Não tinha como ser 
				diferente. A 4ª sessão extraordinária da Câmara Municipal, que 
				teve início às 19h da sexta-feira (01) e término apenas às 17h 
				do domingo (3), realmente foi um momento bastante tenso e 
				traumático vivido na Casa da Democracia.
				O motivo? A 
				apreciação do projeto de lei nº 30/2013 de autoria do vereador 
				Edevaldo Guilherme que proíbe a grande maioria de material de 
				propaganda (com exceção de santinhos, impressos e carros de som) 
				durante a campanha para a eleição suplementar, que acontece no 
				município no próximo dia 01 de dezembro. O projeto ainda recebeu 
				a emenda do vereador Dr. Rubens Algarte de Rezende, proibindo 
				também as carreatas.
				Após muita polêmica, discussão, bate boca, manifestação de 
				populares e a presença da Polícia Militar, o projeto acabou 
				sendo aprovado com os votos contrários apenas dos vereadores 
				Vick Francisco e Sebastião José Ricci. Os vereadores Guto 
				Cavalcante, Pastor Adilson e Henrique do Nascimento, como partes 
				interessadas, não votaram. A Presidente da Casa, Ana Paula 
				Peripato Guerra, somente votaria caso houvesse empate, o que não 
				foi o caso, mas se manifestou, considerando o projeto 
				inconstitucional. Helton Venâncio esteve ausente. 
				Primeiro a se 
				manifestar na noite da segunda-feira (4), Ricci destacou que ao 
				aprovarem o referido projeto e, da maneira como as coisas 
				aconteceram, que “sepultaram” a Constituição Federal, a Lei 
				Orgânica e o Regimento Interno da Casa. “Cumprimento o colega 
				parlamentar, que com toda a sua experiência, conseguiu atrair 
				para si um grupo e teve o domínio da situação. O senhor dirigiu 
				a sessão, foi o presidente. Parabéns! Há mais de 20 anos não se 
				vota requerimentos nesta Casa, mas o meu foi votado! De toda 
				forma estou tomando as providências e vou levar ao Ministério 
				Público e tenho certeza que essa sessão não terá validade. Como 
				eu já disse, sepultaram a Constituição, a Lei Orgânica e o 
				Regimento, mas eles ressuscitarão”, disse o vereador. 
				Em seguida, se 
				pronunciou o vereador Vick Francisco. Na sua opinião, foi 
				vivenciado um final de semana de terror! “A Câmara de Descalvado 
				é a única a conseguir modificar a Constituição Federal e eu vou 
				contar para vocês como tudo aconteceu”.  O parlamentar relatou 
				desde como foi a sua convocação, dizendo que no seu 
				entendimento, quiseram deixá-lo de fora, porque sabiam que iria 
				se posicionar contra o projeto, bem como os trâmites de toda a 
				sessão, questionando alguns posicionamentos por parte da 
				Presidente da Casa, Ana Paula Peripato Guerra. “Quanto aos 
				requerimentos feitos por mim e pelo Ricci, a presidente tinha o 
				poder de decidir, mas colocou em votação em plenário, para que 
				os próprios interessados decidissem.Depois segurou o projeto de 
				lei, que eu precisei chamar a polícia para reavê-lo. Dali a 
				pouco o projeto apareceu.  Eu to dizendo tudo isso, para que a 
				população se atente: se isso acontece na Casa da Democracia, 
				imagina o que pode acontecer na Prefeitura?”, disse. 
				Ele seguiu com 
				seu pronunciamento, dizendo que se é igualdade que todos querem, 
				que então os vereadores que hoje são candidatos à eleição 
				complementar, que se afastem dos seus mandatos, oxigenando a 
				Câmara e dando oportunidade aos suplentes. “Porque entendo que 
				os senhores estão ganhando R$ 3.000,00, para fazer campanha 
				aqui. Se é para falar de igualdade, então se afastem, vão 
				trabalhar em suas campanhas e neste período não se fala de 
				política por aqui. Porque na minha opinião, estão gastando o 
				dinheiro público para fazer campanha aqui nesta Casa, o que no 
				mínimo é imoral”, bradou Vick Francisco. 
