Funcionário denuncia abate cruel de bezerros
(Foto: Isaac Soares de Souza/Arquivo pessoal) |
Um funcionário do Parque Ecológico de São
Carlos denunciou o abate recorrente de gado de forma cruel no local,
com o objetivo de alimentar outros animais. O tratador Isaac Soares de Souza, de
54 anos, gravou um vídeo que mostra um bezerro sendo morto com uma
marretada na cabeça e uma facada no coração. A Prefeitura admitiu que a matança
ocorria, mas disse, nesta terça-feira (4), que já determinou a suspensão do
abate no local. A Promotoria vai analisar o caso.
“Isso ocorre há
anos e com frequência. A morte desses bezerros é necessária para
subsistência de outras espécies, como onças e outros animais, já
que a carne serve de alimento, mas o método é criminoso. O certo
seria comprar a carne pronta, preparada”, falou Souza. |
Segundo Souza, a
ação era praticada pelos próprios funcionários do local. “Em um
ano e meio trabalhando lá sempre recusei a fazer isso e sempre
me chamaram de vagabundo. Reclamei com a administração, mas
nunca tiveram nenhuma iniciativa. Somos assediados moralmente a
fazer isso, mas tem que acabar porque não é justo ter que
conviver com isso, cometendo esses erros”, desabafou o cuidador
de animais.
Depois de mortos,
os animais eram pendurados no Parque Ecológico mesmo para fazer
a sangria. “Quem faz isso é uma gente atroz, é um crime
medieval, dar machadadas no animal e ele não morrer, isso é uma
tortura. E uma pessoa no meio de tanto sangue, é praticamente
terrorismo”, opinou.
Abate
humanitário - Segundo a médica veterinária e supervisora do
Hospital Veterinária da Faculdade Anhanguera de Leme, Glauce
Pilon dos Santos, existem leis específicas que determinam o
abate humanitário. “O abate humanitário é feito com uma pistola
pneumática atinge o sistema nervoso central do animal, que já
perde a consciência e não vai ter dor. Tudo isso é muito
importante e visa sempre o bem estar do animal”, explicou Glauce.
Segundo ela, a
próxima etapa é fazer cortes em veias e artérias para que o
animal sangre, entretanto, há locais específicos para a sangria.
“Existem locais adequados nos frigoríficos onde é feita a
sangria, tudo dentro do procedimento exigido”, alertou.
Legislação
- Em nota, a Prefeitura de São Carlos informou que no dia 15 de
maio de 2013 a diretoria do Parque determinou que fosse suspenso
qualquer tipo de abate de animais nesse local. Entretanto, desde
1992, a Lei nº 7.705, determina em seu artigo 1º o uso de
métodos científicos e modernos de insensibilização antes da
sangria e proíbe tanto o uso de marreta, como a mutilação de
animais antes da insensibilização.
Perseguição - O cuidador de animais afirmou ainda que desde que fez a denúncia
nas redes sociais, no dia 30 de maio, tem sofrido perseguição no trabalho.
“Depois que publiquei o vídeo na internet ninguém mais conversa comigo porque
fizeram uma reunião orientando que me denegrissem, para que os outros
funcionários falasseem mal de mim”, reclamou Souza.
Em nota, a
Secretaria de Serviços Públicos afirmou que a afirmação do
funcionário causa estranheza, já que ele está trabalhando
normalmente no mesmo local e com o mesmo serviço.
Investigação - O caso já foi levado à Promotoria de Meio Ambiente de São Carlos
e está nas mãos do promotor Sérgio Domingos de Oliveira, que ainda analisa as
imagens antes de se pronunciar. A Prefeitura também informou que vai abrir uma
sindicância para apurar os fatos.
Leia a íntegra da
nota divulgada pela Prefeitura:
Em relação a
denuncia sobre o abate de animais nas dependências do Parque
Ecológico “Dr. Antônio T. Vianna”, a Prefeitura de São Carlos
informa que no dia 15 de maio de 2013, a diretoria do Parque
determinou que fosse suspenso qualquer tipo de abate de animais
nesse local.
Apesar da determinação, no dia 20 de maio de 2013, na ausência
do responsável pelo Parque, o ato foi praticado, e filmado, por
meio de um aparelho celular pelo funcionário denunciante.
A Prefeitura solicitou a abertura de uma sindicância para apurar
os fatos e informa, ainda, que o prefeito Paulo Altomani já
autorizou a aquisição de equipamento para a realização do
chamado abate humanitário.
*Fonte:
G1/São Carlos |