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A onda de violência
que São Carlos enfrenta nos últimos meses, mesmo com a ação da
Polícia Militar, aterroriza a população. Na última semana, um
bandido, após ter assaltado a vítima, ligou para a residência
dela fazendo piadas sobre o ocorrido. A sensação de impunidade
e de insegurança é grande.
Os números oficiais
da Secretaria de Segurança Pública, mostram que a violência
aumentou na cidade nos últimos tempos. As autoridades afirmam
que se trata de casos isolados e não coordenados. Especialistas
concordam, mas defendem uma ação mais rígida do Estado para
conter a onda de crimes. |
Os números indicam que a violência tem avançado. “Esta
insegurança não é algo apenas de São Carlos, mas de todo o
Estado de São Paulo. O governo faz um sucateamento das polícias
e deixou de lado as investigações e os trabalhos de inteligência
para combater o crime organizado que, na minha ótica, está mais
organizado do que o do Estado, já que cresce a cada dia e já tem
ramificações fora do país”, afirmou o especialista em segurança,
João Donizete Scozafave.
Além da população,
que sofre com os constantes roubos e furtos, os policiais
militares passaram a ser alvos dos criminosos. Na semana
passada, dois bandidos tentaram matar um policial militar em
Ibaté. Há um estado de alerta geral junto à corporação, mesmo
com a negativa do comando. Policiais Militares estão
preocupados. “Não houve investimento em tecnologia, no policial
e em material. A polícia está trabalhando com precariedade, vive
um momento falimentar. E o crime organizado sabe disso e
aproveita da inoperância do Estado, que coloca a sociedade e os
policias à mercê dos bandidos. Quero enfatizar que os policiais
são corajosos e mesmo em condições precárias estão nas ruas
defendendo e cumprindo o seu papel. Quem não cumpre é o Estado”,
afirmou Scozafave.
Os dados oficiais
mostram que, só em janeiro, foram cometidos em São Carlos 94
roubos de diversos tipos. Os furtos a carros, somados, chegam a
362 casos.
“Este é o reflexo
da falta de estrutura das polícias. O número vai aumentar, é uma
triste realidade. Em 1990, São Carlos tinha cinco distritos
polícias: Dise, DIG, DDM. Hoje há, de fato, três distritos e
poucos são os crimes solucionados. Não porque o policial civil
não quer, mas porque o Estado não permite, não dá possibilidade
para isso. Os distritos hoje são cartoriais. Novamente afirmo:
não há investimentos e por causa disso assistimos ao aumento da
criminalidade”, disse Scozafave.
Para o
especialista, ninguém assume a responsabilidade da Segurança
Pública. O Estado abriu mão e os policiais estão desmotivados.
“As autoridades não assumem o papel de pensar a segurança
pública e de agir para que os problemas sejam resolvidos. Não há
mais comprometimento com a instituição ‘polícia’. Não há
comprometimento com a Segurança Pública”, finalizou João
Donizete.
*Com informações
de Jornal Primeira Página / Foto: Deco Ferreira
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