Norli sofre com demora para o marido ter prótese
importada (Foto: Marlon Tavoni/EPTV) |
Os pacientes que precisam realizar cirurgias que exigem o uso de implantes
importados de platinas ou titânio pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sofrem com a
demora na região de São Carlos. As
próteses importadas chegam a custar 15 vezes mais do que as similares
oferecidas. O Ministério da Saúde em Brasília informou que o SUS atualiza
regularmente a lista de quem precisa de próteses de alto custo.
Após ser atropelado
há cinco meses por um caminhão, o estudante Rogério Arrighi, de Ibaté,
utiliza uma prótese externa, mas ainda enfrenta várias
limitações. “Não consigo realizar algumas atividades diárias que
são básicas e também não aprendi a escrever com a mão esquerda.
Os médicos recomendaram o implante de duas placas de titânio,
que custam mais de R$ 30 mil. Só que o procedimento foi negado
pelo SUS no mês passado”, relatou. |
Arrighi entrou na Justiça, por meio da Defensoria Pública, e
espera uma resposta. “O meu maior medo é a perda de mobilidade
pela demora em conseguir a prótese interna”, contou.
Além do
estudante, a empregada doméstica Norli Aparecida Campos, de Descalvado,
está aflita pelo marido que sofreu um acidente de moto, quebrou
o fêmur e há um mês está internado na Santa Casa de São Carlos.
“O médico disse que ele corre o risco de perder a perna. Desde
que ele foi internado, precisa dessa platina e o SUS não quer
liberar porque é muito caro. Uma só fica na base de R$ 26 mil,
não temos condições de comprar”, lamentou.
“Pedi na Justiça
a prótese de platina porque a que o SUS oferece é muito fraca e
para meu marido colocar a desse tipo não vai dar certo e terá
que fazer outra operação”, justificou. A luta da família teve
sucesso e o marido de Norli foi encaminhado para cirurgia para
colocar prótese de platina nesta quarta-feira (21).
Segundo o
ortopedista Alexandre Terruggi Junior, os modelos nacionais são
de qualidade, mas alguns médicos preferem a prótese importada
porque o material dura mais. “Se você fizer uma prótese
tecnicamente bem colocada, por exemplo, bem posicionada no osso,
vai durar até 20 anos. Já a importada, por ter uma superfície de
contato de melhor qualidade, pode chegar a 30 anos. Então isso
influencia na qualidade de vida da pessoa e no gasto com novas
cirurgias”, explicou.
Para o defensor
público Rodrigo Emiliano Ferreira, o implante desse tipo de
prótese é um procedimento de alto custo que deve ser coberto
pelo Sistema Único de Saúde. O problema é que, segundo a
Defensoria Pública, a tabela SUS está desatualizada e por isso
as próteses feitas com material mais moderno não aparecem na
lista.
“O SUS trabalha
com uma série de medicamentos de próteses que são padronizadas.
Elas entram no protocolo e estão disponíveis sempre que
necessário. O que acontece é que essas próteses não são as mais
modernas. As próteses padronizadas pelo SUS são nacionais,
fabricadas em grande escala, são bem mais baratas. As mais
modernas são importadas e chegam a custar até 15 vezes mais”,
explicou.
Ferreira reforça
que o paciente deve ir atrás desse direito. “A Defensoria presta
assistência jurídica às pessoas carentes que não podem contratar
um advogado. Uma vez negado o tratamento, qualquer pessoa pode
procurar o judiciário, por meio da Defensoria, ou um advogado
particular. Em regra, concedida a liminar em até 20 dias é
iniciado um procedimento de compra da prótese e de
pré-operatório", orientou.
"É um direito,
não se pode abrir mão, tem que correr atrás, até para que o SUS
atualize sempre o protocolo clínico dele. Se as pessoas se
acomodarem, vai estar sempre disponível a prótese mais antiga”,
completou o defensor.
*Fonte: G1/São
Carlos
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