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Com o fechamento
da Rigor de Descalvado, um dos
maiores abatedouros do estado de São Paulo, pelo menos 100 criadores integrados
de frango enfrentam dificuldades e não sabem quando vão receber o pagamento
pelas aves que criaram para a empresa, segundo o sindicato da categoria. O
diretor da empresa responsável pela área não foi encontrado para falar sobre o
assunto. Em Araraquara, a
granja do produtor rural Osmar Torres ficou vazia, sobrando
apenas os bebedouros e os recipientes pra ração. O galpão
abrigava mais de 15 mil frangos. Ele disse que os técnicos da
Rigor levaram as aves para o abatedouro antes da hora. “Eles
alegaram que parece |
que ia cortar a
energia do abatedouro e ia parar na terça
e tinha que abater esses frangos. Até foi surpresa para gente,
porque já está com 27 dias e era para tirar de 42 a 45 dias.
Eram muito novos, com 1,1 quilo cada um, em média. Costumava
sair com 2,7 quilos”, explicou.
A única alternativa
foi trocar a granja pela horta de legumes e verduras. “É uma
coisa certa, a cada 45 dias tem a verdura pronta para entregar e
está dando um retorno muito bom”, disse.
Há quatro anos
Torres trabalhava como criador integrado, recebendo do
abatedouro os pintinhos e os insumos para fazer a engorda. Ele
entrava com a mão de obra e o espaço pra criação, mas agora
ficou sem nada. “Não recebi nada. Gastei na palha, energia e mão
de obra, cortinas ficaram em R$ 9 mil e eu nem usei”, disse.
Em outro sítio
da cidade, o produtor Antônio Izaias criava mais de 30 mil aves
em dois barracões, mas foi obrigado a devolver a produção, sem
receber o pagamento. Ele reclama dos prejuízos. “Eles vinham
pagando R$ 0,36 o frango, então ia dar uma média de R$ 10,5 mil.
Não recebi nada”.
CRISE E FECHAMENTO - Os 100 criadores integrados de frango suspenderam as
atividades depois que a Rigor entrou em crise e fechou. A empresa chegou a
produzir quase 6 mil toneladas de frango congelado por mês. Desde o ano passado
a empresa enfrentava problemas e passou por recuperação judicial. Em maio, o
abatedouro, com sede em Descalvado,
fechou as portas e demitiu quase 600 funcionários. A empresa alegou a forte
concorrência e a crise no mercado de aves para encerrar as atividades.
Com isso, os
criadores de frango também ficaram sem o pagamento. “A grande
maioria tinha outras atividades, mas a atividade avícola para
muitos produtores era a principal. É triste porque a gente vê
famílias que dependiam só disso”, afirmou o presidente do
sindicato rural de Descalvado, Luiz Antônio Fioroni.
Os advogados dos
fornecedores conseguiu uma liminar para recolher cerca de 74
toneladas de frango abatido. O alimento será vendido para tentar
garantir o crédito dos fornecedores.
*Fonte: G1/São Carlos
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