Dependendo do ângulo que se analisa, Descalvado é tão bem servida pela natureza quanto a cidade de Brotas. E não é necessário buscar um ângulo muito distante para obter esta visão.
Infelizmente, o turismo (ou o seu desenvolvimento) nunca foi levado a sério em Descalvado, por nenhuma administração que já passou pelo executivo. O site Descalvado News resolveu realizar uma rápida pesquisa, e em apenas uma manhã de entrevistas, encontrou a seguinte dúvida na esmagadora maioria daqueles que foram consultados: "Para que serve o cargo de Diretor de Turismo em Descalvado?".
Para você entender melhor, perguntamos a 60 pessoas, 30 homens e 30 mulheres, todos acima de 25 anos, e divididos em quatro regiões da cidade: 15 pessoas na região norte (Santa Cruz e Bela Vista), 15 pessoas na região leste (Jardim Albertina e Parque Milênio); 15 pessoas na região sul (Jardim do Lago e Jardim Colonial) e mais 15 pessoas no centro da cidade. Todas elas aceitaram responder "SIM" ou "NÃO" para as seguintes perguntas:
1) Você sabia que em Descalvado existe o cargo público nomeado
pelo prefeito de Diretor de Turismo?
O resultado para esta pergunta foi: 93,33%
responderam que "NÃO" sabiam da existência do
cargo de Diretor de Turismo na Prefeitura Municipal e
6,67% responderam "SIM", que sabiam da
existência do cargo.
2) Você acredita que o turismo em Descalvado gera algum emprego?
Já para esta pergunta, o resultado foi ainda mais surpreendente:
100%, isso mesmo, todos os entrevistados,
responderam "NÃO", que não acreditam que o turismo
gera emprego algum aqui em Descalvado.
A título de informação, utilizamos como base para esta simples pesquisa, o método de "Amostragem Aleatória Simples", que corresponde a um método de seleção de pessoas de forma aleatória, em que cada pessoa tem uma probabilidade igual (e não nula) de ser selecionada no local em que ela se encontra. Vale ressaltar aqui que a pesquisa foi realizada em pontos onde há certa concentração de pessoas, como por exemplo comércios, supermercados, entidades ou outros locais que apresentam circulação dos moradores daquelas regiões.
É lamentável que a própria população não reconheça no turismo, que é sem dúvida alguma um setor de enormes possibilidades para alavancar e fomentar a economia, seja ela local, regional ou até mesmo nacional (aliás este é o setor que mais vem crescendo no Brasil), uma fonte de renda e de geração de empregos. Mas não se pode colocar a culpa dessa precariedade (ou completa ausência se você preferir) da exploração turística de Descalvado na sua população, pelo simples fato de que ela não acredita que o setor não gera empregos por aqui. É preciso olhar para trás e enxergar os erros cometidos no passado, e incrivelmente repetidos ainda nos dias atuais. Nunca se teve uma política voltada para o turismo em nossa cidade, e o maior exemplo desta afirmação foi quando, num passado não muito distante, a Prefeitura Municipal de Descalvado deixou de adquirir as terras onde hoje se encontra o Salto do Pântano, tido como o principal atrativo turístico da cidade, em uma espécie de leilão, onde os proprietários de uma fazenda vizinha arremataram o local por um preço irrisório. Foi um grande erro daquela administração, que não se ateve à importância para o município em adquirir definitivamente o Salto do Pântano.
Hoje, com as possibilidades oferecidas pelas PPP's (Parcerias Púbico Privadas), ainda haveria a oportunidade de uma desapropriação daquele local pelo município, que em conjunto com a iniciativa privada, proporcionaria definitivamente a realização do antigo sonho de transformar aquela região em um leque variado de opções para o turismo. Mas mesmo na atual administração, que em 2010 alardeou a elaboração do Plano Diretor de Turismo realizado por uma equipe da USP, onde afirmava tratar-se de um "divisor de águas" no planejamento e nas iniciativas para alavancar o setor, passados pouco mais de 2 anos nada foi concretizado.
Existem diversas possibilidades de se alavancar o turismo em Descalvado. Temos um excelente kartódromo, que poderia atrair competidores e expectadores com certa regularidade aos finais de semana, com o incentivo e a promoção de campeonatos regionais e até mesmo estaduais, que aliados ao belo cartão postal que é a Praça do Lago, serviria também como palco de atrações musicais e até mesmo regionais, a exemplo do que ocorre com o concurso "Viola de todos os Cantos" da EPTV; no artesanato, que incrementado pelos produtos originários dos arranjos produtivos do mel e do leite que estão se formando, poderiam atrair visitantes com a realização de feiras e exposições em determinadas datas; no MotoCross que possui local ideal para a prática de campeonatos e para os expectadores, e que como no passado, atrairia um bom público; sem falar na febre do turismo rural que atrai cada vez mais os moradores dos grandes centros para o sossego e as aventuras oferecidas por atividades radicais, pelos passeios, pela gastronomia e a também pela proximidade com a natureza e os animais. Quantos proprietários rurais poderiam se beneficiar com uma política de incentivo, encabeçados por uma equipe competente e disposta a alavancar o setor, planejando, orientando e buscando parcerias, oferecendo o suporte necessário para incrementar os novos negócios? Quantos empregos estes mesmos proprietários não poderiam gerar com seus negócios?
Estes são alguns exemplos que já compõem o difícil trabalho de se fomentar o turismo em muitas cidades, e que tiveram a visão acertada do caminho a ser percorrido. É claro que há muitas barreiras a ser transpostas, mas é necessário ter a coragem para iniciar o trabalho que precisa ser feito. E o desprendimento político em não importar-se de que talvez, o seu sucessor possa colher os frutos deste trabalho, mas que na verdade, o grande beneficiado seria o povo descalvadense.