"Isso nos coloca como a segunda empresa brasileira em alimentos
processados... e também nos coloca na liderança global no setor
de aves", disse o presidente da JBS, Wesley Batista, em
conferência a jornalistas para comentar o negócio anunciado na
manhã desta segunda-feira.
Antes do negócio
com a Marfrig, grande parte da liderança da empresa em carnes
era devida à forte atuação em bovinos, segmento que foi a origem
da JBS.
A JBS, que conta
com operações em aves nos Estados Unidos, México, Porto Rico e
no Brasil, via Frangosul e Seara, passará a ter uma capacidade
de abate diário de 12 milhões de aves por dia.
Questionado
sobre como ficaria o percentual de participação da JBS no
mercado internacional, Batista evitou dar detalhes sobre a fatia
total no comércio global de aves.
A JBS adquiriu a
Pilgrim's Pride, líder em aves nos Estados Unidos, em 2009.
A Seara Brasil
acrescentará ao faturamento anual da JBS cerca de 10 bilhões de
reais.
Com o negócio
comprado da Marfrig, o faturamento anualizado da JBS deverá se
aproximar de 100 bilhões de reais.
No ano passado,
a JBS encerrou o ano com receita de quase 75 bilhões de reais.
Após a incorporação de ativos de aves e suínos no Brasil da
Frangosul, em 2012, a JBS já previa receita de cerca de 90
bilhões de reais neste ano.
A JBS entrou no segmento de aves no Brasil em meados do ano
passado, com o arrendamento de ativos da Doux Frangosul no
Brasil.
"O negócio com a Frangosul era um sinal da nossa intenção de
crescer em aves, suínos e processados... É um movimento
estratégico para o grupo de ampliar nossa participação em
segmentos de alto valor agregado e, logicamente, das nossas
margens", disse Batista.
Os ativos da Seara que serão transferidos para a JBS incluem 30 plantas de aves
e suínos no Brasil, com capacidade total de processamento de 80 mil toneladas em
produtos, além de escritórios em países-chave para as exportações da Seara.
A operação também dá mais força às operações com aves e suínos no Brasil, uma
vez que 50 por cento das vendas da Seara são para o mercado interno, ganhando
musculatura para competir com a BRF, que já é a líder no mercado interno de
aves.
Batista disse que
vê muitas sinergias entre os negócios de carne bovina, suína e
de aves no que se refere às operações de venda, logística e
distribuição, e afirmou que não pretende fechar plantas, uma vez
que espera crescimento da Seara no Brasil.
Às 13h, as ações
da Marfrig operavam em alta de mais de 8 por cento, enquanto as
da JBS caíam mais de 6 por cento, e o Ibovespa operava
praticamente estável.
MARFRIG - A venda da Seara Brasil para a JBS vai ajudar a reduzir o
endividamento bancário da Marfrig Alimentos praticamente a zero, disse nesta
segunda-feira o presidente-executivo da Seara, Sérgio Rial.
"A operação é feita basicamente com assunção de dívida, praticamente
conseguiremos reduzir a zero o endividamento bancário", disse Rial, que está em
fase de transição para assumir a presidência da Marfrig.
As dívidas da Marfrig somavam, ao final de março, quase 13 bilhões de reais,
após 43 aquisições nos últimos anos.
"A operação
coloca a companhia no melhor perfil de dívida dos últimos anos."
O valor da
operação com a JBS é mais que o dobro da meta de redução do
endividamento da Marfrig para o ano.
Rial informou,
durante conferência de imprensa, que a operação com a JBS
permitirá que a companhia reduza em cerca de 60 por cento seu
endividamento total.
O executivo
disse que a Marfrig vai concentrar as operações no segmento de
bovinos, seu tradicional "core business", e que não vê
necessidade de uma nova venda de ativos para reduzir
endividamento.
A Marfrig teve
um faturamento de 28 bilhões de reais em 2012, e com a venda da
Seara Brasil reduzirá em cerca de um terço a receita anual.
A operação ainda
deve depende de avaliação do órgão antitruste (Cade), mas a
expectativa dos executivos é que a operação seja aprovada em um
prazo de até 60 dias, uma vez que a JBS tinha uma participação
relativamente pequena em aves e suínos no Brasil.
*Fonte: Jornal
Primeira Página / Reportagem adicional de Gustavo Bonato |