Luiz Carlos Vick Francisco (PPS), presidente da Comissão de
Justiça e Redação e primeiro vereador a discursar na tribuna
na Sessão da Câmara da última segunda-feira, se disse
surpreso com a matéria e taxou de ‘iniciativa irresponsável’
as declarações por parte do prefeito interino, uma vez que a
‘demora’ na análise dos projetos da Prefeitura, segundo o
vereador, tem se dado em razão dos processos apresentarem
falhas e ausência de informações.
“Nós [membros
da Comissão de Justiça e Redação] já tínhamos combinado que
lidaríamos com essa situação com descrição, faríamos nossas
análises e apontamentos de maneira discreta, sem alardes,
mas diante do que foi veiculado é preciso que a verdade
venha a tona. Nós temos nos deparado com projetos mal
feitos, mal elaborados e com informações desencontradas, sem
condições de serem votados. A Câmara, ao contrário do que
foi dito, tem trabalhado de forma responsável e
profissional, sem atropelos, porque a responsabilidade é
nossa”, disse Vick, remetendo o público presente à lembrança
do caso da TV Visão em que vereadores aprovaram a matéria e
até hoje, ressarcem os cofres públicos pela medida
irregular.
Vick ainda
destacou um dos projetos que encontra-se com falhas;
trata-se do projeto de lei nº 09/13, que dispõe sobre
abertura de crédito adicional especial à dotação
orçamentária, no valor de R$ 218.000,00 para a execução de
passeio público, recapeamento asfáltico, aquisição de
semáforos, USF Morada do Sol, passarela Santa Cruz e Mureta
de Contenção da Avenida das Flores. Segundo o vereador, na
mensagem o projeto traz que R$ 150 mil deste montante seria
utilizado para comprar um aparelho de raio x e um veículo
para ser utilizado pelas unidades de Saúde da Família, o que
significa dizer que do crédito sobraria o recurso de R$ 68
mil, ou seja, insuficiente para cobrir as despesas de todas
as obras e benfeitorias citadas (semáforos, recapeamento
asfáltico, término da USF Morada do Sol, construção de
passarela na Santa Cruz, etc).
“E são por
essas razões que hoje, com a presença do Diretor de
Finanças, mediante as explicações e o consenso entre os
vereadores, tivemos que devolver 10 projetos para serem
refeitos e, retivemos quatro, para poder serem melhor
analisados. Então não se trata de morosidade da Câmara, mas
da fragilidade apresentada por profissionais da Prefeitura”,
destacou o vereador Vick.
Mais um
vereador a falar sobre o assunto, José Augusto Cavalcante
Navas (PTB), que também faz parte da Comissão de Justiça e
Redação, iniciou o seu discurso dizendo que está lá para
‘fazer política e não politicagem’ e que, como jornalista, o
que ele aprendeu é que deve haver a imparcialidade de um
meio de comunicação, ouvindo-se os dois lados de uma
situação para saber exatamente o que acontece.
“Se a Câmara
está lenta, então a Prefeitura também tem a sua morosidade.
Protocolei um ofício no início de fevereiro solicitando
informações das exonerações e hoje [segunda-feira, 04]
recebi uma resposta assinada pela Procuradoria Jurídica,
dizendo que eu devo me dirigir ao setor de RH da Prefeitura
para obter as informações. Eu vou sim, mas quero dizer que
todos nós estamos trabalhando e muito e ninguém está
brincando de ser vereador, mas ninguém aqui vai aprovar
projeto sem saber o que está acontecendo”, enfatizou Guto.
Edevaldo
Benedito Guilherme Neves (PMDB), relator da Comissão de
Justiça e Redação também rebateu as críticas de Sposito em
plenário. “Dizer que está havendo retaliação e boicote da
Câmara não é verdade e jamais faríamos isso, temos
responsabilidade e obrigações de aplicar a técnica
legislativa. A frase do senhor prefeito foi no mínimo
infeliz, agressiva e a busca pela imprensa para dizer isso
só traduz a pressão que querem impor à Câmara, mas não vão
conseguir, porque vamos trabalhar de maneira correta. Nenhum
dos projetos que aqui estão perderam os seus prazos
regimentais, está tudo dentro do prazo”, disse o vereador.
Segundo o
parlamentar, os projetos que têm adentrado à Câmara
apresentam falhas, são ‘mal acabados’, faltam documentos e
nenhum dos vereadores possui ‘bola de cristal’ para
adivinhar exatamente o que se pretende com os processos,
mediante tantas falhas. “É preciso que o governo Sposito
delegue alguém do seu staff para que venha conversar
conosco, a propósito, quem é o líder do prefeito aqui na
Câmara, porque até agora, ninguém se pronunciou? Eu, por
exemplo, senti falta do Secretário de Finanças aqui, porque
a maioria dos projetos são da sua pasta mas, ele mandou o
Diretor de Finanças, porque sabemos quem é que está fazendo
as coisas por lá mas, vejam só, ele [Secretário de Finanças]
nem esteve aqui para dar o seu parecer financeiro”, destacou
Edevaldo.
Por sua vez,
o vereador Helton Antônio Venâncio (PSDB), fez um apelo para
que a Câmara aprecie os projetos com maior rapidez, que os
vereadores ‘façam a coisa andar’, e que a análise dos
projetos não pode demorar um mês. “Vou dar aqui uma chamada
de orelha, porque se vê que o projeto não está correto, já
aciona o responsável na Prefeitura, esclarece e corrige, não
há necessidade dessa demora. Eu já vi projeto adentrar nesta
Casa na sexta-feira e na segunda, ser aprovado. É preciso
que as coisas andem”, disse.
PROJETO
REJEITADO – dentre os projetos apreciados e votados na
Sessão de segunda-feira, o de número 07/13, de autoria do
Poder Executivo, que dispunha de abertura de crédito
adicional especial à dotação orçamentária, no valor de R$
108.092,22, para a aplicação de saldo remanescente dos 40%
da conta do Fundeb não aplicados no ano passado, foi
rejeitado por sete votos a três.
Segundo
informações, o valor de R$ 108.092,22 trata-se de um
residual dos recursos do Fundeb, que foi depositado em 28 de
dezembro do ano passado, não sendo possível ser utilizado
pela administração anterior em razão do final do exercício
financeiro. Conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação, apesar de ser recurso do ano passado, a Prefeitura
tem até o dia 31 de março deste ano para utilizá-lo e, neste
sentido foi apresentado o projeto.
Na sua
mensagem consta que os recursos seriam utilizados para a
compra e aquisição de materiais permanentes para as unidades
escolares. O fato é que os vereadores que votaram contra –
Edevaldo Guilherme, Rubens Algarte de Rezende, Henrique
Fernando do Nascimento, Adilson Gonçalves, José Dias Bolcão,
Helton Antônio Venâncio e Sebastião José Ricci,
acompanharam o voto do relator da Comissão de Justiça e
Redação (Edevaldo), que deu parecer contrário ao projeto
justificando que a referida propositura não trazia consigo
informações de que equipamentos seriam adquiridos e que
neste sentido, a mensagem mostrava-se incompleta.
Por se
tratar de um recurso do FUNDEB, em que a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação prevê a aplicação de 100% dos recursos, a
não utilização do montante de R$ 108.092,22 até o prazo
estipulado, ou seja, 31 de março, poderá no mínimo sofrer
apontamentos pelo Tribunal de Contas, podendo atingir tanto
a administração de Luis Antônio Panone, quanto a do prefeito
interino, Anderson Aparecido Sposito. |