Ao todo são cinco tipos: a hepatite B é a que mais mata,
apesar de haver vacinas disponíveis: mais de 600 mil
pessoas no mundo. E a hepatite C , que não tem vacina, é
considerada a maior epidemia da humanidade hoje -
superior à AIDS/HIV em cinco vezes - afetando 150
milhões globalmente.
Itamar
Montalvão pode se considerar um sobrevivente. Ele tem
hepatite C provavelmente há 30 anos, mas a doença nunca
se manifestou. Ele passou por uma transfusão de sangue
aos três anos de idade por causa de um tumor no rim, que
acabou sendo retirado. Naquela época, em 1976, a doença
transmitida pelo sangue ainda era desconhecida da
comunidade científica.
Três
décadas depois, quando o outro rim começou a parar de
funcionar, ele fez exames para entrar na fila do
transplante e começou a fazer hemodiálise. Acabou
descobrindo que também tinha o vírus da doença. “A
hepatite é silenciosa”, diz o advogado de 39 anos. “Por
sorte o meu sistema imunológico ainda não deixou que ela
destruísse o meu fígado”.
Há
quatro anos sabendo que tem a doença, Montalvão já
passou por dois tratamentos sem sucesso. “Passei muito
mal, ficava fraco e o meu cabelo caiu. Eram verdadeiros
ataques nucleares”, conta. No ano passado após passar
por testes de um novo medicamento, o vírus aparentemente
tinha desaparecido, mas em fevereiro deste ano, exames
descobriram que o vírus ainda estava em seu corpo, ainda
que em níveis bem baixos. “Foi a primeira vez nesta
história toda, tanto no meu problema do rim, quando no
do fígado, que eu chorei muito”, diz.
A médica
Sumire Sakabe, infectologista do Hospital 9 de Julho, em
São Paulo, explica que é comum que o vírus da hepatite C
demore muitos anos para se manifestar. “Porém, quando o
vírus não é neutralizado pode resultar em cirrose
hepática ou um câncer no fígado e levar à morte. O
tratamento tem efeitos colaterais e pode demorar anos
para ter resultado”, disse.
Para
ela, a prevenção é a melhor opção. “O diagnóstico é
difícil porque não é feito rotineiramente. Tanto a
hepatite B quanto a C precisam de um exame específico
para serem detectadas”, disse. “Por isso, eu vejo com
bons olhos esta ampliação da faixa etária de vacinação
gratuita da hepatite B. São três doses e a vacina
funciona pela vida toda”, disse. Desde abril deste ano
qualquer pessoa com até 49 anos pode ser vacinada contra
a hepatite B, gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde
(SUS). Antes, a idade limite era 29 anos.
De
acordo com pesquisa de 2009 da Sociedade Brasileira de
Infectologia, a cada ano ocorrem cerca de 37,5 mil casos
de hepatites virais no País. As mais comuns são as A e
B, seguidas pela C.
Tipos de
hepatite e contágio
A hepatite A é a mais fácil de tratar e é transmitida
por objetos e alimentos contaminados. Já a hepatite B é
de difícil tratamento e raros casos de cura total. É
transmitida principalmente através de relações sexuais e
contato sanguíneo e pode levar à cirrose, câncer de
fígado e morte. Para as duas primeiras, há vacinas
disponíveis.
Já a do tipo C é transmitida por sangue, principalmente
transfusões e sexualmente apenas quando há sangramento
mútuo. A hepatite G e a E e as auto-imunes são mais
raras.
“A
prevenção passa pelo uso de camisinha, não
compartilhamento de seringas, cuidados com transfusão de
sangue, uso de material esterilizado em cirurgias e
manicure e a vacina”, disse Sumire.
*Fonte: Saúde IG |