Mulher que perdeu o bebê após ser liberada
continua internada (Foto: Reprodução/EPTV) |
Uma mulher grávida de nove meses perdeu o bebê nesta sexta-feira (26) após ser
atendida duas vezes com dores e liberada por médicos durante a semana na Santa
Casa de Leme. A família registrou boletim de ocorrência por omissão de
socorro. Esse é o segundo caso de morte suspeita de bebê no hospital, que está
em greve há nove dias. A Polícia Civil vai investigar os dois casos. Os médicos
não se pronunciaram sobre o assunto. A Santa Casa informou que em nenhum momento
faltou atendimento.
Durante a semana, a dona de casa Angélica Ribeiro da Silva Rosa
acompanhou a filha Maria José até a Santa Casa, pois ela
reclamava de dores. A primeira consulta aconteceu na
segunda-feira (22) em um posto de saúde. “Ela tinha consulta
marcada e ela já estava tendo dor. O médico fez o exame e falou
que em quatro horas era para ir para a Santa Casa. A gente veio,
o médico examinou e mandou embora e ela com dor”, disse. |
Angélica afirma que a filha voltou ao hospital na noite de
quarta-feira (24). Ela passou por consulta, mas foi liberada
novamente. Mãe e filha retornaram na manhã desta sexta ao
hospital e a morte do bebê foi confirmada. “A médica agendou que
era para vir hoje para fazer o exame do coração do bebê, para
ver se poderia fazer a cesárea ou se ia ter que esperar mais.
[Quando chegamos aqui] já não tinha mais vida”, lamentou.
Maria José continua
internada. “Ela está internada porque disseram que não pode
fazer cesárea porque pode contaminar o sangue dela. Estão
tentando o normal, mas dizem que demora de dois a três dias”,
disse Angélica.
A família
registrou boletim de ocorrência por omissão de socorro. Os
parentes acusam os médicos Marcos Gonçalves, que fez o primeiro
atendimento, e Stefânia Monteiro, que liberou Maria José na
quarta. “A gente não pode deixar impune isso, porque é uma vida
que está indo embora, por omissão de socorro. Podiam ter
internado ela, deixado mais uns dias. Agora volta essa moça para
casa com dor e a gente tem a notícia que o bebê está morto”,
afirmou a domética Rosinha Baptista da Silva, que é sogra de
Maria José.
Procurados pela
reportagem do Jornal Regional, os médicos não foram encontrados
para comentar o caso. A Santa Casa informou que em nenhum
momento faltou atendimento.
Outro caso -
Esse foi o segundo bebê que morreu de forma suspeita na Santa Casa de Leme nesta
semana. Na segunda-feira (22), a empresária
Juliana Cunha Henklein de 36 anos perdeu
o bebê que esperava após passar por atendimento e ser liberada pelo médico,
mesmo com dores e contrações. A família aponta negligência médica e acredita que
a greve no hospital prejudicou o atendimento. O caso será investigado como
homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.
Na noite de
sábado (20), a gestante, que estava de oito meses,
procurou o hospital com contrações, mas o médico Marcos
Gomes a atendeu passou um medicamento para dor e a
liberou. "Ele reclamou que trabalha em más condições,
que não é bem pago e que não tem estrutura, por isso
estavam paralisados”, explicou a mãe de Juliana,
Adaildes Henklein.
No domingo
(21), a família ligou para a médica Estefânia Monteiro,
que a acompanhou durante a gravidez, mas a especialista
orientou que ela tomasse remédio para dor ou procurasse
a Santa Casa novamente. |
|
Adaildes
acredita que greve prejudicou
atendimento da filha (Foto: Marlon Tavoni/EPTV) |
"Dissemos que
pagaríamos tudo para ela nos atender. Mesmo assim, ela disse que
não poderia atender porque estava sem banho e sem comer e mandou
que a gente procurasse a Santa Casa", relatou Adaildes.
Ainda com dor, a
gestante voltou ao hospital na segunda-feira (22) e foi atendida
por outro médico que fez o diagnóstico de que a bebê tinha
morrido.
Investigação -
O delegado responsável pela investigação dos dois casos, Edgar Alvarez, não quis
dar entrevista, mas disse que já tem um inquérito em andamento e outro vai ser
aberto na segunda-feira (29). O objetivo é apurar o que causou a morte dos dois
bebês.Greve -
O Sindicato de Saúde de Campinas, entidade que representa os trabalhadores da
Santa Casa de Leme,
em greve desde o dia 18 de julho, afirmou em nota que
são mantidos cerca de 200 funcionários para atendimento de urgência e
emergência. O sindicato também afirmou que 'se houve falha [no atendimento], ela
deve ser explicada pela diretoria clínica e pela administração da Santa Casa de
Leme'.
Os funcionários
paralisaram as atividades na última quinta-feira (18) por
reajuste salarial e outros benefícios. Os trabalhadores pedem
20% de aumento, mas a provedoria do hospital ofereceu 6,97%, o
que não foi aceito.
*Fonte:
G1/São Carlos
|