experiência
na área, o qual acredita que nossa cidade tem poucas chances de
atender os critérios determinados em normas, para a instalação
de semáforos.
O Professor, que é graduado em
Engenharia pela Faculdade de Engenharia da FEB/UNESP, Mestrado e
Doutorado em Engenharia de Transportes pela Escola de Engenharia
de São Carlos (USP), dentre outros títulos, já esteve em
Descalvado realizando e coordenando por dois anos, estudos sobre
o trânsito, transporte e logística locais, sendo conhecedor da
realidade viária descalvadense.
O primeiro
deles [estudo], financiado pela Pró-Reitoria de Extensão da
UFSCar, com o apoio da Prefeitura Municipal na figura do
ex-secretário de Planejamento, Desenvolvimento, Obras e Serviços
Públicos, Engº Edner Tortella, e da Polícia Militar, através do
Capitão Luiz Sérgio Mussolini Filho, visou criar uma metodologia
de gestão de trânsito, através do uso de modernas ferramentas de
informática, inclusive Sistema de Informações Geográficas (SIG).
“Na
verdade trata-se de um amplo banco de dados, a ser realimentado
constantemente, para que a característica de atualidade e
qualidade dos dados e informações possam conferir segurança e
transparência na tomada de decisão por parte do gestor municipal
de trânsito”, explicou Raia Jr.
O banco de
dados consta do mapa cartográfico georreferenciado, bem como
dados sobre sentido das vias, sinalização de trânsito (placas,
faixas de pedestres, obstáculos, locais de estacionamento,
etc.), velocidades regulamentada e medida para cada ponto
estratégico, localização de acidentes de trânsito (fatais, com
vítimas e danos materiais), localização de pólos geradores de
viagens (órgãos públicos, bancos, órgãos de saúde e
educacionais, supermercados, indústrias, universidade, etc.).
“Um banco
de dados relacional foi desenvolvido para informatizar os dados
sobre acidentes de trânsito na cidade. Esta ferramenta permite
fazer buscas de acidentes em locais pré-determinados, tipos de
acidentes, gravidade, etc. Para tal, precisou-se estudar e
conhecer bem a cidade de Descalvado”, acrescentou, o que
significa dizer que Descalvado através deste estudo, tem mapeado
os pontos mais críticos, ou seja, de maior incidência de
acidentes.
No segundo
estudo, de acordo com Raia Jr., procurou-se verificar possíveis
correlações que pudessem existir entre a ocorrência de acidentes
de trânsito e a localização de pólos geradores de viagens, mas,
em Descalvado o resultado foi negativo. Porém, o mesmo estudo
sinalizou que, apesar do seu porte, o município apresenta uma
alta taxa de acidentes – mas ainda assim, esse não é um dado que
justifica a instalação de semáforos.
Apesar da
equipe do Prof. Archimedes Raia Junior não ter realizado estudos
específicos em cruzamentos para verificar ou não a pertinência
de colocação de semáforos em Descalvado, o engenheiro destacou
que, considerando “a nossa experiência, eu diria que a cidade
tem poucas chances de atender aos critérios das normas para a
implantação de semáforos” e, a principal questão está no fluxo
de veículos.
“A
colocação de semáforos deve ser precedida por estudos técnicos
definidos por normas. Nelas, são estabelecidos critérios que
devem ser observados para a instalação desses dispositivos. Eles
levam em consideração, por exemplo, a quantidade de veículos que
trafegam pela via principal e secundária, por um período de
tempo. Neste caso, justificaria a colocação quando a via
principal possui um grande fluxo e a secundária também; ou a
principal com um grande fluxo e a secundária com pequeno, mas
que não consegue atravessar o fluxo da principal. Outro critério
envolve a ocorrência de acidentes cuja mitigação seja
proporcionada pela nova sinalização. Em cada caso, uma
quantidade mínima de veículos por hora deve ser observada”,
explicou.
O
coordenador do Núcleo de Estudos sobre Trânsito da UFSCar
destacou ainda que a sinalização semafórica é uma das
alternativas para o gerenciamento de conflitos em interseções ou
em meio de quadra. Mas, antes de decidir pela implantação de um
semáforo, deve ser avaliada sua efetiva necessidade,
considerando a viabilidade da adoção de outras medidas
alternativas, tais como:
a) definição da preferência de
passagem;
b) remoção de interferências que
prejudiquem a visibilidade;
c) melhoria na iluminação;
d) adequação das sinalizações
horizontal e vertical;
e) redução das velocidades nas
aproximações;
f) adequação na geometria;
g) proibição de estacionamento;
h) implantação de refúgios para
pedestres;
i) alteração de circulação;
j) inversão da preferência de
passagem;
k) implantação de minirrotatórias;
l) direcionamento dos pedestres
para locais de travessia seguros;
m) reforço da sinalização de
advertência.
Ou seja, o
gestor de trânsito não deve apenas decidir-se pela implantação
do semáforo para simplesmente acompanhar ‘a modernidade’ ou ação
semelhante. Nem mesmo a frota municipal é justificativa para
isso. Em Descalvado, por exemplo, de acordo com dados do SEADE
(Sistema Estadual de Análises e Estatísticas), a frota
descalvadense é de 17.394 veículos, ou seja, 1,79 habitante por
veículo. Segundo Raia Jr., os critérios utilizados mundialmente
para a implantação de semáforos não consideram a taxa de
motorização de uma cidade ou região. “Uma cidade pode ter uma
alta taxa e não precisar de semáforos, outra, pode ter uma baixa
taxa e requerer a sua colocação”, disse.
SOBRE ARCHIMEDES
RAIA JUNIOR
Possui
graduação em Engenharia pela Faculdade de Engenharia da
FEB/UNESP, mestrado e doutorado em Engenharia de Transportes
pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP). Professor
Associado da Universidade Federal de São Carlos; Membro
Benemérito da Associação Nacional de Transportes Públicos;
Membro associado da Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em
Transportes-ANPET; Consultor ad hoc do CNPq-Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico, da FAPESP-Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo; Membro do Conselho
Editorial e parecerista ad hoc da Revista Caminhos da Geografia,
Parecerista ad hoc dos periódicos Transportes, Journal of
Transport Literature, Ciência & Engenharia, Revista Árvore,
Revista Gepros e Revista AUGM DOMUS/Argentina. Colunista da
publicação Trânsito em Revista e Jornal da Cidade de Bauru.
É Coautor
dos Livros Segurança no Trânsito (Ed. São Francisco, 2008), e
Segurança Viária (Ed. Suprema, 2012). Autor de mais de uma
centena de artigos publicados em congressos e periódicos no
Brasil e Exterior. Orientou dezenas de mestrandos e doutorandos.
Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito 2010. Presidente da
Comissão Permanente de Segurança no Trânsito da UFSCar. Diretor
de Engenharia da ASSENAG-Associação dos Engenheiros, Arquitetos
e Agrônomos de Bauru. |