Clínica onde o médico atendia
os pacientes no mesmo horário em que deveria dar expediente no
PSF de Santa Cruz da Conceição |
Um médico pode ter que devolver cerca de R$ 160 mil aos cofres públicos por
atender em clínica particular no horário em que deveria estar nos postos do
Sistema Único de Saúde (SUS) de Santa
Cruz da Conceição. A Justiça
bloqueou os bens de Anézio Doutor Junior até o fim do processo. Procurado, ele
não se pronunciou sobre as denúncias. A Prefeitura informou que aguardará o fim
das investigações e que, por enquanto, o médico continua no quadro de
funcionários. |
Uma investigação do Ministério Público constatou que o médico
deixava de trabalhar dentro do Programa Saúde da Família (PSF)
no único posto de saúde da cidade para atender em uma clínica
particular. Segundo os responsáveis pela clínica, o médico
trabalhou no local há dois anos.
Investigação
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Segundo o Ministério Público, o médico não cumpria no Centro de Saúde as oito
horas diárias contratadas pela Prefeitura, mas que recebia como se trabalhasse.
Uma liminar da Justiça bloqueou os bens do doutor para garantir que no fim de
processo ocorra uma possível reparação de danos e uma devolução de
aproximadamente R$ 160 mil.
Um dos
documentos anexados no processo mostra que o salário
bruto do médico, que atende pela Prefeitura desde 2001,
foi de R$ 7,2 mil em dezembro de 2012. Ele responderá
por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito. |
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O advogado e
presidente da ONG Participe, Mário Felício Júnior, foi quem fez
a denúncia. “É lamentável ver um médico, que deveria cumprir
carga horária ser pago por meio do dinheiro público que é
construído pelo imposto da população, trabalhando três horas por
dia e simplesmente ir para o consultório particular fazer
atendimento e deixar a população do SUS desfalcada”, contou.
Reclamações
- Os pacientes reclamam da situação na rede pública. A
costureira Elza Gimenez disse que só conseguiu uma consulta para
a mãe depois de reclamar muito. “Enfermeiros falaram que a cota
do dia já estava cheia e que só podiam fazer uma avaliação com a
minha mãe, porém não aceitei. O doutor estava lá e tem oito
horas de serviço no posto, penso que se tivesse 100 pessoas, ele
teria que atender todas”, contou.
O aposentado Marcos Dela Libera passou mal e não foi atendido na rede pública.
“Sou hipertenso, esperei pela consulta das 9h30 até 12h, já que o médico
chegaria às 10h. Mas o enfermeiro disse que o médico não me atenderia e mandou
eu o procurar na clínica dele”, lamentou.
O aposentado relatou ainda que foi bem atendido após pagar R$ 200 pela consulta.
“Fui até Leme onde
fica a clínica, agendei com a secretária e marquei para o outro dia. Em nota
fiscal tenho o horário que saí da clínica, horário em que ele teria que estar
trabalhando em Santa Cruz”, contou.
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Os
moradores que dependem do atendimento na rede pública
querem punição para o médico. “Se ele está sendo pago
para trabalhar e não trabalhou, o dinheiro foi para
onde? A saúde pública fica como?”, reclamou o motorista
José de Carvalho.
Para a dona
de casa Mislaine Mota, o retorno é essencial. “Nós temos
que cumprir o nosso dever e os médicos também, pois
pagamos impostos e devemos ter o retorno”, explicou. |
*Fonte: G1/São Carlos
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