De acordo com dados do próprio governo, ontem a situação era
explosiva. O Brasil tem 21.317 megawatts de capacidade
instalada de termelétricas. Desse total, 5.094 megawatts estão
em manutenção e 15.242 megawatts estão em operação. Portanto, há
uma sobra de magros 981 megawatts, o que em termos de geração é
quase nada.
CALOR E FALTA DE ENERGIA
- O calor registrado nos últimos dias, principalmente nas
regiões sul e sudeste do país, é o responsável pelo aumento do
consumo de energia bem acima da média e pela pressão que o
consumo maior exerce em alguns pontos, onde a rede não tem
reservas para fornecimento de energia. A análise foi feita pela
coordenadoria do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo a
entidade, o problema ocorre em regiões onde há consumidores
abastecidos por ligações irregulares, conhecidas como gatos,
porque “a concessionária não tem como atuar na região”. A
consequência é que a qualidade do serviço é muito baixa e, em
momentos de grande consumo, ocorrem interrupções no fornecimento
de energia.
Mesmo com o recorde de consumo alcançado na tarde desta segunda-feira (3) e com a
tendência desta onda de calor ainda permanecer pelos próximos dias, os técnicos
do Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) avaliam que as temperaturas que vem se mantendo altas
nessa região, principalmente nas capitais do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil,
aliadas ao reinício da atividade produtiva
brasileira foram os principais motivos para o aumento na carga de energia
elétrica.
RESERVATÓRIOS
- Os reservatórios de hidrelétricas no Sudeste, os mais
importantes para o abastecimento de energia do país, já
apresentam queda no início de fevereiro em relação a
janeiro, enquanto a demanda de energia na região e no
sistema elétrico como um todo continua a bater recordes
consecutivos.
Os
reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste iniciaram a semana
a 39,58 por cento de armazenamento, uma queda de cerca
de 1 ponto percentual em relação ao registrado na última
quinta-feira (30 de janeiro). |
Represa da usina hidrelétrica de Marimbondo, na divisa entre
São Paulo e Minas
Gerais, apresenta reservatório
com nível abaixo do normal |
O ONS esperava
que até o final desta semana, 7 de fevereiro, os reservatórios
do Sudeste chegassem em 40,5 por cento. Para o fim do mês, em 28
de fevereiro, o valor esperado é de 41,5 por cento, conforme
Programa Mensal de Operação.
A depreciação
dos reservatórios é incomum para este período do ano, época em
que as reservas precisam ser abastecidas para sustentar o
abastecimento de energia durante o período seco. Em janeiro,
houve uma depreciação de cerca de 3 pontos percentuais dos
reservatórios dessa região ante dezembro.
Ao mesmo tempo,
na segunda-feira (3) a região Sudeste/Centro-Oeste bateu
novamente o recorde de demanda máxima instantânea de energia às
15h33, atingindo 50.854 megawatts (MW). No sistema nacional como
um todo, o recorde de demanda instantânea ocorreu às 15h32, a
84.331 MW. O recorde anterior da região Sudeste tinha ocorrido
na quinta-feira (30/01) e no sistema nacional na quarta-feira
(29/01).
O nível dos
reservatórios no Sul do país também caiu em relação ao
registrado na semana passada, de 58,58 por cento para 55 por
cento. A expectativa do ONS é que essas reservas fechem a semana
em 57,4 por cento e o mês em 50,9 por cento, segundo o ONS.
Já no Nordeste
houve elevação de 42,53 por cento para 42,82 por cento, assim
como no Norte, onde as reservas passaram de 59,99 por cento para
64,10 por cento.
O nível esperado
para as represas do Nordeste ao fim da semana é de 43,3 por
cento, e de 44,8 por cento para o fim do mês. Para o Norte, a
perspectiva é de nível de armazenamento de 65,9 por cento no fim
da semana e 82,1 por cento ao fim do mês.
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