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A pior seca dos últimos 40 anos no Rio Mogi Guaçu
já está prejudicando o período da Piracema, quando os peixes se reproduzem. O
nível da água no distrito Cachoeira de Emas, em Pirassununga, está três metros abaixo do normal, segundo o
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (Cepta). A
estimativa é que a recuperação do impacto aconteça em até oito anos.
Na Piracema, cerca
de 90 espécies viajam vários quilômetros em busca de águas
tranquilas para a desova. No local já está difícil encontrar
peixes. O pesquisador do Cepta Paulo Ceccarelli explica que eles
não chegam até as áreas de reprodução. “No nível que |
está o rio, os
peixes não migram em direção às lagoas marginais. Nesse período
do ano elas deveriam estar cheias, mas está tudo seco”, disse.
Por causa disso,
apenas 10% dos peixes conseguiram desovar. Além da falta de
chuva, as altas temperaturas podem causar um desequilíbrio
ambiental. “Acima de 30 graus a temperatura vai interferir no
sexo de larvas que poderiam estar nascendo. Ou nasce tudo macho,
ou nasce tudo fêmea, que também é um agravante”, afirmou
Ceccarelli.
O pesquisador
estima uma quebra na produção de mais de 30 toneladas de peixe.
Esse prejuízo vai ser percebido nos próximos anos. “Vai faltar
peixe. Para recuperar o impacto dessa seca não é com a primeira
desova. É pelo menos quatro a cinco desovas. Uma seca dessa pode
ter repercussão, no mínimo, até oito anos”, disse.
Quem depende da
pesca para sobreviver está preocupado. “Assusta. Do jeito que
está ele vai baixar mais ainda. Faz 48 anos que estou aqui, o
rio nunca chegou nesse porte”, afirmou o pescador Roberto
Trepador.
*Com
informações do G1/São Carlos
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