma estabilidade no volume de vendas. "Devemos
ter um comportamento bem parecido, em função da própria queda na
economia. Acredito que deve espelhar o que aconteceu ao longo de
2015, com estabilidade nas vendas em relação a 2015", avaliou
Barroso.
Para ele, o
perfil do consumo neste ano também vai depender do resultado da
safra de açúcar, que interfere sobre a produção de etanol e seus
preços. "O consumidor vai para o posto com uma calculadora.
Quando ele percebe que o preço do etanol está deslocado em até
70% em relação à gasolina, rapidamente ele entende que é
vantajoso o etanol pela mesma quantidade de energia", completou.
As vendas de
gasolina no país se retraíram 9,2% em 2015 ante o ano anterior.
Acompanhando o fraco desempenho da economia, o consumo de diesel
também recuou, |
4,7%. Apenas o
consumo de etanol cresceu no País, na faixa de 37,5%, como
alternativa para o consumidor frente à elevação do preço dos
combustíveis.
"O encolhimento não
é tão ruim assim. Se fizer comparação com o emplacamento de
veículos, que caiu mais de 27%, vemos que não foi tão ruim",
ponderou Rubens Freitas, superintendente adjunto de
Abastecimento da agência reguladora. Segundo ele, o setor tem
rápida resposta diante da retomada do crescimento e da
distribuição de renda. "Qualquer R$ 200 que coloquemos na renda
das classes C e D, isso vai se repercutir na demanda por
combustíveis", avaliou.
De acordo com os
dados da ANP, a produção de gasolina no país caiu no último ano,
como reação da Petrobras à queda na demanda. Assim, houve um
déficit de 30 mil barris por dia na balança comercial do
combustível. Em volumes, houve uma alta de 1% no total
importado, associada a uma menor produção da Petrobras.
"A Petrobras
deixou de produzir o equivalente a 3 bilhões de litros. Ela
vinha ao longo dos últimos anos aumentando sua produção de
gasolina A. No ano passado, optou por tirar o pé do acelerador
na produção de gasolina", afirmou Freitas.
Com a menor
produção da estatal, a BR Distribuidora, subsidiária de revenda
de combustíveis no varejo, perdeu participação no mercado
doméstico. Em 2015, a empresa teve cerca de 28% de participação
do mercado, liderando as vendas. Em seguida, aparecem Ipiranga e
Raízen, ligada à Shell, que apresentaram oscilações positivas
entre 25% e 20% nas vendas de gasolina, respectivamente.
Para Freitas, a
elevação das importações, para compensar a interrupção dos
projetos de construção de novas refinarias, vai aumentar a
pressão sobre a logística de terminais portuários e rede de
distribuição de gás. "Em 10 anos, com crescimento econômico e
distribuição de renda, podemos ter até 400 mil barris por dia de
importação de gasolina. Não temos nenhum projeto de refinaria. À
medida que vão aumentando as importações, temos que ter olhar
mais cuidadoso com a infraestrutura", pontuou.
DIESEL E ETANOL
- As vendas de diesel caíram 4,7% em 2015, segundo Rubens
Freitas, devido à queda na atividade econômica. Como a maior
parte da produção brasileira é transportada em caminhões, o
consumo do combustível reflete diretamente a retração do Produto
Interno Bruto (PIB). No último ano, houve ampliação da produção
em pelo menos 2 bilhões de litros, com a operação da Refinaria
Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. Em compensação, houve
redução da importação de 4 bilhões de litros.
Para o etanol, a
avaliação é de que a alta de 37% reflete a opção do consumidor
pela substituição dos combustíveis, diante da alta de preços e
tributos na gasolina. "Estamos no limite da nossa produção de
etanol. Acima disso, só com esforço grande e conjunto de
fatores. Ainda podemos trazer mais etanol sem investimentos, mas
isso sacrificaria os compromissos de exportação do País, e em
termos de rentabilidade, não seria interessante para o
fornecedor", avalia Rubens Freitas.
Também foram
registradas quedas no consumo de Gás Liquefeito de Petróleo
(GLP), de 1,2%, de Querosene de Aviação (QAV), de 1,5%, e de
Óleo Combustível (20,4%). "Térmicas representaram, em 2014, 50%
do consumo de óleo combustível. Mas em 2015, as térmicas foram
menos acionadas. Não há por que se assustar com a queda. Quanto
menos óleo for queimado, melhor para o meio ambiente", pontuou
Freitas.
Segundo ele, a
previsão é de que em 2017 seja concluída a Unidade de
Processamento de Gás Natural (UPGN) do Comperj, única obra
mantida no cronograma da Petrobras para o complexo - e
paralisada por divergências com o consórcio. "Pode ser que isso
reduza nossa dependência externa", avalia.
*Fonte:
G1/Economia
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