Veteranos da Revolução Constitucionalista de 1932
participaram das comemorações do feriado em 2012 na
capital (Foto
Hélvio Romero/AE) |
Há 15 anos, desde 1997, o dia 9 de julho passou a ser feriado civil no Estado de
São Paulo. Trata-se da celebração da data magna do Estado, em memória ao dia em
que os paulistas pegaram em armas para lutar pelo regime democrático no País,
deflagrando a Revolução Constitucionalista de 1932.
A data foi
oficializada pelo Projeto de Lei nº 710/1995, do deputado
estadual Guilherme Gianetti. Aprovado pela Assembleia
Legislativa, o projeto virou Lei Estadual nº 9.497, de 5 de
março de 1997, sancionada pelo então governador Mário Covas. O
caminho para criação do feriado surgiu com uma lei federal que
dispõe sobre feriados estaduais. |
A Revolução de 1932 foi um movimento armado ocorrido entre
julho e outubro de 1932. O objetivo era a derrubada do
presidente Getúlio Vargas, que estava no poder desde 1930.
Insatisfeita, a população iniciou protestos e manifestações,
como a do dia 23 de maio, que terminou num conflito armado.
A revolução
acabou eclodindo no dia 9 de julho, sob o comando dos
generais Bertolo Klinger e Isidoro Dias. O levante se
estendeu até o dia 2 de outubro de 1932, quando os
revolucionários perderam para as tropas do governo. Mais de
35 mil paulistas lutaram e pelo menos 890 pessoas morreram
nos combates.
9 DE JULHO DE 1932 – A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA EM DESCALVADO
(Com
informações do Livro Conheça Descalvado de Luiz Carlindo A.
Kastein e registros de Gerson Álfio De Marco)
No dia 10 de julho de 1932, seguira para a luta os componentes do
destacamento local da Força Pública do Estado. Seguiram também diversos
descalvadenses que prestavam serviço militar em guarnições do Estado e do País
ou estavam vinculados as forças armadas em definitivo. Entre eles de Campo
Grande, Mato Grosso, o Sub-oficial João Batista Betestti e seu irmão Sargento
Arlindo Bestetti, ambos integrados nas hostes do General Bertoldo Klinger,
comandante supremo da revolução; Osvaldo de Arruda Reis, do 2º Regimento de
Cavalaria de Pirassununga e Guerino Luiz Mazzola do 4º Regimento de Infantaria
da Capital do Estado.
Descalvado enviou
também muitos voluntários: Dr. Nelson de Godoi Pereira
engenheiro, os irmãos José Bento Ferreira e Clodovil Faria
Ferreira, Nelson Brand de Lima, Ulpiano Valente, Antonio Mayese
(renomado futebolista descalvadense), John Von Schmidt, Dr.
Glenan Leite Dias (que serviu em hospital de guerra), Alberto
João Domingues (cantor barítono), Nelson Jordão, os irmãos
Manoel Barbosa Adorno, João Vicente Adorno e Joviano Vicente
Adorno, José da Silva (humilde roceiro), Silvério Eusébio
Guimarães (tipo popular da época conhecido como Zé Bolô), Plínio
de Castro Prado (que serviu na Cavalaria Rio Pardo), Benno
Rieckmann (que também serviu na Cavalaria Rio Pardo e mereceu
ver seu nome citado no livro de Orígenes Lessa, “Ilha Grande” e
que narra os sofrimentos de prisioneiros paulistas nessa ilha
carioca), Fernando Villa (um dos dois descalvadenses presentes
na 1ª Grande Guerra, combatente do front italiano, como
artilheiro e ostentador de quadro medalhas de guerra, três do
Reino da Itália e uma da República da França e que ao partir
para a guerra paulista, levou consigo o seu velho capacete de
aço que o acompanhou nos campos de batalha da primeira grande
guerra, Péricles de Oliveira (o Pequinha), que se singularizava
por sua vida boêmia, Mário Vitulli, Alceu Dutra entre outros.
Infelizmente alguns
desses valentes combatentes perderam as suas vidas no combate:
Antonio Fernandes de Oliveira, o Totó, rioclarense de nascimento
mas descalvadense de criação, enteado do Cel. Rafael Tobias de
Oliveira Sobrinho; em julho a morte de Luiz Roher, natural de
Analândia, mas consorciado da família Barbosa Adorno de
Descalvado.
No dia 30 de julho tomba em Areias, Oswaldo de
Arruda Reis, que contava com apenas 21 anos e em 16 de Agosto, a morte em
Silveiras de Guerino Luiz Mazzola. Era a morte de dois descalvadenses. Oswaldo
de Arruda Reis era filho de Ananias dos Reis e de Lídia de Arruda Reis, nascido
em Descalvado, em 21 de abril de 1911. Guerino Luiz Mazzola era filho de Luiz
Mazzola e Célica Bertani Mazzola e havia nascido em Descalvado, em 3 de novembro
de 1909. O destino reserva-lhes então a rua principal de Descalvado, para batizá-la
com seus nomes, numa eufônica conjunção denominativa: a Avenida Guerino-Oswaldo. |
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Missa de
corpo presente de Guerino e Oswaldo em 1932 |
Mas a
participação de Descalvado na revolução, foi muito além de ceder bravos
soldados. A população descalvadense doou muitos alimentos que seguiam para as linhas
de frente em vagões da paulista. Foram cedidos incontáveis cavalos, escolhidos a
dedo após a maior concentração hípica local no antigo campo de pólo. E cedeu
muitos braços de trabalhadores para a abertura de trincheiras além de Araras,
num preparo de retaguarda para possível defesa caso fossem rompidas as linhas de
Mogi-Mirim e Campinas e que, de fato, o foram, mais tarde.
A revolução pediu
também a Descalvado um campo de pouso de emergência para aviões
constitucionalistas e, nas terras da Fazenda Graciosa de Plínio de Castro Prado,
mais de trezentos trabalhadores rurais das circunvizinhanças construíram em
poucos dias, o campo. Os pousos acabaram não acontecendo, mas por ele passou em
um sobrevôo o famoso Vermelhinho, avião da Ditadura Vargas, pilotado pelo Brigadeiro
Eduardo Gomes, que veio espionar o arrojo da gente descalvadense que tanto
contribuiu para a revolução paulista. |