27/02/2013 (10h14)

O FIM DA “ERA BARÇA”

Time cansou de vencer e já não é mais tudo isso

André Alfieri

Messi: de possível melhor de todos os tempos para contestável melhor da atualidade

Tudo tem um fim. Acabou. A “era Barça” teve seu ponto final. Quem escreveu esse último capítulo foi o maior ídolo do maior rival do Barcelona: Cristiano Ronaldo. O craque português, que também alimenta uma grande rivalidade com o craque do time do Barcelona, Lionel Messi, foi o homem do jogo na partida de ontem pela semi-final da Copa do Rei, em pleno Camp Nou, a casa do Barcelona. Um time que se acostumou a vencer, ganhou todos os títulos, agora parece estar cansado, e vê seu maior rival crescer.

No fim de novembro de 2010, os dois times se enfrentavam pela Liga Espanhola no mesmo campo. Foi um show, um espetáculo. O Barcelona venceu por 5x0. Um time esmagador. Meio ano depois o Santos de Neymar e Ganso conquistava a Copa Libertadores, e teria a chance de disputar a final do Mundial contra o Barcelona. No calor da comemoração, o lateral Léo disse aos jornalistas: “Vamos lá no Japão ver se o Barcelona é tudo isso mesmo”. Viram. Aliás, a única coisa que o Santos fez nesse jogo foi assistir o Barcelona jogar. “Foi uma aula de como jogar futebol” – disse Neymar no fim da partida. Foi o auge do Barcelona. O time que encantava todos os brasileiros, jogadores e técnicos do país do futebol.

Mas como qualquer esportista ou equipe que alcança o topo, o próximo caminho é ladeira abaixo. Após os 5x0 em novembro de 2010, o Barcelona recebeu o Real Madrid em seu campo mais 8 vezes. Venceu apenas 2, com placares apertados. Empatou 3 e perdeu 3. Depois do título mundial contra o Santos, se passaram 13 meses. Nesse período o Barcelona conquistou apenas 1 taça: A Copa do Rei da Espanha em 2012. E no mesmo período anterior a conquista do Mundial, o Barcelona havia conquistado 5 títulos. São outros tempos.

Cristiano Ronaldo: 8 gols nos últimos 6 confrontos contra o Barcelona

A cada clássico que passa, o português Cristiano Ronaldo prova que merecia ser o melhor do mundo, e que o prêmio dado ao Messi não representa a realidade dentro de campo. O Real Madrid, mesmo passando por crises internas, sobrou em campo contra o Barcelona. Além do clube espanhol, outros times buscam roubar o posto de melhor time do mundo da atualidade. A Juventus, o Manchester United e principalmente o Bayern de Munique, do técnico Josep Guardiola, estão em alta e ameaçam o cada vez mais em crise Barcelona. Muitos torcedores e jornalistas já atribuem a queda do time espanhol à saída do técnico Guardiola. O seu sucessor, Tito Vilanova não conseguiu dar prosseguimento ao sistema de jogo, com muito toque de bola, paciência e precisão. Foi esse o Barcelona que encantou o mundo. Hoje, o time não consegue mais ficar com a posse de bola, e quando consegue, não cria oportunidades de gol.

O time já acumula diversos fracassos recentes. Contra o Chelsea, pela semi-final da Liga dos Campeões da Europa em 2012, o Barcelona não conseguiu sequer vencer o time inglês. Contra o Celtic, pela Liga dos Campeões da Europa 2013, o time teve 89% de posse de bola, contra 11% dos escoceses. O Barcelona também trocou 955 passes, contra 166 do adversário. Mas o placar marcou 2 a 1 para o Celtic. Domínio de bola que não resulta em gol. E mais recentemente, também pela competição européia, o Barcelona perdeu na Itália para o Milan, pela partida de ida das oitavas de final, por 2 a 0. Descobriram como ganhar do Barcelona.

Hoje o lateral santista Léo teria razão. O Barcelona já não é mais tudo isso mesmo. Mas futuramente o time pode sim ressurgir. Recentemente, o Barcelona já montou três Dream Teams, o time dos sonhos, apenas nos últimos 20 anos. Primeiro com o esquadrão de Cruyff em 1994, com craques como Romário e Stoichkov. Depois, com o brasileiro Ronaldinho Gaucho em 2005/06, aonde o time também conquistou tudo o que viu pela frente. E mais recentemente com Messi, Xavi, Iniesta e Cia, levando todos os troféus de 2008 a 2011. Agora é esperar o próximo, enquanto vemos o atual poderoso Barcelona já nem tão poderoso assim, se desmoronando aos pés dos seus rivais, muito por culpa de um português.