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Com a média de três roubos por semana registrados na zona rural de Pirassununga,
não é incomum encontrar histórias como a da produtora rural Maria Lúcia Conti,
que foi abordada por dois criminosos no início de maio. “Ele falou ‘se vocês
abrirem a boca, eu vou cortar dedo por dedo, se vocês mentirem alguma coisa,
corto dedo por dedo’”, afirmou.
Ações como essa têm
assustado os moradores da região, que viram a tranquilidade dar
lugar ao medo. De acordo com o Sindicato Rural, foram
registrados pelo menos 10 assaltos na área rural em um mês. Uma
reunião nesta quarta-feira (27) entre a Polícia Militar,
sindicatos e moradores discutiu soluções para evitar os roubos. |
A insegurança tem levado muita gente a abandonar os sítios. Após
37 anos, Maria e o marido, Pedro, resolveram trancar tudo e se
mudar para a cidade. “Não tem mais condição. Agora não fico mais
de jeito nenhum [na zona rural]”, comentou a mulher.
Maria trabalhava na
horta do sítio quando foi abordada por dois homens encapuzados.
“Roubaram celular, dinheiro que estava na minha bolsa, R$ 700,
faca, canivete do meu marido”, contou. O marido também ficou sob
a mira dos suspeitos por cerca de meia hora. “Ele falou ‘fica
quietinho aí que não vai acontecer nada’, mas com o revólver na
minha barriga”, afirmou.
A mudança de
hábito desse tipo de crime também chama a atenção, já que os
suspeitos, que agiam durante a madrugada, passaram a cometer
delitos em qualquer horário e medidas de segurança como alarmes,
câmeras, cercas elétricas ou mais cadeados nas porteiras não
estão resolvendo.
Um produtor
rural que não quis se identificar também afirmou ter sido vítima
da violência. Ele foi assaltado por dois homens enquanto
trabalhava em seu sítio. O homem e um funcionário foram mantidos
reféns e amarrados por 20 minutos. “Levaram um trator e as
ferramentas todas que tinha no trator. Ficamos amarrados, mas a
gente conseguiu se livrar dentro do possível e aí conseguimos
correr para onde tinha um telefone, ligamos o mais rápido
possível para que dentro dessa agilidade a polícia pudesse
recapturar. Mais uma vez nada”, contou.
DESCALVADENSES TAMBÉM FORAM VÍTIMAS
- A ação criminosa também já foi sentida na pele pelos moradores
de áreas rurais de Descalvado. Nos últimos 30 dias, pelo menos
seis pessoas ficaram reféns dos bandidos
durante assaltos à chácaras e propriedades rurais.
De acordo com a
Polícia Militar de Descalvado, a grande extensão territorial do
município dificulta a presença da PM em todos os locais. Ainda
segundo a PM, mesmo registrando uma incidência maior deste tipo
de crime no mês de maio, o Batalhão local tem conseguido manter
os índices criminais no município abaixo da média da região.
"Estamos trabalhando como sempre fizemos em Descalvado,
protegendo o cidadão e o seu patrimônio com todos os recursos
disponíveis. Infelizmente, pelo tamanho territorial da cidade e
a sua grande quantidade de acessos - tanto por terra quanto por
rodovias ou vicinais -, não há como a Polícia Militar estar
presente a todo momento em todos os locais, mas a população pode
ter certeza de que os nossos homens estão empenhados no combate
a criminalidade, que em sua grande maioria, estão sendo
cometidos por marginais vindos de cidades vizinhas", disse o
Capitão da PM Luis Sérgio Mussolini Filho.
REGIÃO
- Outras cidades da região também sofrem com assaltos na zona
rural. No dia 13, bandidos fizeram um arrastão em seis casas em
Santa Cruz da Conceição e renderam crianças e adultos.
Em Aguaí,
câmeras de segurança flagraram a ação dos criminosos em março.
No vídeo, é possível ver dois homens chegando em uma picape. O
motorista bate palmas para ver se há alguém na chácara. Depois,
chama o outro, que está de chapéu e sobe até a esquina para
vigiar. Eles arrombam o portão com um alicate. O segundo
suspeito também entra e sai com pneus e equipamentos. Eles vão
embora, mas voltam e ainda pegam uma máquina de lavar.
*Com
informações do G1/São Carlos - Foto: Marlon Tavoni
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