Para o consultor financeiro Rogério Olegário do Carmo, da
Libratta Finanças Pessoais, o “desespero” de ano novo é muito
comum entre os brasileiros. “Chega no final de ano, as pessoas
se perguntam: ‘como eu vou resolver o problema de gastos
extraordinários?’. Mas os gastos não são extraordinários, e sim
recorrentes”, aponta o especialista, explicando que as contas de
dezembro e janeiro já são esperadas.
Veja abaixo 20
dicas para se organizar com os gastos de ano novo
1. Separe ao
menos uma parte do 13º para as despesas
“Já dá para reservar uma parte desse 13º para esses gastos que
não são imprevistos. É uma forma de já se preparar para eles”,
diz o especialista Roberto Vertamatti, membro do conselho da
Associação Nacional dos Executivos de Finanças. Administração e
Contabilidade (Anefac). Para quem já gastou a primeira parcela
do benefício com presentes de Natal, Vertamatti aponta que a
segunda parte precisa ser poupada. “Pelo menos metade deveria
estar reservada para o começo do ano”, diz.
2.
Identifique o valor da renda que já está comprometido
Marcos Crivelaro afirma que as parcelas do 13º, especialmente se
vierem junto com bônus e férias, podem dar a impressão de que o
empregado recebeu uma “bolada” e estimular gastos. “Minha
primeira dica é fazer uma listagem de pelo menos três meses, de
dezembro a fevereiro, do que já está comprometido dentro desse
valor, como impostos, matrícula, uniforme escolar. Tem que
separar o que já está contratado e obrigado dentro desse
‘montão’ de dinheiro e que já não é mais do consumidor.”
3. Se
possível, pague dívidas à vista
Consumidores em busca de descontos têm no pagamento à vista um
bom aliado, lembra Janser Rojo. O IPVA, por exemplo, tem um
valor menor se o motorista escolher pagar o imposto de uma só
vez. Mas o especialista alerta que o desconto não compensa se o
pagamento integral comprometer o orçamento familiar. “Se isso
for apertar muito o orçamento, não tem problema nenhum em pagar
parcelado para conseguir organizar melhor o fluxo de caixa.”
4. Avalie se
compensa gastar as economias com pagamentos à vista
Roberto Vertamatti aponta que, em alguns casos, compensa tirar
dinheiro da poupança, por exemplo, para pagar uma dívida à
vista. “Se os juros do desconto forem maiores que o rendimento
da poupança ou renda fixa, é melhor tirar o dinheiro da
aplicação e pagar”, explica, acrescentando que o valor sacado
precisa ser reposto.
5. Se
precisar escolher alguma coisa para parcelar, eleja de acordo
com os juros e descontos
Se pagar todas as despesas de janeiro for desequilibrar o
orçamento, é necessário escolher quais dívidas serão parceladas.
Janser Rojo recomenda priorizar pagar à vista as despesas que
oferecerem descontos maiores, assim como aquelas em que os juros
do parcelamento sejam mais altos.
6. Combine
com as pessoas mais próximas e troque presentes de Natal em
janeiro
Um casal, por exemplo, pode combinar de trocar presentes apenas
em janeiro, quando as lojas entram em liquidação. “É uma maneira
inteligente de economizar mantendo a qualidade dos presentes.
Para outros familiares e pessoas não tão próximas, pode pensar e
economizar em presente também. Em vez de comprar um presente
para cada pessoa de uma família, se pode dar para uma mesma
família um presente só, para a casa”, diz Janser Rojo.
7. Substitua
algumas comemorações em restaurantes por jantares em casa
Roberto Vertamatti lembra que “alimentação em restaurantes e
bares de maneira geral subiu muito acima da inflação”. “Escolha
com muito critério e, se for o caso, em vez de fazer duas ou
três comemoração fora, faça uma. Talvez seja melhor substituir
por uma comemoração em casa, onde todos participem, com certeza
vai gastar muito menos, além de evitar a despesa do
estacionamento.”
8. Não é
preciso deixar de festejar no Natal, mas fique atento aos
excessos
Marcos Crivelaro recomenda escolher entre os presentes e as
festividades que são prioridade. “Com tantos ‘amigos secretos’,
lembrancinha aqui e ali, se for participar de todas dando
presente de bom valor, acaba com boa parte do seu orçamento
comprometido.” Janser Rojo diz que “o que vale é o equilíbrio”.
“Muitas vezes vale mais a pena uma ceia mais simples, com o
significado da família unida, sabendo que a família vai entrar
bem no começo do ano.”
9. Se
precisar comprar itens para a casa, fuja das lojas em dezembro e
espere o mês seguinte
“No Natal, muita gente já aprendeu que não vale a pena ir às
compras com tanta vontade porque depois tem as promoções de
janeiro”, diz Marcos Crivelaro. “Se você quer comprar itens
caros para a sua casa, como uma geladeira, não se deixe
influenciar pelas festividades.”
10. Se não
foi possível planejar a viagem de férias com antecedência, deixe
para julho ou meses de baixa temporada
Pacotes de Natal, por exemplo, costumam ser mais baratos que os
de Réveillon, diz Marcos Crivelaro. Outra recomendação é trocar
pacotes de alta temporada por outros meses, como outubro. Mas se
a família não tem alternativa e tem apenas os meses de férias
escolares para viajar, a dica é planejar com antecedência.