				A Presidente Ana 
				Paula falou logo depois, inicialmente explicando como acontecem 
				as convocações que segundo ela são por escrito, por e-mail e por 
				telefone. “Sabe qual é a complicação de convocar o senhor 
				Vereador Vick? É que o senhor trabalha em Ribeirão e fica 
				difícil entregar-lhe a convocação por escrito. Mas o senhor 
				esteve presente na Sessão Extraordinária, então para mim ficou 
				bem claro que convocado o senhor estava.Quanto ao parecer no 
				projeto que o senhor teria que ter dado, o projeto ficou em suas 
				mãos por três dias, o senhor teve até o domingo, às 15h e não 
				deu. Eu segui o Regimento Interno. Quero lhe agradecer também 
				por anunciar aqui nesta Tribuna que eu sou candidata, porque até 
				agora eu não fiz isso, mas o senhor acabou de fazer. Houve o 
				interesse de todos aqui representando os seus partidos 
				políticos, inclusive do senhor. Mas em nenhum momento eu 
				convoquei o meu partido para vir aqui  fazer pressão e não é 
				assim que iremos fazer. Desde a sexta-feira eu me pronunciei com 
				relação a esse projeto, dizendo que ele é inconstitucional, 
				então eu peço que me respeitem. E quanto ao requerimento da 
				Comissão de Meio Ambiente, a Procuradora Jurídica da Casa não 
				indicou a necessidade do seu parecer”, disse Paula. 
				Dr. Rubens 
				Algarte de Rezende também usou de seu tempo para falar a 
				respeito da sessão extraordinária e mais especificadamente do 
				seu projeto. O parlamentar disse que foi procurado por pessoas e 
				eleitores seus, interessados em saber o que de fato aconteceu, 
				já que toda a polêmica e repercussão, só denigrem a imagem da 
				Câmara. 
				“Eu, assim como 
				todos aqui nesta Casa, fui eleito por uma parcela da população, 
				a quem eu represento. E nesse sentido, os meus eleitores querem 
				e buscam um posicionamento meu. E sinceramente, não recebi 
				nenhuma crítica com relação ao projeto aprovado nesta Casa. Ao 
				contrário, esse é o desejo da população. E ainda me questionaram 
				se não tiraram também os carros de som? Então se for ver, tem 
				que fazer um outro projeto, tirando também os carros de som. A 
				maioria aqui aprovou o projeto e isso é a democracia. E ela 
				precisa ser respeitada. Assim como eu votei com o senhor no seu 
				projeto, para proibir a criação de cargos no governo interino, e 
				que também parecia ser inconstitucional. Votei com o senhor e 
				não me arrependo. Então é preciso que haja democracia e que ela 
				seja respeitada”, finalizou Dr. Rubens. 
				Guto Cavalcante, 
				por sua vez, também respondeu à fala do Vereador Vick, mas 
				iniciou o seu pronunciamento, dizendo que o perdão na política é 
				de uma beleza impar, que se perdoa muito mais na política, do 
				que na igreja. “O perdão é o esquecimento completo e absoluto 
				das ofensas, vem do coração, é sincero, generoso e não fere o 
				amor próprio do ofensor. O senhor Vereador Vick, passa o dia 
				todo em Ribeirão Preto e não sabe dos atendimentos diários que 
				são feitos aqui. Eu não me afastarei! Fui eleito para trabalhar 
				pela população e é isso que eu tenho feito desde o primeiro dia. 
				Eu estou aqui para trabalhar, para atender aos anseios da 
				população, fui eleito para isso. Mas é impressionante o perdão 
				na política, todos sabem do que estou falando”, frisou o jovem 
				vereador.  
				O vereador 
				Pastor Adilson também discordou do pronunciamento de seu colega, 
				Vick Francisco, dizendo que ao contrário do que havia afirmado 
				com relação à questão do meio ambiente (requerimento da Comissão 
				de Meio Ambiente que não foi apreciado pela Casa, na votação do 
				projeto), que ele já havia formalizado várias iniciativas e 
				mostrou em plenário, o laudo da Usina Santa Rita, a respeito do 
				acidente ocorrido no rio Mogi Guaçu, onde morreram milhares de 
				peixes.  
				“Eu estou 
				cansado de ver aqui interesses políticos em detrimento de 
				interesses da população. Eu não defendo bandeira partidária, eu 
				defendo os interesses da população”, disse Pastor Adilson, entre 
				outras argumentações. 
				Por fim, o 
				vereador autor do projeto, Edevaldo Guilherme também se 
				manifestou: “Agradeço aos Vereadores que aprovaram e deram o 
				voto de confiança ao projeto. O ‘jus esperniandi’ é um direito 
				de todos e essa é a beleza da democracia. O debate tem que 
				haver, até porque aqui se tem ideias diferentes. Mas o resultado 
				ele deve ser respeitado. Eu também parabenizo ao vereador Ricci 
				e ao vereador Vick, que também souberam representar os seus 
				interesses e o seu partido. Eu, por muitas vezes, ao apresentar 
				projetos, já fui muito criticado, já passei por poucas e boas e 
				fui derrotado. Mas, no exercício pleno da democracia, respeitei 
				o resultado”, destacou Edevaldo. 
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