No local, estão abrigadas mais de 400 pessoas que aderiram à
luta. Valdir Moreira, um dos integrantes do movimento, conta que
começou a participar das apropriações quando ficou desempregado.
“A gente só tem noção quando passa necessidade e não tem o que
dar para a família comer. Temos que lutar pelo mínimo de
condição e não tem como fazer outra negociação com os
usineiros”, conta.
Ainda segundo
Valdir, ele trabalhou na Usina há dez anos, por meio ano e,
neste período, ganhou o salário apenas de três meses.
Para José Maria
Ferreira, que levantou uma barraca improvisada para ele, a
esposa Cilene Cristina e as filhas Mara Eduarda e Nauana
Cristina, o movimento tem a intenção de
chamar a
atenção das autoridades para que todos tenham conhecimento da
situação
dos participantes do movimento.
“Não tem
oportunidade de emprego para a gente, então o único jeito é
lutar pela reforma agrária e por mais direitos”, conta.
A integrante
Luzia Alvim dos Santos, de São Carlos, que participa do
movimento há quatro anos, afirma que veio às terras da Usina
para ‘tentar a sorte’. Acompanhada do marido Esmanuel Gomes, ela
afirma que o principal objetivo da família é dar vida à reforma
agrária.
“Ninguém aqui
veio para roubar, porque ninguém pega dois alqueires de terra e
leva embora. A gente não tem oportunidade, nem direito, nem
emprego. Para sustentar meus cinco filhos, nós carpimos quintal,
pegamos reciclagem, topamos qualquer coisa, mas queremos um
lugar digno para morar e cultivar”, diz.
De acordo com os
manifestantes, o principal motivo de inclusão no projeto da
reforma agrária é o desemprego. Um dos participantes, que se
identificou como Evandro e trabalhou por 11 anos no local,
afirma que a Usina chega a dever para ele cerca de R$ 60 mil,
entre salário atrasado, vale e seguro.
De acordo com os
representantes do MST, a espera é que dobre o número de famílias
para ocupação da área nos próximos dias. Eles dizem que a
fazenda foi escolhida, porque a Usina Maringá teria uma dívida
de R$ 1 bilhão com o Governo Federal. Eles querem que a área
seja trocada pela dívida para que possa ser usada para o
assentamento das famílias
LIMINAR PARA
REINTEGRAÇÃO DE POSSE
- Em nota, o departamento jurídico da Usina Maringá informou que
os dois hectares de cana invadidos são produtivos e que ia
pedir, ainda na tarde de ontem, uma liminar na Justiça para a
reintegração de posse da área.
A empresa nega
que entre os invasores estejam ex-funcionários do corte de cana.
A usina
reconheceu que existem salários e pendências trabalhistas em
atraso, mas informou que todos os débitos com os trabalhadores
serão quitados após uma audiência judicial que será realizada na
próxima semana.
*Fonte:
Jornal A Cidade - Foto: Marcos Leandro
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