“Mesmo julho sendo alta temporada, você vai conseguir pesquisar
melhor preços de hotéis, passagens. Quanto mais de última hora,
menores são as opções. Só vão sobrar as opções mais caras,
porque as mais baratas já foram pegas por quem se planejou
antes”, diz Janser Rojo.
11. Não deixe
o parcelamento de uma viagem se acumular com as despesas de
janeiro
“Se as férias significarem que você vai fazer dívida, deixe para
o meio do ano. O parcelamento das férias pode ser um peso
adicional”, diz Roberto Vertamatti. Ele aponta que adiar a
viagem para as férias de meio de ano é uma alternativa para
casos em que o parcelamento do passeio irá atropelar as contas
de janeiro.
12. Durante
as férias, troque cartões por dinheiro vivo
Durante uma temporada na praia com a família, pagar quitutes na
areia e refeições em restaurantes apenas com cartão de débito e
crédito pode ser perigoso, diz Marcos Crivelaro. “Se você joga
tudo no cartão, não vê o dinheiro indo embora. Mas se pega um
‘bolo’ de dinheiro e vai tirando nota por nota, se manipula o
dinheiro físico, tem um controle maior – principalmente quando
se tem crianças.”
13. Não faça
todas as refeições fora de casa durante as férias
Especialmente para famílias com crianças em férias escolares,
tentar entretê-las com refeições fora de casa muitas vezes pode
gerar excesso de gastos. “Se for comer todo dia em restaurante,
sai extremamente caro. Fazer comida em casa sempre vai ficar
mais em conta”, diz Marcos Crivelaro.
14. Tente
antecipar alguns itens da lista de material escolar para
dezembro
Com o aumento da procura por esse tipo de produto em janeiro e
fevereiro, os preços tendem a aumentar, explica Roberto
Vertamatti. Em dezembro, os valores costumam ser mais baixos.
Embora muitas escolas só disponibilizem a lista de materiais em
janeiro, alguns itens são sempre esperados, como lápis e
cadernos. “Vale comprar em condições mais favoráveis os itens
que se sabe que todos os anos são comprados. Mas, se for deixar
para janeiro, veja em duas ou três lojas e faça a comparação.”
Por outro lado, Janser Rojo afirma que os itens mais previsíveis
podem ser pouco expressivos na conta final.
15. Procure
outros pais para aumentar o volume de compras de material
escolar e negociar desconto
“Às vezes, o conjunto pode conseguir um desconto maior pelo
todo, mesmo que um item seja maior em relação a outras lojas”,
diz Roberto Vertamatti. Para Janser Rojo, uma boa alternativa é
comprar em maior quantidade para tentar negociar um desconto –
valendo inclusive unir-se a outros pais para aumentar a compra.
16. Não entre
no crédito rotativo para pagar as despesas
A dica vale para todas as épocas do ano, lembra Roberto
Vertamatti. Pagar a fatura mínima do cartão de crédito ou entrar
no cheque especial pode trazer problemas para o consumidor.
“Cartão de crédito e cheque especial não é dinheiro no bolso, é
dívida. Use o crédito rotativo somente em uma emergência.”
17. Tente
evitar parcelamentos que se arrastem 2015 adentro
“Sempre que você tiver dinheiro e não estiver ‘justo’, ou seja,
se tiver alguma folga’, é melhor começar o ano pagando o que
deve. Se tem dívidas rolando de novembro, dezembro, zere o ano,
faça um acordo por essas contas que estão rolando”, diz Marcos
Crivelaro. O especialista aponta que essa é uma saída para
evitar cair na inadimplência. “O problema da inadimplência
muitas vezes é a sobreposição de muitas parcelas pequenas que,
de repente, somando tudo dá R$ 3 mil e a pessoa ganha pouco mais
de R$ 2 mil.”
18. Se vai
encerrar o ano na inadimplência, tente transformar todas as
dívidas em uma só
Para os consumidores que não conseguiram tirar seus nomes da
lista de devedores em 2014, Janser Rojo recomenda a tentativa de
renegociação. Se um cliente possui pendências com quatro
empresas diferentes, por exemplo, pode tentar quitar todas elas
a partir de um acordo bancário e ficar apenas com a dívida da
instituição financeira. “A principal dica é tentar transformar
todas as dívidas em uma só, em um acordo no banco do valor
total. Assim, se pode conseguir juros mais baixos do que se
teria com cartão de crédito ou cheque especial, por exemplo,
para ter uma dívida mais barata.”
19. Não é
cedo demais: comece a planejar as contas de ano novo de 2016
Para os consumidores que se endividaram demais no final deste
ano e preveem um rombo orçamentário muito grande no começo de
2015, Rogério Olegário do Carmo afirma que o principal a se
fazer no momento é levar a experiência como lição para o ano
seguinte. “A essa hora, já não tem mais o que fazer [pelas
contas de 2014. Mas aí eu aprendo a lição e no ano que vem
prometo fazer o planejamento para material escolar, impostos,
viagem de férias, revisão do carro, presentes de natal. São
gastos que já estão na nossa conta”, diz.
20. Com o
planejamento de gastos, verifique se não tem despesas a mais
“Em janeiro eu pago o material escolar e já planejo o do ano
seguinte, por exemplo. Todo mês eu guardo um pouquinho. Mas e se
eu começar a fazer isso e faltar dinheiro para as outras coisas?
Esse raciocínio diz que a pessoa está com gastos superiores à
sua possibilidade, mesmo que aparentemente ela feche o mês no
azul”, diz Rogério Olegário do Carmo.
*Fonte:
G1/Economia
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