Na reportagem, N.S., usou o nome fictício de Luan. Há 10 meses
na Fundação, ele garantiu ao repórter que mudou e está
recuperado. Acompanhe o depoimento ao Jornal Primeira Página:
TALENTO NA NATAÇÃO
QUER SER O ORGULHO DA FAMÍLIA
- Com 17 anos, natural de Descalvado, Luan (nome fictício), está
há 10 meses na Fundação. Cometeu um grave crime, o latrocínio
(roubo seguido de morte). Estava desde os 13 envolvido com
delitos. “Era ambicioso. Queria dinheiro fácil e não depender de
ninguém. Fazia tudo porque queria. Usava droga, roubava e
brigava. Fiz muitas coisas erradas e deixei famílias tristes”,
reconheceu.
Entretanto Luan garante que mudou. “Estou recuperado”,
garantiu. Convicto, ele disse que quer ser o orgulho e
terminar os estudos. “Não tenho como mudar o passado,
mas quero esquecer tudo de mal que fiz e pedir perdão”,
disse.
Luan leva a
sério a sua recuperação, a ponto de dedicar a natação e
começar a se destacar. Prova disso é que no início deste
mês conquistou uma medalha de bronze nos 25 metros
livres em um festival de natação promovido pela Fundação
Casa.
Emocionado, e com os olhos marejados, reafirmou. “Quero
trabalhar e ser motivo de orgulho”. |
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DEMAIS
DEPOIMENTOS
– Consta da reportagem, outros dois depoimentos de menores da
região. Acompanhe:
“ERREI, DESTRUÍ
FAMÍLIA. HOJE SOU PAI E VOU MUDAR”
- Daniel (nome fictício), 16 anos, natural de Mococa/SP. Está há
11 meses na Fundação Casa. Acabou detido pela prática de
tráfico. Ele lembra que tudo começou por futilidades e uma
vaidade pessoal.
“Queria roupa
chique, de marca. Queria dinheiro fácil e acabei nessa vida.
Destruí famílias, pois levei crianças para o vício. Errei muito
e estou arrependido. Ainda mais porque hoje sou pai (tem uma
filha de três meses) e não quero mais magoar ninguém. Fiz mal
para muita gente e peço perdão”, disse.
Hoje, Daniel
fica orgulhoso, ao ser um exemplo na Fundação. Recentemente foi
aprovado no Encceja (Exame Nacional para Certificação de
Competências de Jovens e Adultos), concluindo o ensino básico.
“Agora só penso
em sair daqui, trabalhar e estudar. Vou cursar Administração de
Empresas e me tornar um cidadão exemplar”, prometeu.
“FUI PRESO POR
ROUBO. MAS QUERO UM FUTURO MELHOR”
- O pirassununguense Matheus (nome fictício), 17 anos, foi
flagrado em roubo qualificado. Segundo ele, a primeira vez que
tentou fazer algo fora da lei. Está há dois meses na Fundação.
Considerado um
exemplo, ele busca a recuperação, participando de atividades
recreativas e que proporcione dias mais saudáveis. Recentemente
destacou-se em uma gincana de férias promovida pela entidade.
Venceu as 7 provas que disputou e chamou a atenção por pular
cordas dando salto mortal.
“Fiz coisa
errada e estou aqui procurando mostrar que posso voltar a
conviver com minha família e fazer bons amigos. Quero fortalecer
minha mente e ter um futuro melhor. Vou lutar por isso e sei que
consigo vencer”, garantiu.
SOBRE A FUNDAÇÃO CASA
- Hoje, 64 internos cumprem medidas sócioeducativas na unidade
São Carlos da Fundação Casa, que completa em março deste ano,
quatro anos de atividades no município. No Estado são 149
unidades e cerca de 9 mil jovens sendo assistidos. Segundo a
assessoria de imprensa da Fundação, a taxa de reincidência dos
menores ao ano chega a 13%.
Dirigida pelo
pedagogo ribeirão-pretano da área de Segurança Pública, Marcelo
Viana Barense, 46 anos, uma nova filosofia passou a ser
empregada, com vistas a modernizar a gestão e delegar metas aos
internos, para que possam se ressocializar.
Com uma
experiência de 13 anos, sendo três deles atuando em São Carlos,
Barense disse que a média de idade de jovens que cumprem
internato é de 16/17 anos.
“Durante a
estadia na Fundação Casa existe uma gama de atividades extensa,
que vai desde o ensino formal, curso profissional básico,
recreação e lazer. Teremos ainda jardinagem e até uma horta para
que eles possam ter momentos agradáveis e produtivos”, afirmou
Barense.
Paralelamente
mediante parceria com a Gada, em janeiro e julho (período de
férias escolares), é feita uma programação especial com
workshops, apresentação circense, mágicas e Rap.
“Até mesmo com a
saúde de cada um temos uma grande preocupação, pois damos
assistência médica-odontológica e oferecemos cinco refeições
diárias, com a orientação de uma nutricionista”, enfatizou o
diretor.
*Com informações do Jornal Primeira Página e Fotos de Marcos
Escrivani
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