Sem retorno financeiro das operações com etanol e sem a abertura 
				de novas usinas, indústrias metalúrgicas e cooperativas de 
				produtores também reclamam de dificuldades econômicas.
				A comissão 
				parlamentar foi mobilizada após ações organizadas por 
				associações do segmento em Sertãozinho e Piracicaba, duas das 
				principais regiões produtoras de cana de São Paulo, que 
				concentra 60% do plantio no país. Os deputados se prontificaram 
				a interceder, junto ao governo federal, por políticas fiscais de 
				longo prazo que estabilizem o preço do etanol, bem como suas 
				condições de comercialização em território nacional. 
				“Este ano 
				vivemos uma situação paradoxal. Temos a maior safra colhida da 
				história e ao mesmo tempo uma pressão de custos e uma estagnação 
				de receita. Quanto mais se produz, mais se perde. Com os custos 
				crescentes, o preço do etanol gera uma receita abaixo da 
				registrada dois anos atrás. A conta não fecha”, afirma 
				Elizabeth, sem revelar quanto isso representa. 
				A crise no setor 
				sucroenergético - que representou o fim de 44 usinas nos últimos 
				cinco anos, mais dez em processo de fechamento e um saldo de cem 
				mil vagas de trabalho perdidas em dois anos - teve suas bases em 
				2009, após a recessão econômica internacional. Cem usinas que se 
				instalavam no país na época foram pegas de surpresa em meio a um 
				acúmulo de recursos financiados e tiveram investimentos em 
				produtividade comprometidos, explica a presidente. Três anos de 
				safras comprometidas por questões climáticas, novos 
				endividamentos ocasionados pela mecanização da colheita e 
				políticas de isenção sobre o preço da gasolina agravaram esse 
				quadro nas 400 plantas de processamento de cana em funcionamento 
				no país, segundo Elizabeth. 
				Mesmo com a 
				recente desoneração do PIS/COFINS do etanol – R$ 0,12 a menos 
				por litro pago pelas usinas –, a Unica espera, com a 
				concretização da Frente Parlamentar, a aprovação de duas medidas 
				de longo prazo: a criação de regras claras para a formação dos 
				preços dos combustíveis; e uma tributação pelo impacto ambiental 
				causado pela gasolina, de acordo com a presidente. “É um 
				reconhecimento positivo da energia verde [etanol].” 
				Reflexos na 
				indústria - A crise do setor representa menor demanda nas 
				indústrias que fornecem equipamentos para as usinas, explica o 
				diretor executivo do Centro das Indústrias do Setor Energético (Ceise 
				Br), Sebastião Macedo. As unidades de produção de peças chegam a 
				operar com até 60% de sua capacidade instalada em razão de uma 
				queda de até 50% nas encomendas. “Sem instalação de novas 
				plantas em 2011, não houve pedidos. Isso reduziu bastante a gama 
				de serviços para o setor. Fora isso, com o impacto da crise 
				mundial no mercado interno de etanol, houve redução de 
				investimento no campo e consequentemente nas indústrias”, afirma 
				Macedo. 
				Segundo Macedo, a crise instalada no setor repercutiu tanto no fechamento de 
indústrias de pequeno porte, que tinham sido abertas quando a demanda das usinas 
ainda era crescente, quanto na diversificação das fábricas, que passaram a 
produzir equipamentos para a exploração petroleira e de gás natural. “A 
característica dessas empresas permite a elas poder atender facilmente, com um 
pouco de inovação, outros mercados como petróleo e gás, papel e celulose, 
alimentos, não só cana.”Os efeitos em Sertãozinho - um dos principais polos sucroenergéticos do país e 
local em que surgiu um dos atos que 
inspiraram a Frente Parlamentar - , 
foram sentidos, por exemplo, na redução de 10% no Índice de Participação dos 
Municípios (IPM), bem como na queda no recolhimento do ICMS, segundo o 
secretário municipal de Indústria e Comércio, Carlos Roberto Liboni. As 700 
indústrias do setor representam 70% do Produto Interno Bruto local, estima o 
secretário. "A cana tem total importância em nosso país. Faz sentido que a 
Assembleia Legislativa faça parte desse movimento que busca a retomada do 
setor", afirma, sobre a criação da Frente Parlamentar em defesa do etanol. 
				Prejuízo para 
				produtores - No campo, a baixa das usinas também atinge quem 
				depende da produção e da venda da matéria-prima como fonte de 
				renda. De acordo com Arnaldo Bortoletto, presidente da 
				Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), 
				as usinas pagam atualmente de R$ 58 a R$ 60 pela tonelada de 
				cana, diante de um custo médio de produção de R$ 70. "O produtor 
				arca com um prejuízo que vai de R$ 10 a R$ 12 por tonelada. O 
				desestímulo é grande e a preocupação principal é com o produtor 
				independente, que se vê obrigado a arrendar ou vender sua 
				propriedade", disse. 
				A principal 
				reivindicação do setor, que em agosto fez protestos em 
				Piracicaba, é que o governo federal subsidie a produção da 
				cana-de-açúcar na região centro-sul do Brasil, a exemplo da 
				medida anunciada em maio para produtores do Nordeste. “Quando a 
				Petrobras fecha no vermelho, o governo socorre. No caso do 
				etanol, a cadeia produtiva fica sem amparo", relata.  Após o 
				lançamento da Frente Parlamentar, os produtores anunciaram que 
				solicitarão uma audiência com a presidente Dilma Rousseff (PT). 
				O número de 
				contratações de lavradores também é diretamente atingido pela 
				crise no segmento. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais 
				de Ribeirão Preto e Região – responsável por trabalhadores 
				rurais em Luís Antônio, Guatapará, Dumont e Ribeirão – 
				computava, até 2010, dois mil empregados na lavoura. Mas com o 
				fechamento da Usina Galo Bravo, de Ribeirão, e a dispensa de 1,3 
				mil, esse número caiu para 700, segundo o presidente da 
				entidade, Silvio Donizetti. “Eles saíram da área rural, foram 
				para a construção civil”, diz. 
				*Fonte: 
				G1/Ribeirão Preto 
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