23/04/2014
(14h15) -
Atualizada em 26/04/2014 às 09h05
EM
JABOTICABAL
Polícia Civil instaura inquérito para investigar se houve omissão de
socorro na morte de paciente conveniado ao São Francisco
Família alega que plano de saúde negou internação de paciente na UTI por
tempo de carência contratual. Empresa diz que paciente foi estabilizado.
Tiago
Pinhoni, de 34 anos, morreu após ter internação negada, dizem
familiares |
A Polícia Civil de
Jaboticabal, na região de Ribeirão Preto, instaurou inquérito
para investigar se houve omissão de socorro na morte de um
analista de sistemas de 34 anos que, segundo sua família, teve
internação negada pelo próprio plano de saúde, mesmo estando o
paciente em estado grave. A justificativa dada pela empresa São
Francisco, de acordo com parentes, foi de que o contrato do
paciente estava em período de carência – ou seja, o conveniado
ainda não tinha direito a benefícios previstos no plano
particular.
Tiago Antonio
Cotrim Pinhoni morreu na madrugada de segunda-feira (21) por
edema pulmonar agudo em um pronto-socorro municipal após ser
levado de ambulância do Hospital São Marcos, onde sua internação
foi recusada pelo Grupo São Francisco, alegou sua família. |
O Hospital São Marcos comunicou que a internação não aconteceu
porque o Grupo São Francisco não permitiu. A empresa responsável
pelo plano de saúde, por outro lado, informou que Pinhoni foi
atendido por uma equipe médica local e encaminhado para a Santa
Casa de Jaboticabal depois de ser estabilizado, mas não comentou
a internação negada. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),
reguladora de planos de saúde de todo o país, confirma que é
obrigatório ao convênio o atendimento aos pacientes com risco de
vida, mesmo quando estes estão sujeitos ao período de carência
do contrato.
INTERNAÇÃO NEGADA
- Segundo o auxiliar administrativo André Luiz Caraschi,
seu cunhado Tiago Pinhoni foi levado para o Hospital São
Marcos na tarde de domingo (20) após passar mal. “Dava
para ver que era muito grave a situação dele”, disse.
Depois de realizar atendimento de urgência e de
constatar um edema pulmonar, a equipe médica teria
recusado a internação na unidade de terapia intensiva
(UTI) porque o convênio particular do paciente ainda
estava em período de carência, afirmou Caraschi.
Ele alegou
que o plano de saúde negou o serviço mesmo diante do
risco de o paciente morrer. De acordo com o auxiliar
administrativo, no final de março outra internação, |
|
mesmo sendo
requerida por um médico, havia sido negada ao seu
cunhado com base na mesma justificativa. “Fizeram o
atendimento através da plantonista [uma médica] que
estava lá. Depois disso ela continuou com o procedimento
e requisitou a entrada na UTI. Ele estava precisando de
uma internação urgente. Mas ele não foi internado,
segundo o que passaram pra gente, pelo fato de o plano
dele estar em período de carência”, relatou. |
O analista de
sistemas permaneceu sob observação e respirando com uma máscara
de oxigênio no Hospital São Marcos até por volta das 23h do
domingo. De lá, o auxiliar relatou que o paciente foi levado em
uma ambulância para o pronto-socorro da Santa Casa, local onde
poderia receber atendimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde
(SUS).
Entretanto, uma parada cardíaca complicou seu estado de
saúde e Pinhoni morreu por volta das 4h30 de
segunda-feira por edema pulmonar agudo, segundo atestado
de óbito. “A sensação que a gente tem é de que não temos
suporte. Quem hoje precisa de atendimento não tem
suporte necessário, independente de ter plano ou não”,
afirmou Caraschi.
A família
registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil, que
instaurou inquérito para apurar omissão de socorro, de
acordo com o delegado Oswaldo José da Silva. “Vamos
ouvir os médicos que prestaram atendimento, assim como
auxiliares e responsáveis pelas anotações. Vamos pedir
as fichas clínicas para verificar se houve omissão de
socorro”, disse. Segundo o cunhado de Pinhoni, a família
vai levar o caso à Justiça, mas não deu detalhes. |
Delegado apura omissão de socorro
e quer ouvir médicos paciente |
SAÚDE
SUPLEMENTAR
- A Agência Nacional de Saúde Suplementar esclareceu que, em
casos de risco de morte, o paciente deve receber atendimento
imediato pelo estabelecimento procurado mesmo em casos de
período de carência vigente. “A preservação da vida deve ser a
prioridade e a remoção do paciente só deverá ser feita após
criteriosa avaliação de risco”, informou.
HOSPITAL SÃO
MARCOS -
A diretoria do Hospital São Marcos comunicou que o atendimento
de urgência dos conveniados é coordenado pelo próprio grupo São
Francisco e que a equipe médica é remunerada pela empresa. A
unidade hospitalar alegou ainda que o plano de saúde não
autorizou a internação de Tiago Pinhoni. “Sua internação foi
solicitada por várias vezes e não veio a acontecer uma vez que o
supracitado convênio não a autorizou.”
GRUPO SÃO
FRANCISCO
- Por meio de sua assessoria de imprensa, o Grupo São Francisco
enviou ao
DESCALVADO NEWS
a seguinte nota:
São Francisco e o Hospital São Marcos S/A lamentam a morte
do cliente
THIAGO ANTONIO COTRIM PINHONI.
Informa que cliente deu entrada no Hospital São Marcos com
histórico pregresso grave.
O Hospital deu apoio pleno ao atendimento na unidade de
emergência utilizando todos os meios necessários ao quadro
médico que paciente apresentava, inclusive com
acompanhamento da equipe médica da UTI do
Hospital.
Preservar a vida é uma prerrogativa legal. Em situação de
urgência, o atendimento deve ser garantido até que ocorra a
estabilização do quadro. O paciente foi estabilizado com
condições para remoção. Em função de sua situação contratual
foi oferecido à família a continuidade do atendimento
particular neste hospital ou regulação para o SUS. A
família optou pela remoção ao SUS, que aconteceu com quadro
do paciente estabilizado, sendo removido em unidade móvel
com o acompanhamento médico e de enfermagem para o pronto
atendimento municipal de Jaboticabal – SP, dentro dos
protocolos aceitos.
A empresa ao qual o cliente era vinculado ofereceu em
01/04/2013 para ele a adesão ao plano de saúde sem carências
e o mesmo declinou a oferta, mesmo sabendo que futuramente
para adesão deveria cumpri-las, conforme legislação vigente,
e em 11/12/2013 solicitou adesão ao plano.
O cliente teve atendido realizado diversas vezes pela rede
do plano de saúde desde sua adesão ao plano, em caráter
hospitalar, exames e consultas em diversas especialidades.
Importante esclarecer que guia de atendimento utilizada na
reportagem não se refere ao atendimento em questão. É uma
solicitação do dia 27/03/2014 que não diz respeito ao
atendimento realizado dia 20/04/2014.
Adicionalmente, o e-mail utilizado na reportagem não se
refere ao atendimento em questão. É uma solicitação do dia
27/03/2014 que não diz respeito com o atendimento realizado
dia 20/04/2014.
A São Francisco informa que disponibilizará acompanhamento
através de equipe assistência social para apoio aos
familiares.
São Francisco e Hospital São Marcos S/A
*Com
informações do:
G1/Ribeirão Preto - Fotos: Maurício Glauco
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