De acordo com o que Natália afirmou ao delegado Paulo de
Castro, o companheiro disse que chegou a autoaplicar
duas doses da insulina usada pelo menino. Depois que a
polícia requereu a entrega do aparelho usado para
aplicar as doses na criança, Longo teria dito que usou
pelo menos 30 doses do remédio. "Todas as provas
levantadas até agora e os depoimentos da mãe, que depois
de ser presa, mudou sua versão sobre o relacionamento
com o companheiro, reforçam as suspeitas sobre o casal",
afirmou o promotor Marcus Túlio Nicolino, que acompanha
o caso. A afirmação do padrasto, de que autoaplicou a
insulina, pode ter sido feita para acobertar a
superdosagem na criança.
Joaquim
desapareceu de casa na madrugada do dia 4. O casal
afirmou para a polícia, no dia do desaparecimento, que
eles estavam na residência onde moram há quatro meses e
que ela foi dormir e o padrasto ficou acordado para pôr
a criança na cama, por volta da meia-noite.
Longo,
usuário de drogas, declarou que saiu naquela madrugada
para comprar cocaína, ficou fora por cerca de 40
minutos, não encontrou a droga e voltou para casa, de
acordo com a polícia. "Ele disse que encontrou o portão
aberto, mas entrou e não deu conta do sumiço da
criança", afirmou o delegado. Segundo a versão do casal,
a mãe percebeu o desaparecimento por volta das 7 horas,
quando foi aplicar uma dose de insulina na criança. O
casal acompanhou as buscas da polícia durante toda
semana.
CORPO
-
O corpo do menino foi encontrado no domingo boiando no
Rio Pardo, em Barretos. Exame feito pelo Instituto
Médico-Legal (IML) comprovou que Joaquim foi jogado no
rio já sem vida, pois não havia água nos pulmões. A mãe,
que conheceu Longo na clínica de recuperação onde ele
estava internado, defendeu a inocência do companheiro
até a prisão, no domingo. Nos novos depoimentos,
colhidos na noite do domingo e na tarde desta
segunda-feira, Natália revelou que o casal brigava e que
o companheiro via a criança como um empecilho na vida
deles.
Nos
depoimentos, Natália afirma que Longo tratava a criança
como "um pedacinho do Arthur", o pai biológico da
criança, Arthur Paes. E que ela pensava em se separar,
mas teria sofrido ameaças. "Se você for embora, eu te
acho até no inferno", teria dito o padrasto.
Um cão
farejador da polícia identificou rastros do padrasto em
um trajeto de sua casa até um ponto na beira do Rio
Pardo, onde a polícia acredita que a criança tenha sido
jogada. Imagens de duas câmeras de segurança obtidas
pela polícia, e mantidas em sigilo, mostram sem
identificar uma pessoa passando pelo local com um pano
escuro e voltando sem nada.
Natália
e Guilherme estão em prisão temporária, decretada desde
este domingo, depois que o corpo de Joaquim foi
encontrado no Rio Pardo, próximo a um rancho, em
Barretos. Há hematomas no corpo. "Não podemos atribuir
sem o laudo da criminalística esses hematomas no corpo a
uma agressão. Eles podem ter ocorrido depois que o corpo
foi jogado no rio", explica o delegado.
A
polícia também não descarta a participação da mãe na
morte da criança. "Ela ainda é suspeita", disse o
delegado. O advogado de Longo, Antonio Carlos de
Oliveira, não teve acesso ao inquérito policial e disse
que não poderia comentar o caso. Ele vai pedir à Justiça
acesso aos documentos. |
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