Após a consulta, a
filha levou o pai para casa, mas ele passou mal novamente. "Ele
levantou da cama para andar e não sentia as pernas, acabou
quebrando o tornozelo. Voltamos ao hospital e cuidaram apenas
das fraturas", disse.
Dias depois, todo o
corpo do idoso ficou paralisado. "Ele só mexia o pescoço e a
cabeça. Ele acabou sendo encaminhado para um neurologista e
foram dados dois possíveis diagnósticos: hérnia de disco ou
tumor na médula", afirmou Lisangela.
No dia 27 de
janeiro, ele foi encaminhado para realizar uma ressonância em
São Carlos, mas passou mal antes do exame e foi internado com
febre e pneumonia. Dois dias depois ele foi liberado, mas em 1º
de janeiro teve de retornar por conta de problemas de pressão,
diabetes e neurológicos.
"Eu insisti com o
hospital para fazer o exame de Guillain-Barré, já que o assunto
está em alta, e então foi dado o diagnóstico", disse a filha.
Preocupação com zika
- Lisandra contou que o pai passou por oito médicos diferentes e
o medo da família é que o caso tenha envolvimento com o vírus da
zika. "O local em que ele mora é muito carente, tem esgoto e
mato alto".
Ela também afirmou
que o exame para constatar se o caso tem ligação com o vírus não
foi feito. "O hospital não está realizando o exame e também não
orientou se eu devo pagar ou quais providências eu devo tomar".
"Ele ainda está
urinando com sonda, está passando por lavagem, não dorme nenhuma
noite, está agitado, não estou vendo melhora no quadro. Cheguei
a estar junto com ele durante uma insuficiência respiratória,
achei que ele ia morrer na minha frente", desabafou.
Exames e estado de saúde
- Segundo o diretor do Departamento de Saúde, Geraldo Alencar
Ribeiro, o paciente está internado desde o dia 8 de fevereiro,
quando apresentava dores abdominais. Ele passou por ultrassom de
carótida, tomografia de crânio e exames neurológicos. O exame
para confirmar zika não foi solicitado, pois, segundo Ribeiro,
Ramos Neto não apresentava os sintomas do vírus.
Ainda segundo
Ribeiro, o paciente já não está mais usando sonda e se alimenta
normalmente. Ele tem recuperação positiva, mas ainda não há
previsão de alta.
Síndrome de Guillain-Barré
- Os médicos explicam que a síndrome de Guillain-Barré pode
acontecer depois que o paciente sofre uma infecção como o vírus
da zika, dengue e chikungunya e também citomegalovírus ou HIV. O
organismo produz anticorpos para combater a infecção, mas esses
anticorpos passam a atacar as bainhas de mielinas, membranas que
protegem as células nervosas. Com as mielinas atingidas, o
paciente começa a perder o controle de funções como a locomoção.
A síndrome afeta o
sistema nervoso e pode provocar fraqueza muscular e paralisia,
geralmente temporária, dos braços e das pernas. Os músculos da
face também podem ser afetados e, em casos mais graves, a
respiração, o que faz com que o paciente precise ser tratado em
unidades de terapia intensiva.
*Fonte: G1/São
Carlos
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