guloseimas do que
aquelas acima do peso. Para as pesquisadoras envolvidas no
estudo, as conclusões podem ajudar a orientar tratamentos
nutricionais para crianças, jovens e adultos em geral, além de
fazerem um alerta: podemos comer sem estar com fome dependendo
do que estamos sentindo.
O estudo foi
conduzido pela nutricionista Ana Carolina de Aguiar Moreira,
autora do trabalho de mestrado, e sua orientadora, Rosa Wanda
Diez Garcia, com a ajuda de 43 voluntárias. Estas tinham uma
mesa repleta de alimentos, de suco de laranja sem açúcar a
brigadeiro, para desfrutar à vontade após assistirem, em
pequenos grupos e em dias distintos, a dois vídeos diferentes:
um focado em emoções negativas e outro neutro.
De acordo com as
pesquisadoras, quando expostas ao vídeo mais pessimista, com
situações reais como discussão entre cônjuges, problemas no
trânsito, dificuldade financeira e assédio sexual, as mulheres
não só comeram mais como também preferiram o brigadeiro à uva.
"Tínhamos como
hipótese que em uma sociedade onde temos muita disponibilidade
de guloseimas o tempo todo as situações de tensão da vida
cotidiana, preocupações, problemas podem fazer a pessoa comer.
Se ela descobre que quando come tem um alívio, nossa hipótese é
que essas emoções desse ambiente podem desencadear esse
mecanismo: você come para sentir um certo alívio”, afirma Rosa,
que é professora de Nutrição e Metabolismo na USP em Ribeirão.
O curioso é que
as evidências mostraram que as emoções negativas surtiram menor
influência sobre a quantidade de calorias ingeridas pelas
mulheres com sobrepeso em relação às que estão dentro de uma
faixa de peso normal. Ao final das sessões em que foi exibido o
lado mais trágico e pessimista da vida, as 20 voluntárias de bem
com a balança comeram 82% mais doces e tiveram um consumo
energético total 51% maior do que quando viram o filme mais
tranquilo – com cenas relacionadas a tarefas cotidianas como
dormir, acordar e caminhar.
A refeição do
outro grupo analisado, com 23 mulheres com sobrepeso, também
ficou mais calórica após o filme angustiante, mas em menor
proporção: elas consumiram 48% mais chocolate e tiveram um
consumo energético total 39% maior do que quando foram induzidas
a ficarem mais calmas. “As mulheres com peso normal consumiram
mais, talvez porque sejam menos preocupadas com o peso e porque
se sentiram mais livres para comer mais do que as mulheres com
excesso de peso. Outra explicação é o limite que as mulheres com
sobrepeso impõem, porque já consumiram mais que as outras em
geral”, diz.
Embora reconheça
que cada pessoa possa ter uma reação diferente em relação às
emoções, a docente acredita que o estudo possa orientar futuras
abordagens a quem procura perder peso e aderir a um programa de
reeducação alimentar. “Não podemos dizer que todo mundo recorra
ao mesmo mecanismo da mesma maneira, mas devemos considerar isso
em uma abordagem terapêutica. O grande ganho disso é tomarmos
consciência de como nós funcionamos com alimentação. Muitas
vezes comemos porque estamos com vontade, porque vimos uma
propaganda que tem alguma coisa gostosa, mas muitas vezes não
prestamos atenção se estamos ou não com fome”, conclui.
*Fonte:
G1/Ribeirão Preto
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