de dar prioridade a ações que
preservem os diretos das mulheres. O estudo considera dados levantados em 70
países e revela que, apesar de diversas campanhas pelo mundo, a violência ou a
ameaça dela ainda é uma realidade diária para milhões de mulheres.
“A intenção do
relatório é fazer um levantamento sobre as diversas formas de
violência que a mulher sofre no mundo. Na África, por exemplo,
temos países que até hoje têm práticas de mutilação genital.
Aqui, na América Latina, o Brasil é o quinto país em violência
contra as mulheres. Segundo dados do Instituto Avon, três em
cada cinco mulheres já sofreram violência nos relacionamentos em
nosso país”, informa a assistente do programa de direitos das
mulheres da Action Aid Brasil, Jéssica Barbosa.
O relatório
considera as diferenças regionais entre os países e, além disso,
observa o universo de denúncias subnotificadas, de mulheres que
sofrem assédio, estupro ou outros tipos de violência e têm
vergonha de denunciar.
“A forma de
contar é sempre muito difícil, existe uma cultura de silenciar a
violência contra a mulher. É a cultura da naturalização, onde há
um investimento social para naturalizar a violência contra a
mulher com o que se ouve na música, nas novelas, na rua. Tudo
isso é muito banalizado e a mulher se questiona: 'será que o que
aconteceu comigo foi uma violência? Será que se eu denunciar vão
acreditar em mim?”, diz Jéssica Barbosa.
No Brasil, a
organização promove a campanha Cidade Segura para as Mulheres,
que busca o compromisso do Poder Público com uma cidade justa e
igualitária para todos os gêneros.
“Muitas mulheres
não conseguem exercer seu direito de ir e vir. A cidade não foi
pensada para as mulheres, os becos são muito estreitos e escuros
no Brasil. É necessário que haja o empoderamento das mulheres
para superar a situação de violência. Por mais que o Estado
tenha a obrigação de garantir instrumentos, é preciso que a
gente invista na autonomia dessas mulheres”, acrescenta Jéssica.
51% dizem que TV incentiva desrespeito e assédio à mulher,
APONTA pesquisa
- Cerca de 51% dos brasileiros dizem que filmes e
programas televisivos incentivam o desrespeito e o
assédio a mulheres em ambientes de trabalho. Quase
metade deles acredita que os programas de entretenimento
têm impacto negativo nas práticas de assédio a mulheres
nos locais de trabalho. Cerca de 73% acreditam que as
mulheres são mostradas de maneira exageradamente
sexualizadas no cinema e na TV, “reduzidas a seios e
bundas”, com poucas roupas e pouco inteligentes.
Os dados
fazem parte da pesquisa Investigação sobre |
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o impacto
da representação de gênero no cinema e na televisão
brasileira, divulgada hoje (7) pelo Instituto Geena
Davis, que há mais de dez anos se dedica a estudar e
ampliar a presença da mulher no audiovisual no mundo. |
A apresentação
do trabalho foi feita na sede do Sistema Firjan, no centro do
Rio de Janeiro, e contou com um painel de discussão sobre gênero
na mídia e maior participação da mulher na cadeia produtiva do
setor audiovisual. Concluído no ano passado, o estudo ouviu
cerca de 2 mil pessoas, e foi dividido em dois momentos. Na
primeira etapa, foram feitos grupos para elaboração das
perguntas e, depois, uma pesquisa quantitativa por todo o
Brasil.
O estudo aponta,
também, que aproximadamente 65% das mulheres brasileiras têm
dificuldade de se identificar com os personagens femininos
retratados no cinema e na televisão. Quase 70% dos entrevistados
acham que as mudanças positivas no país para a igualdade de
gênero, como conquistas profissionais e mais autonomia
financeira, são pouco retratadas no cinema e na TV.
Um dos
coordenadores da pesquisa, João Feres, do Instituto de Estudos
Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(Uerj), explicou que a população está mais alerta para os
estereótipos dos papéis femininos e masculinos que ainda
persistem na mídia brasileira.
“Os
entrevistados da pesquisa qualitativa veem os personagens
femininos ainda muito presos aos papéis tradicionais de dona de
casa, doméstica. As mulheres nunca estão no poder, são sempre os
homens”, disse. “Os homens também consideram os papéis
masculinos estereotipados, de machão”, afirmou, ao destacar que
a glorificação da hipermasculinidade foi uma das críticas feitas
pelos entrevistados.
Segundo o
estudo, quase dois terços (63%) dos brasileiros demonstram
preocupação com os padrões de beleza mostrados no cinema e na
televisão, que, segundo eles, são irreais. Por outro lado, mais
de 60% da população acham que a exposição da violência doméstica
no cinema e na TV pode ajudar a reduzir essa prática nos lares
brasileiros, mas que é importante mostrar o fim da impunidade em
relação aos crimes de violência.
*Com
informações da Agência Brasil
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